14. Neném Felix

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A cozinha sempre abria mais cedo para que pudessem preparar com antecedência algumas coisas que exigissem mais tempo de cozimento ou de geladeira, por isso entravam por volta das cinco, mesmo que o restaurante só abrisse às oito.

Felix estava repassando mentalmente o que precisava fazer antes de tudo enquanto caminhava para a sala de utensílios, onde ficavam guardadas as mais diversas formas, panelas e itens que não eram usados assim com tanta frequência.

Os dedos eram levantados um a um enquanto olhava para cima e falava baixinho, organizando a lista mental de prioridades. Pretendia ser rápido, no entanto, quando alcançou a porta acabou parando bem ali, contraindo as sobrancelhas.

O rapaz estava de costas e com os fones no ouvido, cantando baixinho enquanto fazia pequenos gestos. Pela velocidade, devia estar mandando um rap bem maluco e estava compenetrado, tal qual uma pessoa que está dando um espetáculo gratuito dentro do próprio chuveiro.

Os braços foram cruzados e o loiro encostou no batente em silêncio, pressionando os lábios para segurar a risada. Ele fazia movimentos pequenos, mais cheios de energia, levando a tampa de uma panela qualquer para cima e para baixo em meio de sons desconexos como 'dududu' ou 'papapa'. Parecia estar realmente distraído e muito certamente achava que estava sozinho também. Pelo volume do fone, nem mesmo com um grito o mais novo conseguiria chamar a sua atenção.

Depois de um minuto inteiro assistindo o show da área VIP, o loiro acabou se aproximando com calma e cutucou seu ombro, tentando ao máximo não assustá-lo. Contudo, a tentativa falhou e Changbin pulou um tremelique, deixando a tampa da panela cair no chão ao puxar os fones do ouvido em uma tacada só. Caramba, que susto da porra!!!

Felix fechou os olhos quando ouviu o barulho metálico, mas manteve a cara de bom humor. A expressão logo em sua frente era atônita, por sua vez, e o outro se curvou em um misto de alívio e falta de ar.

— Que isso, neném! Quase me mat... — Ai, cacete! Ato falho, ato falho! — Ahm, desculpa, eu não quis te chamar assim! — confessou sem graça, coçando uma das sobrancelhas.

Felix intensificou o sorriso. Ele tinha dito "neném"?

— Desculpa, eu tentei não te assustar — o loiro abaixou-se ali para pegar o utensílio e devolver para o outro. — Muito menos tive a intenção de atrapalhar a sua performance.

— Que nada, tá tudo bem — deu um meio riso nervoso, aceitando a peça de volta.

Af, que mico.

— Eu não ia te interromper, mas preciso pegar uma coisinha que tá aí onde você tava fazendo seus... passos de dança — fez alguns gestos engraçados, reproduzindo os movimentos com pouca precisão.

— Putz, perdão, de verdade. Você deve me achar maluco, mas eu só tava curtindo uma música, me ajuda a relaxar e me concentrar antes de começar a correria da noite — explicou, tentando parecer menos lunático. Deu um passo para o lado, deixando que Felix se aproximasse.

— Eu não acho, fica sossegado — Felix chegou perto das prateleiras, torcendo os lábios quando notou que o que precisava estava alto demais para alcançar. — Droga, preciso de uma forma que está lá em cima — pensou em voz alta.

— Quer ajuda? — Binnie ofereceu de prontidão.

Lix deu uma olhada para o colega e ergueu as sobrancelhas.

— Ah, tá, é — Changbin riu e levou a cabeça de um lado para o outro. — Eu sei que não alcanço. Mas posso te ajudar a chegar lá.

— Pode?

— Posso, claro — deixou a tampa de lado e abaixou-se, mantendo um dos joelhos no chão e uma das pernas flexionadas em uma pose parecida com a de quem ia pedir o ser amado em matrimônio. — Pode pisar, deve ser o suficiente pra você alcançar — ofereceu a coxa como um degrau.

Be my Chef! | MinSungOnde histórias criam vida. Descubra agora