CHAPTER I

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CAPÍTULO UM

O Diário De Edward Kaspbrak I
(Escrito em estenografia)

  
3 de maio. Bistritz.

Parti de Munich às 8:00 do primeiro dia de maio, o que significa que estou há mais de 72 horas na estrada, consequentemente, começando a acreditar que não irei chegar nunca ao meu destino. Era para eu ter chegado na Hungria às 6:46, no entanto, o trem estava uma hora atrasado, fazendo com que eu tivesse perdido o primeiro que saiu em rumo à Budapeste. Aliás é uma cidade maravilhosa, até mais do que imaginei, pelo menos foi o que pude apreciar da janela do trem, e também pelo pouco que caminhei pelas ruas, temendo me afastar muito da estação, pois bem tarde partiríamos novamente em um novo trem, e quanto mais cedo, melhor. E cá entre nós aqui... Eu não aguento mais viajar.

Sempre detestei viagens muito longas, elas me causam ânsias, dor de cabeça, tonturas e muito mais, devido o estresse. Sem contar no enorme tédio, já que não há muito que possamos fazer estando em um enorme cubo de aço, tendo somente uma janela enorme de vidro como vista, e como companhia, uns senhores de idade que parecem ter uns cem anos, que fumam charutos fedorentos, e dormem antes mesmo de terminar de consumi-los. E como adendo: o único entretenimento que se pode haver, além de um livro ou caça-palavras, são as diversas paisagens, campos, cerrados, florestas, vilarejos e mais... Pode parecer bom, mas quando isso se repete por horas, você vai tendo a impressão de que está andando em círculos e, que nunca chegará a lugar algum. Por essas razões que eu detesto viajar por mais de duas horas, quem dirá dois dias inteiros.

E fazendo toda essa trajetória, você tem a impressão de que está saindo do Ocidente e entrando no Oriente; sendo a mais ocidental das esplêndidas pontes sobre o Danúbio¹, cheios de largura e profundidade, nos levando direto às tradições de domínio turco. Chegamos em Klausenburgh após o anoitecer, e eu passei a noite no Hotel Royale. Meu jantar havia sido um frango preparado de algum jeito com muita pimenta vermelha, estava realmente muito bom, mas me fizera sentir como se tivesse sido teletransportado direto ao inferno, de tanto que estava ardendo e queimando, acredito que nunca mais irei me aventurar em comer essas comidas exóticas outra vez, preciso deixar isso muito que bem anotado aqui, para eu não me esquecer nunca mais.

Perguntei ao garçom sobre aquele prato tão diferente, ele me respondeu que, se chamava “paprika henld” e que, por ser um prato nacional, eu poderia consegui-lo em qualquer um dos Cárpatos². Mas, acho que já foi o suficiente, e essa, será a última viagem longa que eu me disponibilizarei a fazer no lugar do meu pai. Eu prefiro passar o dia naquele escritório, escrevendo pilhas e mais pilhas de redações para o jornal, revisando acontecimentos, e decidindo o que será paltado ou não, pois foi pra isso que fui contratado, há pelo menos um ano atrás, quando completei dezenove anos e passei a trabalhar de colunista no jornal de meu pai. Frank H. Kaspbrak. (N: não esqueça de dizer isso a ele).

Se caso você andar pelas ruas de Munich, provavelmente irá ver alguém segurando um folheto com a logo H.K news (o nome do nosso jornal), e que já está presente em nossa família há duas gerações, quando começou com meu avô Jonathan Harker, mas que era comandada pela minha avó, Mina Louise Harker, depois do meu avô ter desaparecido de forma misteriosa, ao partir em uma viagem e não voltar mais. Nunca soubemos o que houve, já se fazem quase 50 anos.

Muitos acreditam que o navio que ele estava naufragou, mas não há nenhuma evidência de possíveis navis que tenham afundado, no dia 26 de março, de 1847. Aliás, não há nada, nem mesmo testemunhas que podem tê-lo visto, um dia ele apenas saiu em uma viagem e nunca mais voltou, eu sei, pode parecer deprimente, mas minha avó conseguiu dar conta do jornal, e dos cinco filhos que tivera com ele, em que o mais velho é o meu pai, e quando completou a minha idade, vinte anos, assumiu a presidência do jornal, pois ela já estava numa idade avançada e, não conseguira mais trabalhar.

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