Sherlock entrou no Barts e foi direto, sem ser interceptado, para o local onde tinha certeza que encontraria Molly de acordo com o horário e sua escala de trabalho. Apesar de um pouco ansioso para ver a reação dela ao presente, ele tinha certeza que a namorada iria gostar da surpresa. Aquela ideia de Audrey era completamente fora dos padrões dele, mas confiava totalmente na amiga e sabia das boas intenções do coração dela.
O homem empurrou uma das duas metades da porta oscilante e seus instintos gritaram para ele que algo estava errado. Muito errado. Molly trabalhava em silêncio, mas não do tipo com que ele se deparou. A aparência de abandono do local demonstrava não se tratar de uma ausência temporária para ir ao banheiro ou fazer um lanche. A patologista sempre foi extremamente cuidadosa com tudo em sua vida, principalmente o trabalho.
Sentindo um nó na garganta, Sherlock deixou o buquê de flores sobre um espaço vazio na bancada ao lado da porta e entrou no necrotério.
— Molly! — chamou ele na esperança de que a mulher estivesse por perto, escondida, para se proteger do que havia acontecido ali.
Sem resposta, o detetive caminhou até a maca de autópsia vazia, mas suja, como se um corpo tivesse sido transportado mas sem a higienização após o uso.
— Você não faz isso... — sussurrou ele enquanto varria com os olhos cada canto do piso limpo. — Não, — Sherlock sentiu um aperto no coração quando visualizou a evidência mais forte de que algo horrível realmente havia acontecido.
No chão, perto de uma bancada, caído sobre um pequeno disco de cor vermelha, estava o pingente formado por três pequenos círculos entrelaçados presos pela fina corrente de ouro que ele deu de presente para Molly no dia em que a pediu em namoro.
Sem a certeza de quem poderia ser o sangue, e intimamente desejando que fosse do atacante e não da mulher, o detetive pegou uma pequena embalagem plástica na gaveta onde a patologista guardava itens daquele tipo, e acondicionou a joia com cuidado usando uma pinça limpa.
Sherlock ficou encarando o objeto em sua mão, ciente de que precisava avisar a polícia, começar a investigação o quanto antes, mas seu corpo não deixou. Suas pernas cederam ao seu peso e ele se sentou escorando as costas no armário mais próximo tentando se acalmar. Só uma pessoa conseguiria ajudá-lo naquele momento. Com as mãos trêmulas, ele tirou o celular do bolso do Belstaff.
— John, — disse ele com dificuldade quando o amigo atendeu. — Ela sumiu.
Audrey se assustou com a expressão no rosto de John ao atender a breve ligação.
— O que foi? — perguntou ela sentada no sofá grande da sala ao lado dele.
— O Sherlock precisa de ajuda — disse ficando de pé e pegando o casaco preto na poltrona perto da porta. — Cuida da Rosie pra mim — pediu antes de sair correndo do apartamento sem se despedir.
— Onde o papai foi? — quis saber a menina de pé no meio do cômodo um pouco chorosa depois de ter observado a cena sem compreender.
— Encontrar com seu padrinho — informou ela estendendo a mão na direção de Rosie e a acolhendo em seu colo. Audrey estava tão perdida quando ela em relação ao que tinha acontecido, mas seja lá o que fosse, tinha certeza que devia ser algo grave com a Molly. Em silêncio, ela rezou para que tudo ficasse bem com a amiga.
Sem querer se preocupar com estacionamento, John seguiu de táxi para o Barts e no caminho ligou para Greg o chamando para encontrá-lo no hospital. Ele não tinha nenhuma informação além do sumiço de Molly para justificar o pedido, mas pela amizade com Sherlock, o inspetor não hesitou e também saiu correndo para socorrer o amigo.
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YOLO - Só se vive uma vez
Fiksi PenggemarDr. Watson disse certa vez que normal e bem são termos relativos quando se trata dos Holmes, e o mesmo parece valer para quem frequenta o 221B da Rua Baker. Rosie iniciou a vida escolar, ainda contando com sua babá, Audrey, que conseguiu um lugar pe...