Capítulo 6

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🔥 Catena 🔥

Não consigo dormir há dois dias, pensando em como montar a placa-mãe sem nem mesmo saber qual processador vai abrigá-la. É impossível que ninguém tenha se dado conta disso. O senhor Monaldo deve estar nos pregando uma peça, e eu caí nessa como uma idiota.

Saio do dormitório antes de Belinda, caminhando como um foguete em direção à sala de computação. A porta ainda está fechada, fazendo minha ansiedade gritar dentro da minha cabeça. Respiro fundo e toco a maçaneta, abrindo a porta e observando a sala vazia.

— Está adiantada para a aula de hoje, senhorita Pisano — a voz do professor Monaldo me faz dar um pulo.

— Eu sei, há algo que não sai da minha cabeça — digo, passando ao lado do professor Monaldo e entrando na sala de aula.

— Será que sou capaz de esclarecer? — ele pergunta, acendendo as luzes.

— Sim — respondo, dando um passo em sua direção.

— Então diga o que é.

Me aproximo de sua mesa e observo os notebooks empilhados. Há várias marcas e modelos disponíveis para estudos; seria burrice criar uma placa-mãe do zero sem saber qual deles a receberia.

— Como pode pedir para que eu crie uma placa-mãe sem me dar o processador que vai abrigá-la? — coloco minhas mãos em cima de sua mesa, inclinando o corpo levemente para frente.

O professor limita-se a sorrir, sustentando o meu olhar curioso e balança a cabeça.

— Porque se o senhor simplesmente quiser pegar as placas e colocá-las dentro de um notebook qualquer, vou começar a duvidar de suas capacidades de ensino — argumento evasivamente.

— Estava me perguntando quem seria o primeiro a questionar sobre isso.

— Não há uma "receita" de placas-mães compatíveis com qualquer processador e sistema. Cada receptor tem suas especificações para funcionar perfeitamente — explico ainda sem entender qual o real significado da atividade.

— Senhorita Pisano, você é a primeira aluna dentre muitas turmas que ensinei a se dar conta disso. Tudo que falou está certo. Para criar algo que vai fazer parte de um sistema já existente, você tem que ter uma base sólida — aponta o dedo para a pilha de notebooks em sua mesa.

— Escolha sua base sólida. Quero ver o que mais você sabe fazer — pisca, desafiando-me.

O sorriso surge em meus lábios antes que eu possa controlar. Olho de perto os notebooks, e o Dell prateado se destaca entre os demais. Puxo-o do meio da pilha e o aperto em meus braços, testando o peso e a resistência. Me afasto em direção à bancada que ainda tem os materiais espalhados sobre ela, agora catalogados e em ordem. Coloco minha bolsa sobre o escoro da cadeira e pego meu tablet, fotografando o notebook de diversos ângulos antes de começar a desmontá-lo.

A música eletrônica começa a tocar nos fones de ouvido, e dou uma última olhada no professor Monaldo, que me observa com curiosidade. Darei a ele o meu melhor, assim os desafios ficarão cada vez mais interessantes.

Com a caneta do tablet, faço as anotações necessárias, acompanhando cada etapa do processo. Me aproximo da estante de ferramentas, pego os equipamentos necessários para a criação da placa mãe e o reparo do notebook. Estendo sobre o meu lado da bancada a manta antiestática e coloco sobre ela a placa que retirei da caixa de peças dada na última aula. Fotografo a placa, fazendo anotações no tablet sobre cada componente. 

O Código da CalábriaOnde histórias criam vida. Descubra agora