O Código da Calábria

Capítulo 37

🔥Catena🔥

Sinto-me quente, como se estivesse deitada sobre brasas recém-apagadas. Algo se move sob o meu corpo, o perfume almiscarado adentra minhas narinas. As mãos grandes tocam minha pele, aconchegando-me ainda mais na fonte de calor.

Abro meus olhos, a respiração tranquila move alguns fios do meu cabelo e observo a pele clara contrastando com a minha. Elevo levemente a cabeça e contemplo o rosto de Reegan, que dorme abraçado a mim.

Não, de novo não!

As imagens da noite passada começam a inundar minha mente como um filme. O toque de suas mãos e o gosto do seu beijo parecem mais vivos do que nunca.

Um arrepio percorre o meu corpo e eu permaneço em seus braços, incapaz de me afastar.

Em três meses que cheguei aqui, tudo que jurei não fazer, eu fiz. Jurei me manter afastada de Reegan. Jurei não me entregar à atração avassaladora que sinto por ele. E jurei, nunca, jamais entregar meu coração.

Sei como isso termina. Mas agora, ao sentir seu corpo tão próximo ao meu, é difícil resistir a essa paixão que parece ter vida própria. Nossos corações batem em sincronia, e meu desejo por ele parece transcender qualquer promessa que fiz a mim mesma.

Sinto-me como um ímã para problemas, incapaz de me manter afastada desse mundo sombrio no qual me envolvi. Afogo-me em copos de uísque caros, deixando uma versão desconhecida de mim mesma tomar decisões desastrosas, das quais me arrependo amargamente todas as manhãs.

Sento-me no sofá, observando minhas roupas amarrotadas, mas aliviada por ainda estarem em mim. Não me permiti ir até o fim, ou talvez, Reegan não me quis. A segunda opção faz meu estômago revirar. Levanto-me apressadamente e corro em direção à porta mais próxima, encontrando um banheiro espaçoso. Inclino-me sobre a privada e despejo ali o álcool que ingeri, junto com o restante da minha dignidade.

Ouço o barulho da porta se abrindo e permaneço debruçada sobre a privada, sentindo-me miserável. Meus cabelos são cuidadosamente envolvidos e erguidos, liberando meu rosto. Sinto a presença do corpo próximo ao meu, no chão do banheiro, enquanto a outra mão me segura pela cintura, oferecendo apoio enquanto me sinto fraca.

— Meu Deus, Catena, nunca mais vou deixar você beber assim — sua voz profunda envia arrepios pelo meu corpo.

— Por favor, saia — peço, incapaz de encará-lo.

— Não vou te deixar — responde com determinação.

Ele me ergue do chão com facilidade e me coloca sobre a pia. Suas mãos encontram a água fria e ele toca meu rosto com ternura. Seus olhos fixos nos meus revelam uma preocupação que nunca presenciei antes em minha vida.

Reegan me toca como se eu fosse feita de vidro, prestes a quebrar.

— Você precisa comer algo e talvez tomar um café forte — ele aconselha, acariciando meus cabelos.

Reegan segura minha mão enquanto saímos da sala VIP. A boate está silenciosa, e as mulheres que antes dançavam no palco agora estão juntas no bar, bebendo. Seus olhares se fixam em nós, e se Ártemis pudesse me desintegrar neste momento, tenho certeza de que o faria sem nenhum remorso.

A luz do sol da manhã fere meus olhos assim que colocamos os pés para fora da boate. Minha cabeça lateja como se tambores estivessem rufando incessantemente.

Sou conduzida para dentro do carro, envolta nos braços de Reegan, e sinto-me sufocada. Não posso permitir que ele me trate assim. Todas as muralhas que ergui ao redor do meu coração estão começando a ruir. Reegan é como um rio que busca seu curso entre as pedras em direção ao meu coração, mas as barreiras o impedem de chegar lá. No entanto, seu cuidado age como pequenas rachaduras em minhas defesas, infiltrando-se nas falhas até encontrar um espaço para se fixar. E isso não pode acontecer.