Capítulo 32

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Catena

Ouça.

Sussurros longínquos ecoam dentro da minha cabeça, como se trouxessem os meus batimentos cardíacos de volta. Em meio ao medo que me consome, mantenho meus olhos firmemente fechados, temendo o que me aguarda ao abri-los.

É o medo do fracasso, da possibilidade de mais uma tentativa de fuga frustrada, que assombra meus pensamentos. A angústia também se mistura ao temor de cair nas mãos de um novo monstro, alguém ainda mais cruel e sanguinário do que aquele que deixei para trás.

- Você só pode ter ficado louco! - a voz grave sussurra carregada de incredulidade.

- Demônio, não está pensando com clareza - outra voz parece ponderar.

O medo percorre cada centímetro do meu corpo, fazendo-me tremer intensamente. Cada fibra da minha existência se arrepia, consciente do terrível fato que se concretiza. Agora estou nas garras de um novo monstro, cujo nome ecoa em minha mente com uma mistura de desespero e reconhecimento. A certeza dessa cruel realidade pulsa em perfeita sintonia com as batidas aceleradas do meu coração.

Com uma coragem recém-encontrada, abro os olhos lentamente, enfrentando-o de frente. E ali, diante de mim, está aquele cujo poder e crueldade são conhecidos por todos dentro desse mundo obscuro.

Reegan Fallacci.

Ele fecha a porta com um gesto decidido, uma clara ordem para que seus companheiros se retirem. Em seguida, avança em minha direção, exibindo uma postura altiva que denota seu domínio sobre os demônios e sua soberania sobre cada centímetro do território que considera seu.

Seus passos são firmes, como se cada movimento fosse calculado e executado com a confiança de quem possui o mundo em suas mãos. Sua presença é imponente, envolta em um ar de autoridade que não pode ser ignorado.

Reegan acomoda-se na poltrona em frente à cama onde estou deitada, e a luz do sol, como um manto dourado, acaricia sua pele clara. Nesse momento, ele irradia um poder que parece pertencer apenas a um ser divino. Em um gesto inesperado da minha parte, ele inclina-se ligeiramente para a frente, mergulhando seu olhar nos abismos dos meus olhos, roubando-me o fôlego.

- Salvei você, como me pediu, Fantasma - ele diz, sua voz carregada de uma mistura intrigante de seriedade e suavidade.

O sorriso sutil que dança em seus lábios revela um prazer quase misterioso em ter conhecimento do meu apelido secreto.

Sentada no colchão, o lençol desliza por meu corpo e meus olhos se fixam nas minhas mãos. A pele manchada de um vermelho escuro, vibrante e intenso, testemunha a realidade da situação. Não foi tudo um sonho. Estou verdadeiramente aqui, diante daquele que me salvou e possivelmente se tornará meu algoz.

- Diga-me, o que passa em sua cabeça? - ele pede, seus olhos perspicazes avaliando cada movimento meu.

- Você não é bom em adivinhações - sussurro, lembrando-me da primeira vez que ouvi o som grave de sua voz.

- Mas agora nós temos tempo, muito tempo...

Ele se recosta no encosto da poltrona, permitindo que o sol ilumine seu rosto. Seus olhos verdes brilham como esmeraldas lapidadas, encantadores e hipnotizantes.

O Código da CalábriaOnde histórias criam vida. Descubra agora