42. Eu sei o que fazer

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Eram sete e meia da manhã quando Jisung acordou com o barulho da chuva forte contra a janela. Pelo visto, o aguaceiro tinha durado a madrugada inteira e persistia ainda pela manhã. Tinha ouvido alguns trovões também, o que mostrava que em algum momento da madrugada acontecera uma tempestade. Se tivesse ficado do lado de fora, provavelmente teria passado por um perrengue, com certeza.

Remexeu-se um pouco embaixo do cobertor, abraçado pela sensação macia da peça macia. Ali estava quente e confortável e se estivesse na própria casa provavelmente esticaria o sono por mais meia hora. Encolheu-se um tanto mais, abrindo os olhos com dificuldade quando notou um movimento sutil ao seu lado. Precisou de alguns segundos para lembrar-se do dia anterior e, finalmente, concluir que estava na casa de Minho. O rosto afundou-se no travesseiro macio e as pálpebras fizeram força para manterem-se abertas quando jurou ter visto a porta do quarto se fechando.

Com um esforço descomunal típico de quem tinha dormido pesadamente, deu um impulso para o lado, esticando o braço no espaço vazio. Os dedos subiram para o travesseiro e notaram que ele estava amassado, enquanto o lençol parecia quente e recém-usado. A constatação fez com que o corpo despertasse um tanto mais e o mais novo sentou-se na cama, esfregando os olhos para depois olhar ao seu redor.

Podia estar delirando ou ainda bêbado de sono, mas o primeiro pensamento que veio em sua cabeça fora de que em algum momento da madrugada, Lee Know tinha terminado ao seu lado na cama. E se fosse um pouco mais otimista, diria que ele não só tinha dormido ali, como o abraçara durante a noite, porque havia uma lembrança latente, mas não esquecida, de quando o corpo de repente sentira um calor repentino e reconfortante.

Levantou-se e demorou cinco minutos para ir ao banheiro, lavar o rosto e ajeitar a cama brevemente. Quando alcançou a cozinha, encontrou o mais velho de costas e sentiu o cheiro de café. Contudo, logo viu que ele estava sendo passado na cafeteira e que tinha sido colocado havia pouco tempo, porque a luz vermelha discreta ainda estava pagada.

— Hey... — Han falou rouco, sentando-se no banquinho mais próximo.

— Bom dia — Lee respondeu ainda de costas, dando uma olhada rápida por cima do ombro. — O café está quase pronto.

— Acho que vou precisar, mesmo — deu um riso pequenino. Apesar do sono profundo, os olhos estavam meio inchados e a sensação era parecida com uma ressaca caprichada.

Jisung ficou olhando para o outro em silêncio, sem saber muito bem o que dizer ou se deveria tentar puxar algum assunto. Aquilo era estranho e desconfortável, porque em todos os anos de convivência os dois jamais tinham ficado sem ter o que conversar, mesmo nos momentos mais tensos. Além disso, era de manhã, mas não estava sentindo o cheirinho de nada no forno, de um bom café coado e nem do que quer que indicasse que Lee havia se aventurado na cozinha.

— Tá com fome? Eu preciso ir no mercado, estou sem torradas e pão, mas posso fazer um ovo mexido se você quiser.

— Ah, não precisa! Eu não es... — começou, porém foi interrompido pela própria barriga traidora, que roncou alto e fez com que os olhos se arregalassem em um momento de puro constrangimento.

Minho virou-se e mirou-o de onde estava, ainda sério, mas impressionado pelo ronco de urso que até mesmo Innie, que ainda estava no quarto, devia ter escutado. O cantinho dos lábios ergue-se em um meio sorriso sutil.

— Eu vou entender como um sim — Minho foi até o armário para encontrar uma frigideira.

Han olhou para si mesmo como se pudesse travar um diálogo com o próprio corpo, repreendendo-o. Que vergonha! Não queria dar trabalho, podia comer uma rosquinha murcha na conveniência e arrematar com aquele café amanhecido horroroso, não tinha problema. Já havia ocupado o quarto e a cama de Minho a noite inteira, não queria parecer folgado demais a ponto de filar o café da manhã também.

Be my Chef! | MinSungOnde histórias criam vida. Descubra agora