Capítulo 9

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🔥Catena🔥

Fito meu reflexo no espelho. O vestido que Belinda me emprestou é preto, com alças finas, e está grudado em meu corpo, como se tivesse sido embalada a vácuo. Me arrependo de ter aceitado o convite de Sebastian para a festa da fraternidade.

Homens e mulheres seminus, bêbados e drogados num lugar fechado definitivamente não é o tipo de lugar onde eu me divirto.

— Só falta colocar uma cor em seu rosto, e o Sebastian nem vai saber o que o atingiu — brinca Bee, pegando de seu armário uma maleta rosa brilhante.

— Ok, a brincadeira já está indo longe demais, Bee — respondo.

— Sente-se na cama, Catena. Você anda para cima e para baixo com uma cara de quem não dorme há anos.

— Ainda estou na dúvida se você gosta de mim ou me odeia, às vezes é confuso diferenciar um do outro — zombo.

— Bobinha, eu sou a amiga que diz a verdade... poxa, você vai a uma festa da fraternidade, eu tentei conseguir um convite e não consegui — faz um muxoxo.

— Poderia ter me avisado, pediria ao Sebastian — seguro suas mãos, sentando-me sobre a cama.

— Sendo bem sincera com você, eu não curto esse tipo de coisa... prefiro mil vezes virar a noite mexendo no meu notebook.

— Primeiro, que eu não ficaria de vela no seu encontro — ela levanta o dedo.

— Não é um encontro — resmungo.

— Xiu, claro que é. E outra coisa, jamais deixaria você ficar juntando teias de aranhas dentro desse quarto, se tem a possibilidade de sair com o Sebastian... ele é bem o seu tipo — pisca.

— O meu tipo? — elevo as sobrancelhas.

— É, sabe... nerd — ela ri, e eu balanço a cabeça negativamente, desistindo de entender sua cabeça desmiolada.

As cerdas dos pincéis de maquiagem são macias. Fico de olhos fechados e deixo Belinda trabalhar em meu rosto como se fosse uma tela em branco, e de fato é. Nunca fui uma pessoa vaidosa, dedicando tempo para parecer socialmente aceitável. O plano sempre foi ser o mais invisível possível.

Camadas e mais camadas de maquiagem são depositadas sobre o meu rosto, irritando meu nariz e arrancando-me espirros incômodos.

— Acho que você está tentando me matar sufocada em pó translúcido — murmuro.

— Quieta, faça bico que só falta o batom — respiro fundo e obedeço, sentindo o toque do aplicador sobre meus lábios.

— Prontinho — avisa, parando um espelho pequeno em frente ao meu rosto.

Abro meus olhos sem acreditar no que vi no refletido no espelho, a máscara de maquiagem me transforma em outra pessoa. O delineador preto deixa meus olhos ainda mais puxados e o batom vermelho aumenta significativamente o tamanho da minha boca. Respiro fundo e pego o lenço umedecido, querendo tirar a camada grossa de maquiagem que sufoca meus poros, quando batidas na porta fazem meu coração acelerar.

— Não ouse — resmunga Belinda, caminhando até a porta com os olhos fixos em mim.

Sua mão toca a maçaneta, e o corpo se vira em direção à porta, dando-me tempo suficiente para me livrar do batom. Encontro os olhos de Sebastian, e logo os de Belinda se juntam a ele na minha direção. Ela está furiosa por estragar sua obra de arte em meu rosto.

O Código da CalábriaOnde histórias criam vida. Descubra agora