Capítulo 34

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🔥Catena🔥

O nascer do sol na Calábria é verdadeiramente mágico. À medida que o horizonte se enche de luz, o mar ganha vida, refletindo os raios solares em um espetáculo deslumbrante. As rochas resistem corajosamente à fúria das ondas, tornando-se testemunhas silenciosas dessa majestosa dança entre o sol e o mar.

Da janela do quarto, contemplo essa cena hipnotizante, enquanto meu coração se enche de questionamentos sem respostas e inseguranças que me atormentam. Cada raio de sol que ilumina a paisagem parece trazer consigo uma promessa de clareza e entendimento, mas também um lembrete dos desafios que enfrento. Em meio a essa natureza grandiosa, sinto-me pequena e vulnerável.

Reegan concedeu-me a liberdade de circular pela sua casa, na companhia de Nestore, e essa permissão torna a minha experiência de estar aprisionada aqui um pouco menos assustadora.

Louise, a mãe de Reegan, tem sido gentil e acolhedora desde o primeiro dia. Ela me arrastou para fora do quarto com toda a sua simpatia, buscando fazer-me sentir mais à vontade. Talvez ela não saiba que fui eu a responsável por roubar seu filho, e é um fardo que carrego com culpa e remorso. Ainda assim, sua doçura e hospitalidade são um alívio bem-vindo em meio a tanta incerteza.

Por outro lado, o senhor Antonini, pai de Reegan, me encara com desconfiança e ressentimento. Não posso julgá-lo por isso, afinal, de certa forma, sou uma traidora. Compreendo sua postura e o peso que carrega em proteger sua família e seus negócios. Sinto-me incomodada por ser vista como uma ameaça, mas também entendo que a confiança precisa ser conquistada aos poucos.

Enquanto navego nesse novo ambiente e tento me adaptar às circunstâncias, permaneço ciente de que cada olhar e cada interação carregam uma complexidade que vai além das aparências. Estou determinada a provar minha lealdade e a encontrar meu lugar nesse emaranhado de segredos e lealdades ambíguas.

O toque do celular de Nestore rompe o silêncio do ambiente, capturando minha atenção instantaneamente. Seus olhos encontram os meus enquanto ele atende a ligação, e posso sentir a seriedade em sua expressão.
— Precisamos ir até a Quorum, o Don solicita sua presença - ele avisa, dirigindo-se às escadas.

Uma mistura de emoções invade meu coração enquanto o acompanho em silêncio. É a primeira vez que saio desta casa desde que fui trazida para cá, e a ansiedade começa a se manifestar. A incerteza paira no ar, mas também sinto uma ponta de curiosidade em relação ao que me espera lá fora, além dos muros que me mantiveram reclusa até agora.

Sou conduzida até o carro, cujas janelas são tão escuras quanto a noite. Nestore toma lugar ao meu lado, enquanto outros dois homens ocupam os assentos da frente, separados por uma janela divisória. Involuntariamente, entrelaço meus dedos, sentindo a ansiedade tomar conta de mim enquanto me vejo imersa na escuridão do veículo.

Durante o tempo que estive na casa de Reegan, ele se manteve distante, e essa distância aumenta minhas apreensões. Embora eu não queira admitir, a ideia de que esse encontro possa ser meu fim paira em minha mente. Os turbulentos eventos pelos quais passei me tornaram cética e desconfiada, e é impossível não considerar essa possibilidade.

Observo Nestore atentamente, tentando decifrar qualquer sinal ou pista em seus movimentos ou expressões. Minha curiosidade e necessidade de entender a situação me levam a questioná-lo sobre o título de "Don" atribuído a Reegan.

— Por que você o chama de Don? — pergunto, capturando sua atenção de imediato.

Nestore pausa por um momento, avaliando suas palavras antes de responder de forma sucinta:

— Ele é o Capo Dei Capi, o líder supremo. "Don" é uma forma respeitável de tratá-lo. Não ouse se referir a ele pelo nome diante dos outros, Catena, é melhor para você — seu tom de voz e expressão séria deixam claro que é uma advertência.

O Código da CalábriaOnde histórias criam vida. Descubra agora