CAPÍTULO SEIS
O Diário de Edward Kaspbrak VI
(Continuação)
11 de maio.
— Conde? — O chamo. — Quero lhe pedir uma coisa.
— Pode pedir. — Me olha, mas eu desvio o olhar, fingindo que estou organizando a louça que sujei.
— Preciso ir até Bistritz, teria como me direcionar à uma diligência?
— Bistritz? O que exatamente procura lá?
— Ah, eu preciso ir até o correio, enviar uma nova carta ao meu pai, percebi que há coisas que esqueci de mencionar na última que mandei, e ele ordenou que eu enviasse correspondências o mais atualizadas possíveis. Aproveito para enviar algumas folhas do memorando que andei escrevendo, aí uma parte do trabalho estará concluída, seria possível? — Forcei um sorriso, ele ainda continuava sério, até que relaxou os músculos da face e responde de forma desinteressada:
— Deve saber que, uma diligência não passa por aqui todos os dias, e que hoje mesmo saiu uma, a próxima só será na outra semana, se puder esperar até lá, sim, será possível. — Meu sorriso morreu, mas logo tornei a disfarçar, e disse:
— E quanto à sua carruagem? Não faz viagens longas? — Ele me olha novamente, agora estou olhando para outro ponto de seu rosto, que não seja diretamente em seus olhos.
— Apenas quando realmente é urgente...
— É urgente! Urgentíssimo! Preciso enviar essas coisas o mais breve possível! — O interrompo fazendo-o altear as sobrancelhas, sei que é falta de educação, mas minha intenção é justamente causar incomodo, não posso deixa-lo tão à vontade assim, e preciso aparentar estar muito desesperado para enviar essas cartas.
— Certo, e consegue esperar até amanhã? Agora está um pouco tarde pra fazer uma viagem tão longa, o bom é partir antes do amanhecer, para voltar ao anoitecer.
— Tudo bem! Perfeito então, vou arrumar minhas coisas. — Levanto, mas ele disse:
— Não é você que vai, e sim eu. — Olho em sua direção, o mesmo já havia se levantado e estava parado bem diante de mim, fazendo-me recuar um passo para trás. — Não tem condições de se expor tanto ao mal tempo Sr. Kaspbrak, só de ter passado uma manhã comigo já o fez ficar resfriado, quem dirá viajar cinco horas a cavalo? Sendo tanto cinco para ir, quanto para voltar... Por isso, escreva sua correspondência e o que tiver que enviar, que eu vou até Bistritz e envio pelo correio, estava mesmo precisando enviar algumas correspondências. — Sorriu, eu engoli o seco e balancei a cabeça em concordância, forçando novamente um sorriso e respondendo por fim:
— É claro! Estou indo agora mesmo organizar tudo, com licença, e mais uma vez obrigado.
— Não há de quê.
Subi novamente a escada, e sorri, deu certo! Era exatamente o que eu imaginava: ele não iria me deixar ir, mas iria no meu lugar, para não deixar explícito que está me mantendo preso, e se são ao todo dez horas de viagem a cavalo, significa que: terei tempo de sobra sozinho aqui, poderei adentrar em sua biblioteca particular, e poderei encontrar o que Stanley havia me dito. Eddie, você é um gênio! UM GÊNIO. Sim, eu sei, obrigado.
Entrei em meu aposento, começando a preparar as folhas já escritas, eu iria escrever apenas o necessário, sem mencionar nada sobre o fato de estar preso, pois receio que ele leia as cartas e saiba que já sei sobre ele, então preciso ser totalmente cauteloso. Sento-me sobre a escrivaninha e começo a escrever, dou um breve resumo de todos esses dias — sempre dando ao parecer que está tudo normal — e que estou muito bem, digo que estarei voltando o mais breve possível e que, não é para meu pai se preocupar comigo. É incrível como um papel parece ser tão pouco, perto de tudo aquilo que desejo escrever, gostaria de dizer tudo, pedir socorro, porém é arriscado demais, finalizo a carta com a certeza de que voltarei assim que puder, e que estou com saudades de casa.
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DRACULA
Vampire"Sínico, atraente, e temível. Creio que, essas sejam as definições perfeitas para aquele que é conhecido formalmente como: 'Conde Drácula', do qual não se trata de um Conde como outro qualquer, mas sim; de um ser sobrenatural que foge completamente...