5. Não sou pra você

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Já passava das três e meia da manhã e Lee Know estava sentado no sofá da casa de Jisung com a garrafa de cerveja vazia entre os dedos. Tinha a chave do apartamento do amigo e a liberdade de entrar ali quando quisesse, por isso não teve qualquer problema em esperar pelo outro do lado de dentro e ainda surrupiar uma cerveja na geladeira.

A questão era que sempre eram liberados pouco depois da meia noite e já estavam no meio da madrugada. Tinha mandado mensagem, mas Han não havia respondido. As luzes estavam apagadas enquanto Lee mirava as a cidade pela janela, uma bela vista que Jisung tinha feito questão mesmo que isso significasse alugar um lugar pequeno para viver. Não conseguiria bancar vista e um apartamento amplo ao mesmo tempo e, bem, a vida era feita de prioridades. 

Minho poderia ter simplesmente deitado e dormido ali, no entanto não tinha sono. O cansaço físico e mental era nítido, mas os olhos não pareciam estar dispostos a se fecharem antes que o outro passasse pela porta. Assim que finalmente escutou um barulho, virou o rosto e viu a claridade do corredor entrar junto com a silhueta conhecida.

Jisung passou a chave no trinco logo depois e tirou os coturnos gastos, pendurando o casaco no cabide.

— Não assusta — Lee avisou calmamente, tentando evitar o choque.

Mesmo assim, Han encolheu-se em um reflexo, tombando a cabeça para baixo logo depois. "Não assusta", disse uma sombra desconhecida no meio de sua sala, em plena madrugada. Bem eficiente.

— Porra, Min! Quase me borrei! — gemeu, mirando-o sem muita nitidez de onde estava. — O que cê tá fazendo aqui? — perguntou confuso.

— Desculpa. Mandei mensagem pra avisar que vinha, mas você não viu.

— Ah, eu... fiquei sem bateria — foi até a geladeira para encontrar uma garrafa de água. — Aconteceu alguma coisa?

Minho deu uma olhada na garrafa vazia e moveu os ombros.

— Peguei a Hyunah com outro cara lá em casa. Tudo bem se eu ficar uns dias aqui? — Enquanto algumas pessoas descreveriam precisamente cada detalhe daquele absurdo, Lee era econômico com as palavras, direto ao ponto. Mulher, traição, sair de casa e era isso aí.

— Quê?! — exclamou estarrecido, agarrando a garrafa de água para caminhar até o outro e jogar-se ao seu lado no sofá. — Como assim?! Ela tava te traindo? Caralho... — os dedos entraram nos fios escuros na altura da testa. — Claro que pode ficar. O tanto que você precisar, fica tranquilo

— Valeu. Ela estava de lingerie transparente no meio do quarto quando cheguei e disse que estava só descansando, dez horas da noite. Obviamente, não foi uma desculpa muito inteligente. — Foi obrigado a dar um meio riso diante da tentativa ridícula. Ela mal usava aquilo quando transavam e, de repente, tinha resolvido colocar para um soninho de beleza? Além disso, quem tirava uma soneca às dez horas da noite?

— Nossa, sinto muito — Han contraiu os lábios, arrastando o pulso por um dos olhos. Sempre tinha achado Hyunah tão certinha, era meio difícil imaginar ela fazendo aquele tipo de coisa.

— Tudo bem. Não é como se eu não tivesse feito algo parecido com ela. — Pra que ser hipócrita, afinal?

— Como assim? — ergueu as sobrancelhas.

— Ah, Sungie. Vamos lá, né. 

— A gente só deu uns beijos, nem foi nada de mais. Nem dá pra chamar de traição.

Lee Know mirou o amigo. "Nada de mais", era o que ele dizia.

Quando Jisung tentou abrir a garrafa de água com alguma dificuldade, Minho acabou mirando a mão frouxa e puxou o vidro dali, rompendo o lacre para depois devolver para o mais novo.

Be my Chef! | MinSungOnde histórias criam vida. Descubra agora