Be my Chef! | MinSung

57. Mil vezes com você

[Esse capítulo contém trechos +18]

O casal conseguiu aproveitar o dia seguinte plenamente, começando por assistir o nascer do sol abraçados na beira do lago enquanto tomavam um café quentinho. O céu revelava um tempo azul e limpo, sem chance de chuva ou de temperaturas baixas demais. Logo, o calor dos primeiros raios providenciaram uma manhã acolhedora, perfeita para curtirem a paisagem.

Só deixaram o acampamento perto das cinco horas da tarde, voltando para a cidade e para a última noite de folga antes de retornarem às suas funções no bistrô. No caminho, acabaram passando no mercado antes de seguir para o apartamento, apenas para comprar alguns itens que estavam faltando em casa.

Era curioso, Han havia se "mudado" havia apenas alguns dias, mas os dois pareciam ter engatado em uma dinâmica muito natural, como se vivessem daquela forma durante muitos anos. Jisung tinha se adaptado perfeitamente, tanto ao ambiente quanto às tarefas do dia a dia. Sabia dizer o que estava faltando na casa e aquilo que precisavam reparar ou trocar, pois sua memória era notável e seus olhos atentos.

Apesar da sintonia, Lee e Han tinham gostos diferentes em muitos aspectos. O mais novo gostava de cheiros mais doces e Minho era do time dos cítricos, tanto nos itens de higiene pessoal quanto nos perfumes e no cheirinho do difusor que ficava no canto da sala. Durante um longo período, Lee mantivera os cômodos com um aroma fresco do capim-limão, porém agora que havia acabado, tinham substituído por uma essência suave de baunilha.

Na realidade, aquela casa que antes tinha sido o lugar de uma pessoa solitária e solteira, agora estava ganhando vida aos poucos. Além da mudança de aromas, as cores estavam surgindo aqui e acolá no ambiente neutro, fruto de pequenas escolhas triviais, como uma nova toalha de banho, um novo jogo americano ou um novo conjunto de pratos.

***

Assim que entraram em casa, tiraram os sapatos e levaram as sacolas para a cozinha para que pudessem guardar os mantimentos e desfazer as mochilas que haviam levado para acampar. A carteira e o celular de Minho foram deixados sobre a bancada e o mais velho pegou as roupas usadas, levando-as até a lavanderia.

Enquanto isso, Jisung parecia concentrado em guardar o queijo, a manteiga e os demais itens de geladeira, porém os olhos acabaram inevitavelmente sobre o celular de Minho quando ele piscou, indicando uma ligação. Não queria ser bisbilhoteiro, claro, mas foi impossível não reparar no nome que surgiu no display: Hyunah.

— O seu celular está tocando, Min — avisou lentamente, um tanto quanto desnorteado. Hyunah? Aquela Hyunah? Mas... Minho tinha dito que os dois não se falavam mais. Ao escutar o namorado se aproximando, deu dois passos para o lado, disposto a fingir que não tinha visto nada.

— Obrigado — disse distraído ao mirar a tela. A expressão de Lee não fora de surpresa, o que fez Han pensar que aquela não era uma ligação vinda do nada e que os dois ainda tinham o contato um do outro na agenda. — Já volto, jagiya — caminhou para a varanda, saindo ali para encostar as portas de vidro logo depois.

O mais novo suspirou, esquecendo-se do que estava fazendo. As lembranças que tinha da mulher não eram das melhores e admitia que algo estranho o atingia sempre que ouvia aquele nome. Ela tinha sido dura e cruel em muitos momentos, sem contar que da última vez que tinham se visto o seu mundo havia desabado de uma só vez. Foram necessários anos para que as coisas voltassem ao lugar e Deus sabia quanta dor as atitudes mesquinhas e impensadas da mulher haviam causado. A culpa não era apenas dela, mas também não era como se Hyunah tivesse tornado as coisas mais fáceis.

Quase cinco minutos depois, Lee Know retornou para a cozinha e parecia bem calmo. O celular foi guardado no bolso e ele passou a separar as compras para guardá-las em seus lugares no armário. Foram longos e silenciosos momentos de indecisão até que Han finalmente resolvesse falar, disposto a não ignorar mais as próprias dúvidas e sentimentos.