39. Janta com a gente?

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No outro dia, Jisung estava esperava em frente ao prédio de Minho como de costume, dessa vez com o cachecol do mais velho devidamente dobrado e protegido entre suas mãos. A noite anterior tinha sido realmente fria e havia pegado no sono sem querer, sentado nas escadas. Algo quente e inesperado, no entanto, tinha ajudado a tornar o momento bem menos penoso. Acordou tremendo e desorientado, mas poderia ter sido bem pior se não fosse pela singela peça de roupa macia e fofa que tinha o cheiro incrível do perfume de Minho.

Mesmo que Lee não tivesse escrito nada no copo de chá, Han teria facilmente ligado o cachecol ao seu dono. Não era só o perfume, como também o cheirinho da pele do outro e de seu shampoo, que pelo visto não haviam mudado. A única diferença era um fundo leve de tabaco, porque Minho havia começado a fumar já havia um tempo. Nada que tornasse todo o conjunto menos incrível, no entanto.

Era meia noite e quarenta e sabia que, na teoria, Lee Know deveria aparecer dali alguns minutos se não acabasse alongando-se no bistrô. Enquanto aguardava, protegia a peça com afinco dos respingos da chuva gelada que começara a cair com tudo já tinha mais de meia hora. O sorrisinho bobo ia e vinha sempre que lembrava da bebida quentinha com gosto de canela e do momento em que percebera que Minho tinha sido gentil o suficiente para tentar protegê-lo do frio. Mesmo com tudo o que tinha passado, a essência doce e carinhosa havia permanecido. Isso doía e era reconfortante ao mesmo tempo, na cabeça de Jisung.

Por conta do clima, o mais novo tinha decidido esperar embaixo da marquise do prédio, um pouco mais distante das escadas. Quando finalmente enxergou a silhueta apressada aproximar-se da porta chegou deu um passo para frente, mas recuou imediatamente. Os olhos se estreitaram pois era meio difícil enxergar através daquele dilúvio e também com a pouca luz, mas algo foi notado rapidamente: Lee não estava sozinho. Alguém abraçava-se à lateral de seu corpo, tentando evitar a chuva gelada enquanto dividiam a mesma proteção do guarda-chuva segurado por Minho.

Afundou os dedos na peça de roupa e abraçou-a junto do peito, indo para o lado até entrar parcialmente atrás de uma pilastra. Eles estavam com sacolas nas mãos que pareciam ser de mercado e... eles iam cozinhar? Jantar juntos? O peito ficou apertado no mesmo instante. Não estava esperando por aquilo. Abraçou-se na peça de roupa com mais força, perdido.

Minho abaixou o guarda-chuva assim que chegaram em um lugar protegido e chacoalhou-o antes de fechar as hastes metálicas, digitando o código para abrir a porta. Tocou a curva das costas do rapaz que estava consigo e deixou-o entrar primeiro, seguindo-o logo depois.

Han fechou os olhos e deu um suspiro. O que deveria fazer? Quer dizer. Não tinha direito nenhum de pedir nada para o outro, mas mesmo assim o que tinha acontecido na noite anterior tinha trazido uma pontinha mínima de esperança. O fato, no entanto, era que sabia que Minho não estava casado, mas em contrapartida não sabia se ele estava namorado e nem saindo com ninguém. Não tinha como saber, só como assumir de acordo com o que via. Pelo que Felix tinha contado, imaginou que ele não estava envolvido em nenhum relacionamento, mas podia ser recente, não?

Droga. E agora?

***

— Molhou muito? — Lee perguntou já dentro do elevador, usando os dedos para afastar as gotinhas de água gelada dos próprios fios castanhos.

— Só os meus tênis — Innie deu uma olhada no par encharcado. Sua avó dizia que pé molhado era a receita para o resfriado e  lembrava dela estar certas nas poucas vezes em que aquele tipo de coisa tinha acontecido.

— Tira quando chegarmos. A gente coloca pra secar, qualquer coisa eu te empresto alguma coisa pra você ir embora.

— Tá bem — se desfez do capuz que estava vestindo, empurrando-o para trás. — Não achei que fosse chover desse jeito hoje.

Be my Chef! | MinSungOnde histórias criam vida. Descubra agora