CAPÍTULO ONZE
Drácula Para Sempre II
(Continuação)
★ ★ ★
Semanas se passaram, uma após outra, e sem dar-se pela conta, completaram-se quatro meses e três dias que estava ali. Richard pensou que seria mais um dia comum, quando foi acordado antes do sol nascer, se deparando com o Conde, que obtinha uma expressão séria.
— Bom dia Richard, perdoe-me despertá-lo tão cedo assim.
— Bom dia conde, não há problema, o que houve? — Questionou, o homem olhou na direção de sua janela, onde o céu já estava começando a clarear, logo tornou a lhe encarar, e pediu:
— Vista-se, depois me encontre no salão principal, tenho um assunto a tratar com você, e é importante. — Ao acrescentar a última frase, virou as costas e retirou-se.
Richard não perdeu nem um segundo, vestiu suas roupas e calçou os coturnos, logo saiu de seus aposentos, descendo a escada em caracol, até chegar ao salão principal, do qual já estava o homem lhe esperando, ele estava em pé, de frente para a janela, as mãos para trás, seus cabelos longos estavam amarrados para trás, e ele trajava sua longa e bela capa, a gola era alta, num formato de triângulo invertido, o mesmo degustava de uma taça de vinho.
— Conde? — Anuncia sua chegada.
— Pode entrar.
O mesmo obedeceu, parou bem no meio do salão, houve um breve silêncio, até que Tozier o quebrou, perguntando:
— Fiz algo de errado?
O homem demorou um pouco para responder, mas antes tirou sua atenção da janela, e sorriu-lhe da mesma forma amigável de sempre, respondendo:
— De forma alguma, tens me sido uma ótima companhia durante esses meses, não me sentia tão bem-humorado em anos, devo agradecer. — Virou-se totalmente, ainda mantendo-se na mesma posição.
— Sou quem devo agradecer Conde, seria uma ofensa tê-lo me agradecendo por oferecer tão pouco, perto de tudo que o senhor tem feito por mim. — Disse ainda sem jeito, da mesma forma que sempre ficava, todas as vezes que o mais velho lhe agradecia por coisas respectivamente pequenas no seu ver, como se fosse algo incrível, e grandioso.
O homem deu uma pequena risada, assim tornando a encarar o relento no horizonte; ainda haviam poucas estrelas presentes no céu, estas que, aos poucos iam perdendo seu brilho devido o aclarar da aurora.
— O preço de uma boa companhia é impagável, meu jovem garoto... — Dissera após alguns segundos em silêncio, logo prossegue: — Acumule fortunas, conquiste territórios, descubra mundos, cave bem fundo, encontre o tesouro, o ouro, os diamantes, a prata... Tome-os todo para si. Mas no fim das contas, nada disso fará sentido se não houver alguém ao seu lado; alguém com o qual você possa compartilhar desde as grandes riquezas às coisas mais simples; um acontecimento cotidiano, uma conquista, uma situação embaraçosa, um momento íntimo, seja o que for, nem mesmo os animais selvagens e irracionais, são tão individuais assim, o agrupamento favorece a sobrevivência. A solidão é traiçoeira, ela nos ensina muitas coisas, nos faz enxergar o mundo de uma maneira diferente, com muito mais clareza, em contraproposto, ela o consome aos poucos, transforma em loucos os homens sábios, e os sábios em homems loucos.
O mais jovem se encontrou totalmente inerte diante daquelas palavras, o que era normal, visto que o Conde possuía uma sabedoria exacerbada, algo que nem mesmo o clero, os imperadores, ou os magistrados, — do qual eram as únicas figuras de autoridade máxima que Richard conhecia — aparentavam possuir, na verdade, se caso ele morasse em alguma dessas cidades, teria grandes problemas com a igreja, devido seus pensamentos, e ideias, o mundo ali nunca é promissor aquém pensa demais, questiona demais, porquê quando você não aceita que a fé em Deus é a resposta para tudo, você automaticamente se torna um herege, e dentre todos os pecados, há três que se destacam, onde se você os pratica, a morte deixa de ser um questionamento, se tornando uma certeza: Heresia, Bruxaria e Sodomia.
VOCÊ ESTÁ LENDO
DRACULA
Vampiros"Sínico, atraente, e temível. Creio que, essas sejam as definições perfeitas para aquele que é conhecido formalmente como: 'Conde Drácula', do qual não se trata de um Conde como outro qualquer, mas sim; de um ser sobrenatural que foge completamente...