[Esse capítulo contém trechos +18]
Minho puxou a peça de dentro da caixa e mirou-a sem dizer nada. Já fazia anos que não vestia algo como aquilo. Todas as suas roupas semelhantes estavam bem guardadas no fundo da última gaveta e talvez sequer fossem tão confortáveis quanto haviam sido um dia. A verdade era que em um passado longínquo, a vestimenta típica tornara-se quase parte do próprio corpo, servindo-lhe dia após dia, horas a fio, incansavelmente. No presente, contudo, ela trazia uma ansiedade nítida e também significava um desafio grande a ser superado.
— É um dolmã do Le Fleur — Lee identificou rápido, já que sempre via Changbin, Jisung, Jeongin, Chan e Felix vestindo-o diariamente.
As cores variavam nos turnos, claro para o dia e escuro para a noite, e o pattern elegante nos pulsos das mangas e na gola era bem reconhecível. Por mais incrível que pudesse parecer, tinha participado da escolha da identidade visual do bistrô, mesmo estando em um período péssimo de sua vida naquela época. Tal mérito tinha como principal responsável Felix, que sempre havia feito questão de incluir Minho em tudo o que dizia respeito ao negócio.
— Sim — Jisung concordou. — Esse é o seu dolmã. Tem seu nome nele, vê? — apontou para o bordado sutil no canto esquerdo, passando a pontinha do indicador sobre o relevo do tecido.
— Não, Sungie — suspirou profundamente. — Não consigo, só... é melhor não mexermos nisso. Está bom assim, eu estou me dando bem no salão.
— Min, você faz um trabalho ótimo como maître, mas aquele não é o seu lugar. O seu lugar é do nosso lado, na cozinha — lembrou-o, tocando o seu pulso para chamar. — Tudo lá tem a sua essência e vive à base dos seus sonhos e ideais. Pra começar, esse lugar nem existiria se não fosse por você. Não te dá vontade de voltar?
Lee balançou a cabeça, confuso. Uma coisa era fazer uma leva de sonhos em casa, queimar metade e deixar por isso mesmo. Outra, era voltar a trabalhar. Sempre teve muito respeito pela gastronomia e pela forma como a comida era entregue às pessoas, por isso, entre produzir algo meia boca e não produzir nada, ficava com a segunda opção.
— Claro que me dá vontade de voltar, Hannie. Você acha que eu vejo vocês trabalhando e não penso que gostaria de estar ali também? — admitiu desanimado.
Tal pensamento já tinha rondado a sua cabeça muitas vezes e sempre surgia carregado de uma aflição enorme. O La Fleur tinha conseguido se tornar um lugar de destaque e a pergunta que assombrava o mais velho era apenas uma: será que ainda estava à altura de integrar o time impecável de profissionais que trabalhavam ali?
— Então volta. Eu sinto tanta falta de ver você concentrado do meu lado, inventando alguma loucura que eu juro que não vai dar certo, mas que no fim fica incrível — sorriu afetuoso, fazendo Minho dar um meio sorriso fraco também. — Lembra o que você me disse no dia da nossa formatura, na cerimônia de entrega do dolmã oficial?
Lee Know assentiu. Claro que lembrava. Aquele tinha sido um dia de felicidade genuína e ficaria para sempre em sua memória. Era o dia em que havia se tornado tão chef quanto aqueles que mais o inspiravam, quando havia passado de mero estudante para um profissional, oficialmente. Foi um momento em que, sem falsa modéstia, transbordou em orgulho de si mesmo e de tudo o que havia alcançado.
— Eu disse que era aquilo que eu queria fazer pro resto da vida — Lee recordou-se em voz alta.
— E lembra do que eu te disse? — Han foi um pouco além.
— Claro que lembro, você foi um puxa-saco descarado — alfinetou-o, dando um meio riso pequenino antes de virar-se para o outro. — Você disse que eu sempre seria o seu chef favorito — cedeu, agradado pela memória tão singela e especial.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Be my Chef! | MinSung
FanfictionLee Minho e Han Jisung frequentaram a escola culinária juntos e trabalham no renomado restaurante Me-Waw. Apesar de possuírem personalidades completamente diferentes, a amizade entre os chefs poderia ser considerada perfeita... se um deles não tives...