Capítulo 47

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Reegan

O primeiro raio de sol desponta no horizonte, o salão da 'Ndrangheta está tomado pelas vozes das pessoas presentes no baile. Os Santistas se movem como sombras, cada um ocupando seu lugar no salão. Elevo o copo e o toco com a faca, o tilintar chama a atenção de todos os presentes.

O murmúrio das conversas vai diminuindo gradualmente até que um silêncio tenso se estabelece. Sinto os olhares de todos sobre mim, respeitosos e temerosos ao mesmo tempo. A energia no ar é carregada de poder, e eu sinto o peso da responsabilidade sobre meus ombros. A Calábria é minha, mas também é meu fardo.

Sento-me em minha cadeira, sustentando o olhar de cada homem e mulher presente no salão.

— Há um pentito entre nós - falo, mantendo o tom de voz linear.

Eles não esperavam ouvir tal revelação vinda do Don. As palavras ecoam no ambiente, e eu posso sentir a tensão no ar se tornando ainda mais palpável.

— Hector quebrou o juramento que fez a mim e à famiglia. Ele traiu a confiança da Santa, colocando em risco tudo que conquistamos. Sua traição é imperdoável, e ele precisa ser punido.

As vozes dos homens começam a se elevar, questionando minhas ações e exigindo explicações. Mas eu permaneço calmo, enfrentando os olhares de cada um deles com determinação.

— A lealdade é o pilar fundamental da nossa famiglia, e qualquer um que quebre esse laço sagrado será punido de acordo. Não posso permitir que a fraqueza e a traição se espalhem entre nós.

Hector me encara com olhos arregalados, a arrogância que exibia antes se transforma em medo genuíno. Ele sabe que sua hora chegou. Kaden e Rocco o puxam para o centro do salão ao som de seus gritos e protestos. A sala se enche novamente de murmúrios, e a tensão aumenta. Eles podem não concordar com minhas ações, mas sabem que a Omertà é implacável. Eu sou o Don, e minha palavra é a lei.

— Não tomo decisões fáceis, mas elas são necessárias para proteger a família. Eu não vou permitir que a deslealdade destrua o que construímos. Estou ciente das consequências das minhas ações, e estou preparado para enfrentá-las.

Don, por favor, eu posso explicar - gagueja ele.

— Você teve chance, Hector. Teve chance para fazer a coisa certa e escolheu o caminho errado. Agora é tarde demais para desculpas - digo com uma calma gélida.

— Ela nos roubou - grita.

— O dinheiro está na nossa conta Hector - digo, capturando seu olhar confuso.

— Você esqueceu o seu lugar e foi manipulado por sua ambição, você é único responsável pelo seu destino final - aviso.

Don... por favor - suplica.

— Arto me entregou um envelope, ele me disse que aquela puta estava manipulando você - tenta argumentar, mas não permito que termine a frase, soco seu rosto com todas as minhas forças.

— Você foi manipulado por Arto e esqueceu o juramento que fez para mim - grito.

Viro-me de costas e pego o punhal de Omertà sobre a mesa de madeira. Hector está desesperado, implorando por misericórdia, mas é tarde demais para isso.

— Você se lembra Hector? Do seu juramento? - questiono, virando-me para ele.

Observo-o balançar a cabeça em afirmativa e me aproximo com o punhal em mãos. Seu corpo treme de medo enquanto seguro sua mão estendida e coloco a lâmina afiada sobre a palma.

O Código da CalábriaOnde histórias criam vida. Descubra agora