Capítulo 6 - Chá e ginger nuts

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As ruas estavam embaçadas pelas lágrimas que Audrey segurava nos olhos e às vezes limpava com raiva as que escorriam pelo rosto. Não podia chegar à Rua Baker daquele jeito, pois não queria explicar para Sherlock o que estava acontecendo e ele com certeza perguntaria. Isso se não fosse capaz de deduzir.

De repente, Audrey se lembrou da proposta de Molly para acompanhá-la na consulta e lamentou por ter rejeitado a oferta. Com aquele pensamento em mente, ela alcançou o celular dentro da bolsa e com um pouco de dificuldade, por conta da visão embaçada, ligou para a amiga.

— Molly, você está em casa? — A força para segurar o choro deixava sua fala ofegante.

— Audrey, o que está acontecendo? Eu estou, — a mulher do outro lado da linha ficou aflita. — Estou em casa.

— Como eu faço para chegar aí?

— Onde você está?

Quando a amiga explicou que havia acabado de sair da clínica, Molly começou a imaginar o que poderia estar acontecendo e compreendeu logo que algo havia dado errado durante a consulta justificando o desespero de Audrey. Por sorte ela não estava muito longe de sua casa e a mulher conseguiu explicar o caminho de maneira simples.

— Entra — disse Molly apreensiva abrindo a porta ao ouvir as batidas.

Audrey mal entrou, largou a bolsa sobre uma poltrona e abraçou a amiga chorando aos soluços.

— Audrey, me fala o que aconteceu — pediu Molly. — É alguma coisa que precise envolver a polícia? — Perguntou ela preocupada.

Apesar de confiar na ginecologista que havia indicado, com tantos crimes daquela natureza que acabavam chegando por meio de amostras para analisar em seu laboratório no Barts, todo cuidado era pouco.

— Não, — respondeu Audrey levantando o rosto oculto sobre o ombro da amiga com um pequeno sorriso no rosto. — É bobeira...

— Não é bobeira se te deixou assim... — Molly limpou as lágrimas dela com os polegares, mas logo mais outras desceram pelo rosto de Audrey. — Senta aqui comigo e me conta o que aconteceu.

Segurando a amiga pela mão, ela caminhou até o sofá de dois lugares que ficava de frente para a TV da sala e se acomodou acolhendo a amiga em um abraço carinhoso.

— Foi alguma coisa que a Dra. Lara te disse? — perguntou Molly com o tom de voz sereno.

A mulher, toda encolhida entre os braços dela, apenas concordou com um aceno de cabeça.

Duvidando muito que a médica a tivesse diagnosticado com uma doença grave, e conhecendo a amnésia de Audrey, Molly foi direto ao ponto.

— Você não é mais virgem — declarou ela gerando espanto na amiga que levantou a cabeça e olhou para Molly que mantinha um sorriso acolhedor.

— Eu não lembro... — Descalçando as sapatilhas, a mulher se afastou um pouco e abraçou os joelhos colocando os pés sobre o sofá. — Deve ter sido com aquele cara, o que atirou em mim... ou talvez tenha acontecido antes... eu não sei... — Os soluços voltaram.

— É um evento importante na nossa vida e é compreensível você se sentir assim por não lembrar como aconteceu, nem com quem. — Molly colocou sua mão sobre as da amiga. — Infelizmente não tem nada que possamos fazer para amenizar o que você está sentindo.

Audrey contraiu o rosto com mais lágrimas saindo pelos seus olhos. Pela forma como se sentia desconfortável ao ser tocada, não sabia se queria recordar das suas experiências sexuais. Não se surpreenderia caso descobrisse que haviam sido traumáticas como tudo na sua vida.

YOLO - Só se vive uma vezOnde histórias criam vida. Descubra agora