50. Preciso de você

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Jisung teria gaguejado, mas sequer conseguia falar. Xingou-se mentalmente no mesmo instante. Merda, merda, merda, por que tinha que mexer naquilo?! Mirou as peças entre suas mãos e pensou em levá-las de volta para a caixa, porém não era como se fossem fingir que nada tinha acontecido e seguir a manhã com toda a paz e tranquilidade do mundo. Agora, estava feito. 

Puta merda, tinha estragado tudo, justo agora que estavam se entendendo e haviam passado uma noite e um começo de dia incríveis.

— Min, me desculpa. Desculpa, eu não devia ter mexido, eu... errei de gaveta e...

O mais velho foi até o outro e mirou o coelhinho de pelúcia e o All Star azul em miniatura, atingido por uma sensação estranha de imediato. Fazia umas boas semanas que não mexia naquela caixa. Houve um tempo em que a abria todos os dias, principalmente quando estava no auge da depressão. Era por esse motivo que ver aquele simples objeto trazia um misto de sentimentos confusos e intensos.

Sem brusquidão, Lee pegou as coisas da mão de Han e levou-as de volta para a caixa, fechando a tampa logo depois. Colocou-a dentro da gaveta e fechou-a, abrindo a gaveta logo abaixo para encontrar a calça que tinha prometido.

— Eu gostaria que você não mexesse nas minhas coisas sem me perguntar antes — comentou ao estender a peça para Han.

O outro sentiu um arrependimento imediato. Ele tinha ficado bravo, não tinha? Jisung podia ver. Sua expressão tinha mudado completamente, embora Minho não tivesse sido grosseiro ou explodido em um acesso de revolta.

— Eu não quis ser intrometido, nem... e-eu... me perdoa— Han voltou a falar, sem encontrar qualquer outra palavra que pudesse expressar a sua culpa.

Lee Know não disse mais nada, só esperou que ele pegasse a peça de roupa e caminhou para a ponta da cama, pegando as duas xícaras de café que tinham esfriado. Rumou para a cozinha para trocá-las, deixando o mais novo sozinho ali.

Han não sabia o que fazer. Estava amaldiçoando em silêncio até a sua última geração. Sentia que tinha cutucado uma ferida profunda e que tinha traído a confiança e a privacidade de Minho. Porra, nunca tinha sido indiscreto e nem inconveniente, por que não conseguiu segurar a própria curiosidade?

Era só que não sabia nada daquela história. Não sabia o que tinha acontecido de fato e, mais do que tudo, como o outro havia se sentido. Felix também não dera muitos detalhes, apenas o básico para que soubesse que a gravidez não tinha vingado e que Lee sequer tivera tempo de curtir o fato de que se tornaria pai. Se o conhecia bem, ele teria dado todo o seu coração para aquele feijãozinho que, assim como em seu sonho de noites atrás, com certeza seria uma criança linda, com seu sorriso e seus olhos.

Foi até o banheiro para trocar as roupas e limpar o corpo. Quando saiu, o mais velho estava sentado na cama com a xícara na mão, mirando um ponto qualquer de maneira distraída, mergulhado em pensamentos. Jisung aproximou-se aos pouquinhos, cauteloso, ocupando o lugar ao seu lado em um silêncio reticente.

— Você ficou magoado? — reuniu coragem para perguntar, finalmente. A voz fora baixa e não teve coragem para tentar buscar seus olhos.

— Eu queria que você não tivesse mexido nisso.

— Me perdoa, eu sei que não é desculpa, mas quando eu vi estava com as coisas nas mãos — tocou o joelho próximo, apertando-o suavemente.

A verdade era que Minho nunca tinha falado sobre aquilo com ninguém. Na época, seu relacionamento com Hyunah tinha ido por água a baixo de uma vez com a perda do bebê e os dois sequer tinham compartilhado a dor da perda. Cada um pegou um rumo e nunca mais tinham se relacionado diretamente. Foi nesse preciso ponto em que Lee se fechou totalmente e começou uma queda sem fim dentro das próprias amarguras, desilusões e arrependimentos.

Be my Chef! | MinSungOnde histórias criam vida. Descubra agora