35. Por você

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Quando a porta do apartamento foi aberta, Wolfie estava deitado com o queixo nas grandes patas da frente, esperando pelos donos. Ele tinha ficado muito preocupado, por isso achou prudente esperar bem pertinho da entrada, para poder checar se estava tudo bem assim que os dois retornassem. Era seu dever canino, afinal.

— Oi, amorzinho — o pastor alemão ganhou um pequeno afago de um Felix menos pálido, mas ainda abatido.

O braço de Changbin estava em volta da cintura esguia, preparado para amparar o namorado caso ele sentisse algo parecido com o desmaio do momento anterior.

— Vem, vou te levar até a cama — Binnie avisou, caminhando ao seu lado.

— Não precisa disso, ursinho, estou bem — garantiu.

— Precisa, sim. Se você cair feito uma jaca madura de novo, quero estar perto — contou, ganhando um olhar mole e divertido do loiro. Embora parecesse brincadeira, Seo estava falando sério e isso era adorável de alguma forma.

— Eu não vou cair feito uma jaca madura, Bin. Tomei um litro de soro, estou ótimo — mostrou o braço com o curativo redondo.

— Ótimo? — Changbin ergueu as sobrancelhas. Quanto mais olhava, mais se sentia negligente. Magrinho daquele jeito, pálido e com olheiras tão profundas, como não tinha notado que o seu anjinho estava sobrecarregado? 

Droga.

— Sim, querido, você está muito preocupado — Lix parou onde e estava e virou-se, apoiando as mãos em seus ombros. — Ouviu o médico dizer que eu só preciso de repouso, não ouviu?

— Ele não disse só isso, neném. Ele disse que você precisa de muito repouso e que está em falta com várias vitaminas, além de uma anemia moderada. Eu deveria imaginar que você não estava comendo o suficiente, só te vejo comendo um pedacinho de fruta aqui e outro ali.

Os dois não partilhavam nenhuma refeição. Quando muito, dividiam o café da manhã, contudo isso não era o suficiente para conferir se o prato do outro andava cheio o suficiente. Felix almoçava no bistrô e jantava em casa, enquanto Changbin fazia o oposto.

— Bobagem, eu como muito bem, não pulo nenhuma refeição.

— Come bem, sim. Bem pouco, né?

O pâtissier era como um pardalzinho: pequerrucho e amável, cantarolando cheio de energia, só que não comia mais do que duas sementinhas de girassol por dia.

Foram até o quarto e o mais velho ajudou o namorado a deitar-se ali, colocando a sacolinha com o complexo vitamínico na mesinha lateral. Tirou os seus sapatos e ajeitou os travesseiros com toda a dedicação, puxando a manta para cobrir as suas pernas.

— Vou fazer a sua janta, tá bem?

— Eu não estou com fome. Não posso ficar só no chá com torradas? — o loiro estava totalmente sem apetite, ainda mais depois de sentir o estômago revirar-se em sofrimento quando a enfermeira precisou de três tentativas para encontrar a veia fina de seu braço.

— Não, não pode. Eu vou fazer creme de legumes com frango desfiado e você vai comer.

— Ai, não sei... — protestou nauseado, sentindo um bolo na garganta só de imaginar.

— Bebê, não faz assim — Seo aproximou-se e abaixou-se na beirada da cama, passando os braços por cima de suas pernas. — Você tem que me ajudar, quase morri de susto quando vi você passando mal daquele jeito — confessou chateado, deitando a cabeça em seu colo para depois fechar os olhos.

— Ei... — os dedos tocaram os fios escuros, perdendo-se ali de maneira afetuosa. — Desculpa, eu não quis te deixar preocupado — falou, baixinho e sereno. — Eu como o que você fizer, tá bem? Vou comer tudinho, juro — prometeu, cruzando os dedinhos. — E prometo que vou me alimentar melhor no bistrô, começando pela semana que vem.

Be my Chef! | MinSungOnde histórias criam vida. Descubra agora