▫️Capítulo 1 ▫️

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NICK DONIVAN

A Brisa tinha que parar de me colocar nessas suas burradas. Eu já estava ferrado demais com os nossos pais, para ainda ter que lhe acobertar, com essas merdas do Studio de tatuagens. Se ela não tivesse descoberto os meus planos, por trás de toda a fachada de emprego que eu havia inventado para manter o meu clube de lutas escondido dos nossos pais, eu não precisaria estar passando por isso e ouvindo a nossa mãe se queixar dela, às 4 horas da manhã.

- Filho, a sua irmã tem que se orientar! Ela está no último ano do ensino médio. Ela precisa focar mais... Ela não pode ficar só em casa dormindo e saindo com as amigas dela de manhã. E o vestibular e a faculdade? O que ela vai fazer? - A minha mãe bota um pouco de água quente na minha xícara e na dela, se voltando novamente para o fogão, antes de retornar a falar, como se a sua cabeça estivesse funcionando a mil por hora. - Você sabe o que seu pai acha disso tudo. Ela não pode fazer a mesma coisa que você já fez... eu não saberei mais o que falar para lhes defenderem.

Ela solta tudo aquilo para cima e aos poucos, ela vai percebendo o que havia acabado de falar. UAU!

- Hum... entendo. - Balanço a cabeça, não querendo ter que passar dos limites com a minha mãe, bem naquela hora da manhã.

- Eu... nossa! Me desculpe, filho! Eu sei que você está trabalhando e dando um duro danado. Acordando a essa hora da manhã, para então conseguir chegar a tempo na empresa..., mas é que... - Ela pausa um pouco, pensando nas palavras e continua. - Eu e o seu pai nos preocupamos com vocês. Queremos que vocês façam aquilo que não pudemos fazer, quando éramos mais jovens; estudar, se formar em uma ótima faculdade, ter um emprego dos sonhos, um concurso e ter boas oportunidades.

Ela vem ao meu encontro e segura no meu rosto, fazendo um leve carinho no meu cabelo, para que eu lhe entendesse e visse a verdade nos seus olhos. E eu lhe entendo, sei que ela quer o melhor para nós; porém, o que ela quer para mim, não é o que eu realmente quero. Eu gosto mais de lutas e de arte marcial. E o bairro onde moramos, não é um dos melhores em relação a segurança. Sempre tive que demostrar força e confiança em mim mesmo, para que ninguém mexesse comigo, com a minha irmã ou com a minha família. Havia os maloqueiros e os bandidos da comunidade. Nós ficávamos na nossa, que eles nos deixavam quietos. Porém, também não podíamos nos fazer de bestas, para que eles não nos pegassem em uma esquina qualquer e nos fizéssemos de aviãozinho deles.

Logo, quando eu era mais novo, rapidamente comecei a me exercitar, fazer musculação com os meninos do bairro e participar de algumas lutas, para me defender, quando fosse necessário. E foi nessa mesma época, com os meus 16 anos, que conheci o meu mestre. Ele era um dos olheiros, desses clubes clandestinos de lutas. De acordo com ele, eu tinha potencial, mas o meu foco estava totalmente no lugar errado.

Sendo assim, eu rapidamente comecei a treinar com ele e aos poucos, fui entendendo o verdadeiro sentido da arte marcial. Não era só para agredir alguém, me sentir mais forte, inabalável e pronto para enfrentar o mundo; mas sim, para ter disciplina, paciência, autocontrole e determinação. Os verdadeiros fundamentos da luta, haviam demorado para entrar na minha cabeça. No começo, eu sempre havia me deixado influenciar pela raiva e o domínio do poder. Não vou mentir que eles ainda gritam dentro de mim; e principalmente, após o desaparecimento do meu mestre, o senhor Jean Greg. Algo me diz que alguém o sequestrou ou o matou, por puro prazer de não mais tê-lo nos ensinando na academia. A escuridão pairava sobre mim e eu tentava contê-la, seguindo ainda os ensinamentos que ele havia me passado.

A minha mãe de repente olha para a minha tatuagem no rosto, que era uma rosa invertida, cheia de espinhos perto da orelha e vejo o seu sorriso murchar, como se não entendesse o real motivo de me tatuar. E não tinha verdadeiramente um motivo para elas. Eu simplesmente gostava de por para fora, aquilo que me representava. A rosa, por exemplo, representava a vida para mim; os espinhos, as dificuldades dela; invertida, porque a vida nem sempre era justa com a gente. E várias outras que eu tinha pelo corpo. Mas era sempre assim, quando ela via as minhas tatuagens, eu parecia um estranho na sua frente.

Acredito que mesmo que eu fizesse uma ótima faculdade, como bem ela e o meu pai queriam, eu ainda não seria reconhecido como o filho perfeito deles

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Acredito que mesmo que eu fizesse uma ótima faculdade, como bem ela e o meu pai queriam, eu ainda não seria reconhecido como o filho perfeito deles. Mas acredito que todo filho, por mais devasso ou obscuro que fosse, ainda tentava seguir pelo caminho certo, para não decepcionar os seus pais.

Está aí, a minha grande mentira para eles; trabalhar em uma reconhecida distribuidora de automóveis, no outro lado da cidade; um dos motivos, para garantir a minha saída mais cedo de casa; onde na verdade, eu iria dar aulas de boxe e jiu-jitsu na academia do meu antigo mestre. Como eu disse, a disciplina. Uma das grandes coisas que aprendi com a luta.

- Está bem, mãe. Sei que a senhora não falou por mal. - Digo já alisando a sua mão e a retirando do meu rosto. - Agora eu preciso ir, está bem? De noite eu falo com a Brisa, para ver se descubro mais alguma coisa sobre os seus planos. - Tento confortá-la, mas eu já sabia bem, o que a minha irmãzinha estava aprontando.

Sempre fomos próximos e talvez por isso, ela seja tão parecida comigo; mas é claro, de jeito mais meigo e menos bruto com as pessoas ao seu redor. Acho que os seus cabelos brancos, contribuíram para a rebeldia. Os nossos pais só faltaram enfartar, quando ela fez isso. E logo, a culpa recaiu sobre mim. Eu era a má influência da família.

Me despeço dela, tomando um longo gole do meu café e pego o sanduiche natural que ela havia feito para mim. Jogo na minha bolsa e pego logo a garrafa gelada, que estava na geladeira. Quando eu passo no corredor, no caminho da sala, eu vejo o meu pai no último degrau da escada. Ele me cumprimenta com um aceno de cabeça e eu já sei, que estava atrasado, por ele já ter levantado da cama antes mesmo de eu sair. Visto o capuz do meu casaco e saio de casa, rumo ao meu trabalho, que não era uma distribuidora de veículos e sim, um clube de lutas.

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Um pouquinho do Nick pra vcs! 😏

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