De volta a Rua Baker, depois de estacionar o carro, John e Audrey encontraram Molly assim que desembarcaram do veículo. A patologista havia terminado seu turno no Barts e ao saber que Rosie estava com o padrinho, passou para fazer uma visita, já que no dia anterior não havia conseguido ir ver a afilhada. Depois de trocarem cumprimentos, o trio entrou no prédio.
Para a decepção da madrinha, no entanto, a senhora Hudson precisou ir ao mercado e chamou Rosie para acompanhar. A menina obviamente aceitou o convite para o passeio e a idosa garantiu a Sherlock que não iria demorar muito.
O fato, porém, era conveniente para que John pudesse contar com todos os detalhes o que havia acontecido na escola. Tanto no dia anterior quanto a discussão que ele e Audrey tiveram com a diretora.
— Eu devia ter notado alguma coisa quando fui até aquela creche com você — anunciou Sherlock acomodado em sua poltrona. — Essa senhorita Pierce estava lá quando visitamos o lugar?
— Não sei, acho que não... — John pensou por alguns instantes. — Pra dizer a verdade nem sei se cheguei a conhecer ela. Só se é a mulher que estava nos recepcionando quando fomos levar a Rosie ontem de manhã. — Ele olhou para Audrey sentada ao seu lado no sofá maior.
— Acho que não, foi a professora quem pegou ela com a gente de manhã — respondeu a mulher.
— Foi muito aleatório o que fizeram — desabafou Molly que estava na poltrona de madeira escura com braços e forro com detalhes em amarelo, próxima aos dois amigos. — O que esperavam conseguir com isso?
— Certamente dinheiro... — apontou Sherlock. — Seria a palavra deles contra a de Audrey e mesmo com a Rosie machucada, não seria justificativa suficiente para a lesão corporal que eles estão alegando. Aposto inclusive na capacidade dessa mulher se autoflagelar para forçar uma indenização.
— O mundo é muito cruel... — comentou Audrey.
— As pessoas são cruéis, mas você não tem com o que se preocupar. — Sherlock piscou um dos olhos sorrindo para ela. — Você é minha amiga e eu revelaria o plano deles com provas concretas sem precisar sair de casa!
A mulher sorriu de volta feliz com a consideração e a confiança dele.
— Ainda tá pra nascer alguém que cuide melhor dos amigos do que você, Sherlock. Nós temos muita sorte.
— Não sei se posso concordar plenamente com isso depois de ter envenenado o John uma vez — declarou o homem enquanto ria. — Em minha defesa, era um experimento e ajudou a prender um assassino. Apesar de quase ter matado ele de susto por achar que estava sendo perseguido por um cachorro gigante.
— Como assim? — Audrey olhou surpresa para Sherlock e depois para John do seu lado direito.
— Ele não me envenenou, deduziu que o açúcar que ele mesmo tinha ingerido estava com algum tipo de alucinógeno e me fez beber para tirar a prova — explicou John. — E a parte do cachorro foi realmente verdade, mas eu saí ileso. Pelo menos fisicamente. — Ele também riu lembrando a ocasião.
— O que está no blog não é nem metade do que esses dois já aprontaram — comentou Molly também com um sorriso no rosto.
O clima descontraído, no entanto, não estava mais contagiando John que havia parado de rir e estava perdido em seus pensamentos.
— Hey, — Audrey chamou a atenção dele o tocando no ombro. — Saudades daquele tempo?
— Também, — o homem deu um sorriso tímido. — É que, algumas lembranças me vieram à mente e, — John juntava as palavras lentamente. — Sinceramente, eu não sou tão bom amigo quanto deveria — declarou ele. — E depois da minha falta de controle hoje, talvez eu nunca seja.
VOCÊ ESTÁ LENDO
YOLO - Só se vive uma vez
Fiksi PenggemarDr. Watson disse certa vez que normal e bem são termos relativos quando se trata dos Holmes, e o mesmo parece valer para quem frequenta o 221B da Rua Baker. Rosie iniciou a vida escolar, ainda contando com sua babá, Audrey, que conseguiu um lugar pe...