Capítulo 19

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🔥Catena🔥

Você já teve aquela sensação de não conhecer completamente a pessoa que está ao seu lado?

Observo Sebastian mexer em seu celular, os dedos tocando a tela rapidamente e sua postura sendo a de alguém que está em uma conversa que não pode ser interrompida.

Ele tem feito muito isso desde que voltou.

Respiro fundo e desvio meu olhar para a janela da cafeteria.

— Perdoe-me, querida — diz, deixando o celular na mesa.

Ele também tem dito muito isso, desde que voltou.

Eu o encaro por alguns segundos, sem saber exatamente o que dizer. Por mais que eu confie em Sebastian, ainda há sempre uma sombra de dúvida pairando no fundo da minha mente.

— Algum problema em que eu possa ajudar? — pergunto, tentando manter a voz neutra.

Sebastian nega com a cabeça e eu respiro fundo, elevando o dedo para chamar Josh. Pedimos mais um café e conversamos sobre assuntos triviais. Por mais que a conversa flua, eu ainda sinto como se houvesse algo oculto entre nós. Algo que não pode ser dito em voz alta.

Enquanto caminhamos, começo a me sentir desconfortável com o silêncio entre nós. Seu celular não para de tocar, e a cada mensagem que recebe, ele se afasta um pouco mais de mim. É como se estivesse em outro mundo, alheio à nossa realidade. Sinto meu coração apertar dentro do peito, sabendo que algo não está certo. Mas, por enquanto, prefiro mentir para mim mesma, fingindo que tudo está bem, adiando o momento em que a verdade irá me dilacerar.

Continuo andando ao seu lado, mantendo uma fachada de normalidade. Entramos no prédio e subimos as escadas até o dormitório de Sebastian. Ao pararmos em frente à porta, ele finalmente desliga o celular e o guarda no bolso, como se estivesse voltando à realidade. Por um breve instante, percebo um olhar fugaz de culpa em seus olhos.

Aguardo até que ele abra a porta e caminho até a sua cama, sentando-me sobre o colchão confortável e observando-o caminhar até a janela. Ele fica ali por alguns segundos, olhando para o gramado do campus antes de se voltar para mim.

— Tem planos para o fim do semestre? — ele pergunta, olhando no fundo dos meus olhos.

— Já sim, vou visitar minha tia — respondo, tentando disfarçar a mentira.

Ele me avalia por alguns segundos e se junta a mim na cama, envolvendo suas mãos em minha cintura e puxando-me para seu colo. Nossos lábios se encontram e todos os meus medos são silenciados pelo calor do seu beijo.

Mas, mesmo envolta no momento de paixão, não consigo deixar de sentir um nó na garganta. Havia algo errado, e eu sabia disso. Talvez não pudesse colocar um nome ou explicação para isso, mas a sensação era real e crescente.

Afasto-me lentamente de Sebastian, ignorando o protesto mudo em seus lábios.

— Preciso ir — digo, levantando-me da cama e pegando minha bolsa.

Ele me segue até a porta, parecendo confuso e descontente.

— Tudo bem, nos vemos depois então? — ele pergunta, e eu apenas concordo  antes de sair pela porta.

Ando pelo corredor, sentindo o peso da incerteza em meus ombros. Há algo de errado, e eu preciso descobrir o que é.

Bato a porta do meu quarto mais alto do que deveria, chamando a atenção de Belinda. Seus olhos encontram os meus, surpresos, mas deve estar estampado na minha cara que aquele não é o melhor momento para perguntas. Ela apenas sorri e coloca os fones de ouvido, deixando-me em paz.

O Código da CalábriaOnde histórias criam vida. Descubra agora