19. Sonhos

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Jisung acordou com os pingos batendo generosamente contra a grande janela do apartamento. Pelo visto, aquela era uma semana chuvosa oficial pois o dia havia amanhecido pior do que o anterior. O corpo se remexeu e o braço esticou-se, procurando inconscientemente Minho do outro lado da cama. Algumas vezes acordando com o mais velho abraçado em si tinham sido suficientes para se acostumar ao calor e ao conforto do mais velho, por isso quando ele não estava ali era simplesmente estranho.

Finalmente abriu os olhos e bocejou, só para confirmar que ele realmente não estava. Virou-se para o outro lado de maneira preguiçosa, dando de cara com o vaso de flores logo ali, exibindo as tulipas finalmente abertas que havia comprado no começo da semana. Ah, elas finalmente tinham florescido! O sorrisinho fora meio molenga, mas agradado. Não era um lindo dia primaveril de sol, mas elas estavam lindas. Verdade que não durariam mais do que alguns dias, mas o agrado em finalmente vê-las abertas foi tão sincero que Han talvez entendesse um pouco melhor agora porque as pessoas se presenteavam daquela forma. Os botões não serviam para nada prático, mas eram uma vista bonita, principalmente em se tratando da primeira ao acordar.

Hummmmmmm.

 Algo estava cheirando bem. Muito bem. Açúcar, talvez baunilha também. As bochechas se arrastaram pelo travesseiro quando o sorriso se tornou mais intenso, porque tinha certeza de que não era de nada comprado na conveniência ou em qualquer outro lugar: era mais uma receita de Lee Know. Nas últimas manhãs, tinha comido pretzels, strudels e panquecas, por isso ficou curioso para saber qual seria o café da manhã daquele dia.

Demorou-se mais um pouco no meio do edredom macio e fofinho para, por fim, sentar-se na cama e esfregar os olhos, alongando-se em um pequeno murmúrio.

— Min? — chamou-o rouco, dando uma olhada pela casa. Nada. A porta do banheiro estava aberta, então ele não estava ali. Talvez tivesse saído? Arrastou-se para fora da cama e caminhou pelo piso de madeira até a mesa, encontrando um bilhete ao lado de um prato que estava tampado.

"Precisei resolver algumas coisas. Devo voltar no final da tarde. Tentei te acordar, mas você resmungou que estava sonhando algo bom e que não queria levantar. Fiquei com ciúmes do que poderia estar assim tão bom e fiz meus próprios sonhos pra você. Depois me conta o que achou. Tem café quente no bule. ;) Minho. "

— Que besteira — falou em um meio riso encabulado, sem acreditar como Minho conseguia falar aquelas coisas tão constrangedoras e deixá-lo vermelho até mesmo quando estava completamente sozinho.

Ai, caramba. Então aquele cheiro incrível era... destampou o prato e fechou os olhos. Ainda estavam quentinhos, conseguia sentir a temperatura.

"Ai, pâtisserie não é minha especialidade". Tudo o que esse filho da mãe coloca a mão fica brilhante — murmurou para si mesmo, mordendo o canto do lábio inferior.

Serviu-se de um tanto generoso de café e sentou ali, pegou a bolinha açucarada para dar uma mordida cheia de calma e apreciação. Ah, sim! Porra, poderia dar risada sozinho. Óbvio que um sonho feito por Lee Know não seria um sonho convencional. Suas receitas sempre tinham ingredientes inesperados, era uma constante. Além daquele pãozinho doce perfeito estar polvilhado não só por açúcar, mas também por canela, o recheio tinha algo que Jisung apreciava especialmente e que o mais velho sabia muito bem: cardamomo. Ousado, definitivamente, mas tão perfeito que parecia ter vindo direto de um livro de contos de fadas.

Uau.

Podia comer deitado no chão, chorando de emoção. De todas as receitas da semana, aquela ocupava a posição no número um. Não que as outras não estivessem maravilhosas, mas Han amava sonhos e amava os ingredientes que Minho tinha usado. E ainda quentinho... Ele devia ter saído havia pouco tempo. Suspirou profundamente, dando uma segunda mordida.

Be my Chef! | MinSungOnde histórias criam vida. Descubra agora