CHAPTER XII

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CAPÍTULO DOZE

O Diário De
Edward Kaspbrak XIV

(Continuação)


18 de Maio.

Ainda naquele dia, eu havia terminado de anotar tudo que me lembro, me esforcei ao máximo para não deixar sequer um mínimo detalhe escapar, embora saiba que seja é impossível, pois infelizmente não sou uma máquina de escrever e, minha memória apesar de muito boa, ainda sim, não é infinita. Devo ter passado a tarde inteira ali escrevendo, a caneta que Drácula me deu de presente realmente é muito eficiente, se fosse escrevendo isso com o tinteiro, duraria até a noite.

Suspirei bem fundo, fechando o diário, e relaxando os músculos, massageio o pescoço e o alongo, haviam muitas coisas pela qual eu ainda tinha dúvidas porém, uma boa parte delas foram respondidas, e pensar em tudo aquilo me fazia ter a sensação de acabar de ler um livro, onde a história ainda estava bem nítida em minha mente e, eu imaginava perfeitamente os cenários, personagens, acontecimentos, enredo, e Etc... Sem contar nas entrelinhas, e aquela curiosidade ávida de saber de mais detalhes, criar teorias, ou pelo menos tentar deduzir um possível final.

Quer dizer, agora sei a origem de Drácula, sei que de alguma forma, Abraham Van Helsing o conheceu tanto quanto eu, ou até mais, sei que ele escapou, que foi por um erro cometido pelo conde, e mais: que Vlad Tepes está vivo! Não sei qual seria a probabilidade de ainda conseguir uma resposta sobre meu avô, se realmente as histórias sobre ele são verdade, se aquilo que Drácula disse há uma noite atrás era de fato verídico: Que vampiros poderiam amar.

Sempre que começo a montar uma linha de raciocínio, há algo embaraçoso que destrói tudo, uma dúvida nova, uma incerteza, um medo... Não sei ao certo o que estou sentindo agora, já não sou mais tão apto a falar dos meus sentimentos quando tudo que mais quero, é ter a sorte de Van Helsing, e conseguir sair daqui também, uma vez que, quanto mais fundo eu cavo no passado do conde, mais me aproximo de uma área bem perigosa; que seria o fato de saber que: ele já foi humano, foi enganado, traído, torturado, sofreu... E saber dessas coisas, me deixa bem mais assombrado que ter descoberto em que monstro ele se transformou. Pois, não quero começar a nutrir algum tipo de empatia, ou compaixão por ele, ele não merece isso! Seria meu fim se começasse a simpatizar pela sua história, ou pior: chegar a gostar dele.

Sei que há algumas páginas atrás, havia escrito que Drácula mexe comigo, quando ele está perto, não consigo descrever as sensações que me causa, mas tenho consciência de que isso pode apenas ser ele manipulando minhas emoções, não sou eu, não é minha culpa, e ontem mesmo foi um desafio e tanto continuar resistente à sua hipnose, e foi por bem pouco que não cometi uma grande besteira. Em contrapartida, eu ainda consigo manter minha consciência, não sei ao certo se faz sentido, porém sinto uma grande força interna que me rege, como um escudo de proteção, uma barreira, essa que não permite que ele a invada, não se eu não quiser que ele faça, e é assim que tenho sobrevivido semana após semana.

Ainda quando a noite caiu, eu fui informado que o jantar estava pronto, e presumi que ele já deveria ter retornado, tal como sempre faz, é só o sol desaparecer, que ele aparece.

Havia tomado meu banho, me arrumando normalmente para descer para jantar, isso já se tornou tão rotineiro, que nem mais me sinto um hóspede neste lugar, é como se eu já fizesse parte dessa vivência, e aos poucos, minha vida em Munich vai ficando cada vez mais parecida com um sonho vago, esquecível, como se tivessem passado muitos e muitos anos. Isso não é nada bom, não quero esquecer da vida que tive, não quero esquecer que, fora daqui eu ainda sou alguém, não faço ideia de como as coisas estarão quando eu conseguir voltar, eu só espero que, meus pais e amigos não estejam desesperados de angústia, pelas minhas contas, a última carta que enviei, sendo dissimulada ou não, já está nas mãos de meu pai.

DRACULAOnde histórias criam vida. Descubra agora