🔥Catena🔥
As mensagens de Sebastian pararam de chegar, e depois de duas semanas lotando sua caixa de chamadas, decido que é hora de dizer adeus.
Aperto o botão para desligar o notebook e mais um amanhecer do dia ilumina o quarto silencioso. Me aproximo da janela e sinto os raios solares aquecerem meu rosto. Esfrego os olhos para espantar o sono que ameaça me dominar.
Entro no banheiro e sigo a rotina que apelidei de "pós Sebastian". Estou aprendendo a viver sem sua presença e percebi que não é saudável usá-lo para preencher o vazio que sempre haverá dentro de mim desde a morte dos meus pais.
Caminho em direção à sala do professor Monaldo. Hoje é o prazo final para entrega do trabalho e encerramento do primeiro período. Para muitos, esse é o momento de voltar para casa, rever seus parentes e descansar, mas para mim, é o momento de procurar hotéis e trabalhar muito para garantir outro semestre de tranquilidade com as contas.
Entro na sala e o professor me olha de um jeito estranho, como se quisesse me alertar de algo. Me viro em direção à minha bancada, sentindo meu coração reduzir os batimentos a zero. O cabelo ruivo brilha sob a luz das lâmpadas, os olhos estão cravados em mim como se só existisse eu no mundo.
Um mês longe.
Um maldito mês longe.
E ele volta como se nada tivesse mudado, trazendo a tempestade para dentro de mim, com raios e trovões que destroem todas as barreiras que construí.
Viro de costas para ele como uma tola, fecho os olhos e peço aos céus para que tudo seja coisa da minha mente traiçoeira. Respiro fundo e volto a olhar na direção da bancada, ele continua lá, lindo, só que agora tem nas mãos um buquê de flores brancas. Sinto os tijolos imaginários da parede que construí em volta do meu coração caírem, um por um.
Caminho até a bancada, tentando controlar as emoções que ameaçam transbordar. Ele me entrega as flores com um sorriso tímido e me pede desculpas pelo sumiço repentino. Meus sentimentos se misturam em um turbilhão, a raiva e a mágoa lutando contra a alegria e o amor que ainda sinto por ele. Respiro fundo novamente, tentando encontrar a calma em meio ao caos.
Me sento em minha cadeira, o buquê de flores em minha frente e um silêncio perturbador pairando entre nós. Me viro para Sebastian, que tem os olhos cravados em mim, e percebo o avermelhado sobre o olho direito, com um curativo igual à cor da sua pele sobre a sobrancelha. O professor começa a falar no momento em que abro a boca, Sebastian se vira para frente e eu faço o mesmo. Não consigo prestar atenção na aula, minha mente está focada em descobrir o que aconteceu.
Espero ansiosamente pelo final da aula, mal conseguindo me concentrar nas palavras do professor Monaldo. Finalmente, acaba e todos começam a sair apressados da sala, mas eu me levanto lentamente, ainda preocupada com Sebastian.
— Você está bem? — pergunto, me aproximando dele.
Ele desvia o olhar e me responde evasivamente:
— Eu estou bem, não se preocupe.
Não estou convencida, mas decido não insistir no assunto. Talvez seja algo pessoal demais que ele não queira compartilhar. Nos despedimos e eu saio da sala, me dirigindo ao meu dormitório.
Enquanto caminho, percebo que ainda estou segurando o buquê de flores que recebi mais cedo. Olho para as pétalas brancas e sinto uma pontada de tristeza, aquele não era mais o meu Sebastian.
Chego ao meu quarto e deixo o buquê em cima da minha mesa de estudos. Sento-me na cama e pego meu tablet, tentando me distrair com alguma atividade online. Mas minha mente ainda está em Sebastian e em tudo o que aconteceu hoje.
Decido enviar uma mensagem para ele, para saber se está tudo bem.
"Sebastian, você tem certeza de que está bem? Se precisar conversar, estou aqui".
Envio a mensagem, torcendo para que ele responda e que possamos conversar.
Eu me sento em minha cadeira e vejo meu notebook ligando. Abro meu sistema e começo a revisar os últimos códigos do algoritmo. Preciso focar em alguma coisa para não enlouquecer. Belinda não dormiu no dormitório esta noite e agradeço aos céus por isso. Se ela estivesse aqui, teria no mínimo cem perguntas sobre Sebastian, e eu não saberia responder a maioria delas.
Enquanto trabalho, percebo o buquê de flores que Sebastian me deu hoje na minha frente. Sinto as lágrimas se formando nos meus olhos e, sem pensar muito, pego o buquê e o jogo embaixo da cama. Preciso me concentrar no trabalho e esquecer qualquer coisa que me faça lembrar dele.
Mas, por mais que tente, não consigo deixar de pensar em Sebastian. As lembranças dele invadem minha mente e me sinto culpada por ter jogado as flores que ele me deu. Me levanto da cadeira e vou até a cama, pegando o buquê e examinando as flores.
Respiro fundo e coloco as flores em um vaso na mesa do meu quarto, tentando me convencer de que são apenas flores e nada mais. Volto para a mesa do notebook e tento me concentrar no trabalho, mas o silêncio do quarto só faz com que as lembranças de Sebastian fiquem mais presentes em minha mente.
Decido dar uma pausa no trabalho e sair do quarto para tomar um ar. Toco a maçaneta fria da porta e a abro, segurando a respiração ao vê-lo em minha frente. Seu cabelo ruivo está grudado à testa, molhado pela chuva que cai lá fora. Sebastian está perfeito. Seus braços encontram minha cintura e me puxam, colando-me ao seu corpo frio. Nossas bocas se encontram e tudo some.
Por um instante, esqueço de todo o raciocínio lógico e me deixo levar pelo toque de Sebastian. Suas mãos percorrem meu corpo, explorando cada curva, cada detalhe. Nos beijamos com paixão, como se não houvesse amanhã. Eu me sinto completa em seus braços. Mas a realidade logo volta a me atingir como um soco no estômago.
Me afasto lentamente, olhando em seus olhos intensos. Sebastian parece entender o que se passa em minha mente e suspira profundamente. Ficamos em silêncio por alguns minutos, apenas apreciando a presença um do outro. A chuva cai lá fora, mas aqui dentro tudo parece estar em paz.
— Precisamos conversar, Sebastian.
Ele assente e me puxa para um abraço apertado, prometendo que tudo ficará bem.
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O Código da Calábria
ActionNa sombria Calábria, um território dominado pela cruel 'Ndrangheta, Reegan Fallacci governa com punho de ferro, sendo temido como o demônio da Calábria. Quando a sagrada Omertà é quebrada, ele não hesita em desencadear um inferno na terra para punir...