Be my Chef! | MinSung

16. Eu, você e uma ideia

O movimento no restaurante sempre começava a ficar mais intenso após o meio da semana. Era uma quarta-feira, porém o Me-Waw estava especialmente cheio, com a cozinha fervendo e os pedidos saindo um após o outro. Enquanto os Kim gritavam pelos pedidos atrasados, os chefs corriam de um lado para o outro tentando dar conta de tudo.

Nunca era tão simples quando parecia. Se as pessoas pedissem a comida exatamente como estava no cardápio a vida seria mais fácil, contudo sempre havia algum tipo de observação. "Este sem cebola", "aquele com pouca pimenta", "quero com o dobro de batatas, mas sem aspargos", e por aí em diante. Era preciso bastante atenção para tentar otimizar o tempo e conseguir preparar de dois a três pedidos de uma vez, acertando cada uma das exigências vindas do salão.

Não passava das nove quando uma mesa inteira havia pedido pratos iguais de filé mignon flambado no conhaque, a especialidade do dia. Minho tinha perdido a conta de quantos daquele já tinha feito. Embora a sua função fosse outra, tivera que ajudar Seo e Jisung naquela tarefa, pois o prato parceria ter sido um sucesso entre os clientes.

— Caralho, acho que vou derreter — Lee comentou com Felix, puxando a gola do dolmã em um suspiro. Estava realmente quente ali e flambar coisas parecia divertido de fora, mas não era assim um momento tão feliz. Já tinha até mesmo dobrado as mangas do dolmã até o cotovelo para tentar aliviar, o que não estava adiantando.

— Você está cor-de-rosa — o loiro falou em um meio sorriso de diversão, também atarefado e igualmente tostado no meio de tanto creme brûlée. — Acho que hoje o chef quis que a gente tivesse um gostinho do que é ir direto para o inferno — revirou os olhos, abaixando-se ali para depois chacoalhar a lata do maçarico. — Tudo bem? — perguntou por fim, uma vez que Minho parecia realmente ruborizado.

— Tudo bem. É que hoje tá foda, mesmo. Esse cheiro de álcool também não me ajuda — a cada flambada, parecia que estava aspirando um coquetel molotov inteiro.

— Dá uns cinco minutos lá fora, vai pegar um ar.

— Cadê os meus filés!?! — o grito ecoou na cozinha, no meio do burburinho. Puta merda, mas que demora! Seis filés flambados, três mal passados, um ao ponto e dois bem passados, todos com purê, qual era a dificuldade? Kim tocou a campainha três vezes, irritado. — Tá dormindo, Lee?!

Minho ergueu as sobrancelhas e deu uma olhada para o loiro.

— Você quer me ver morto? — Capaz de receber uma voadora se não entregasse os seis pratos em tempo recorde. — Eles são em dois, conseguem esconder meu corpo rapidinho.

— Nós somos em dois aqui também. Enfio esse maçarico na goela deles — Lix mostrou o aparato em bom humor, fazendo Lee franzir a testa. Era mais fácil imaginar as princesas da Disney trabalhando num cabaré do que Felix atacando alguém com um maçarico.

— Tá certo. Mas vamos tentar não precisar fazer isso, eu preferia não terminar a noite na cadeia — acalmou-o, puxando o conhaque para jogar na frigideira quente.

— Acabaram de cancelar os filés! — a mulher apareceu ao lado do irmão, injuriada. — Mesa sete, cancela!

— Como assim, cancelar?! — Lee virou dali de onde estava. Puta merda, agora que já estavam quase prontos?

— Demorou demais, Lee, faz mais de meia hora — ela bateu os dedos no pulso, apontando para um relógio inexistente.

— Tem mais de cento e vinte pedidos aqui, Seohyun, você acha que eu sei fazer o milagre da multiplicação? Manda esperar, porra, o restaurante tá lotado, já tá saindo! — Que fogo no cu que aquela clientela tinha, o que eram vinte ou trinta minutos?