CHAPTER XXIX

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CAPÍTULO VINTE E NOVE


“De Volta Para Casa”
  

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O Diário de Edward Kaspbrak XXVIII

(Continuação)

 
 

12 de Agosto.

Penúltima atualização antes da viagem. Estarei partindo de volta à Alemanha depois de amanhã. Desde que Drácula me concedeu esse pedido ainda no começo desse mês, eu ainda não havia parado para pensar a respeito disso, quer dizer, se fosse há alguns meses atrás, eu estaria totalmente contente por finalmente me ver livre desse lugar que tanto me causou pesadelos, no entanto, não era o que eu sentia, eu passei os últimos dias melancólico, com saudade antecipada, e tenho notado que ele sente o mesmo.

Apesar de bem centrado, ele não consegue esconder suas emoções quando está comigo, eu hoje sei reconhecer perfeitamente quando ele está feliz, triste, ou incomodado com algo, e têm sido dias estranhos, talvez seja por conta da minha viajem, porém também há outro fator que tem me deixado intrigado em relação a ele; este, é que Drácula aparenta estar com algum tipo de problema interno, do qual está refletindo em seu comportamento normal, ele está mais apático, menos bem humorado, distraído, se antes ele saia uma vez só para se alimentar, agora precisa sair até mais que duas vezes, sua aparência também mudou um pouco, está bem mais mórbido, sem contar que, está dormindo com mais frequência também. 

Eu sei que o sono nos vampiros é sinônimo de fraqueza e esgotamento físico, e é justamente isso que tem me preocupado, porque ele não está fazendo nada demais para perder tanta energia assim, então o que há com ele? É como se estivesse sendo drenado, eu não entendo, ele não diz nada, mas eu sei que há algo de muito errado, principalmente pelo o que aconteceu no jantar de ontem, e que certamente foi o pivô para que eu levantasse todas essas dúvidas. 

Havia sido um dia pacato, nós havíamos passado boa parte dele juntos, afinal, estamos nos aproveitando o máximo que podemos, e só nos separamos quando ele saiu, no entanto, não demorou nem uma hora, retornou bem na hora que eu estava jantando com Stanley, aliás, faz uns dias que ele tem deixado Stan me fazer companhia durante as refeições, já não se incomoda mais com nossa amizade, nem implica mais tanto com ele.

Sentou-se conosco à mesa, bocejando a cada um minuto, não procurou saber sobre qual assunto estávamos conversando, nem ao menos interagiu, ficou encarando fixamente a bandeja oval no centro da mesa, cheia de carne assada ao molho, e com salada ao redor, do qual Stan havia cozinhado com bastante gosto para o menu, eu pensei que apenas estava distraído, perdido em seus próprios devaneios, não o importunei com perguntas, ele permaneceu assim por quase uma hora inteira, mas a primeira coisa no entanto, curiosa, que notei, era que ele olhava para a comida como se estivesse faminto, os olhos igual dois faróis vermelhos, e a todo momento engolindo saliva.

Até que, sem mais nem menos, ele se ergueu para a frente, atraindo a nossa atenção, principalmente quando pegou um pedaço de carne, da qual já estava fatiada, e levou até a boca, mastigando com gosto, logo engolindo, depois outro, e outro... Stanley e eu estávamos totalmente abismados, nos entreolhamos, ambos com o mesmo sinal de interrogação na expressão, e pela sua surpresa, presumi que aquela era a primeira vez que ele estava presenciando aquilo também, ele comia com vontade, mesmo quando havia me garantido que não sente prazer algum em comida, só que ali, ele se saciava tal como um humano.

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