Não era apenas no 221B da Rua Baker que a refeição estava sendo um pouco tumultuada. No Barts, Sherlock tentava convencer Molly a deixá-lo ajudar com os talheres.
— Eu já disse que não é esforço nenhum e eu nem estou com tanta dor assim — garantiu ela pela segunda vez.
— Tem certeza?
— Tenho. — Molly olhava para a pequena bandeja com couve-flor gratinada e bem cozida coberta com queijo. — Nem estou com muita vontade de comer.
— Você tem ideia de quanto tempo não come nada? Mais de 24 horas!
— Olha quem fala. — Ela deu uma risadinha.
— Já te disse que eu posso — retrucou ele.
Sem querer discutir, e dando razão ao namorado quanto à necessidade dela precisar colocar algo no estômago depois de tanto tempo, mesmo sem muita vontade Molly começou a comer.
— Você também deveria comer alguma coisa, — recomendou ela. — Se vai ficar aqui precisa se alimentar — ela espetou um pedaço de couve-flor e levantou o garfo na direção dele.
Sherlock sorriu com a situação exageradamente pacífica depois de tudo o que haviam passado e inclinou o corpo aceitando a oferta.
— Depois eu vou buscar alguma coisa na cantina para mim, — informou ele. — Esse jantar é seu. — Completou se aproximando de Molly e dando um beijo em sua testa logo abaixo da faixa enrolada em sua cabeça. Aparentemente as pancadas que ela recebeu não acarretariam mais do que uma dor de cabeça forte.
Audrey terminou de comer sob o olhar atento de John. Ela se controlou da melhor forma que conseguiu e conteve a agitação, mas a mulher sabia que aquilo iria voltar. Com justificativa lógica ou não, ela sabia que suas emoções estavam muito instáveis.
— Toma, bebe um pouco. — Assim que terminaram a refeição, o homem ofereceu um copo de água para ela. — Você quer ir lá para sala ou para o quarto?
— O que você vai fazer?
— Eu preciso lavar o que eu sujei.
— Vou ficar aqui com você. — Ela sorriu e John retribuiu da mesma forma.
— Olha, se você ficar na poltrona do Sherlock, consegue me ver, — sugeriu ele. — E é bem mais confortável do que essas cadeiras.
Audrey olhou para a sala e refletiu por alguns instantes concordando com a sugestão com um aceno de cabeça enquanto se apoiava sobre o tampo da mesa para ficar de pé. O amigo a amparou até o cômodo ao lado e voltou para a cozinha.
Quando terminou de lavar a louça, a noite começava a tomar o lugar do dia e John se acomodou em sua poltrona, por sugestão da amiga, para assistirem TV. Ele aceitou o convite já sabendo que Audrey não permaneceria acordada e, por volta de 30 minutos de filme, a mulher estava dormindo sobre a poltrona.
Antes de tirá-la dali, John foi até o quarto de Sherlock e arrumou a cama para que ela pudesse se deitar. Não havia sentido em levá-la para o piso superior quando estavam apenas os dois no apartamento.
— Vem — disse John com a voz suave passando um dos braços por baixo das pernas de Audrey e apoiando o outro nas costas dela para carregá-la no colo mais uma vez.
Sem acender a luz, o homem a depositou com carinho sobre o colchão e a cobriu com o edredom em seguida. John sentou ao lado da amiga e acariciou o rosto dela aliviado com o desfecho do episódio ainda conseguindo sentir a dor de quando gritou por ela depois de receber a ligação da escola de Rosie.
Por mais que tivesse medo de machucar Audrey, sabia que não conseguiria ficar longe dela. Estava decidido que romance não era uma boa ideia para os dois, mas estaria por perto, sempre. John se levantou para ir embora, mas algo o impediu.
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YOLO - Só se vive uma vez
FanfictionDr. Watson disse certa vez que normal e bem são termos relativos quando se trata dos Holmes, e o mesmo parece valer para quem frequenta o 221B da Rua Baker. Rosie iniciou a vida escolar, ainda contando com sua babá, Audrey, que conseguiu um lugar pe...