Capítulo 33 - Deixa eu dizer que te amo

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A menção da opinião de Sherlock sobre relacionamento o fez aproveitar a oportunidade para revelar pela primeira vez o resultado de sua reflexão depois de descobrir que Molly sabia sobre aquilo. Eles continuavam de frente um para o outro e a mulher havia entrelaçado dos dedos das próprias mãos sobre o colo.

— Tenho certeza que não foi de mim que você ouviu que relacionamento não é a minha área, — disse Sherlock enquanto tocava uma das mãos de Molly com as pontas dos dedos. — Mas tem ideia do motivo de eu nunca ter dito isso diretamente para você, mesmo depois de perceber seus flertes?

— Achei que tivesse tentando tirar vantagem da situação. — A resposta dela saiu quase que em um sussurro.

— Alguns anos atrás, e eu me envergonho profundamente disso, infelizmente já tive essa atitude deplorável — lamentou Sherlock visivelmente arrependido. — Mas quando notei que seus sentimentos por mim eram sinceros, passei a controlar meu comportamento e te ver como minha amiga e não apenas uma forma de conseguir o que eu precisava dentro do Barts. Não foi à toa que eu confiei em você para me ajudar no plano de forjar minha morte. Sabia que podia confiar plenamente em você, Molly. E você não me decepcionou.

— De todos os homens por quem eu já me apaixonei, você é de longe o mais peculiar — afirmou ela.

O homem deu uma gargalhada.

— Bondade sua me classificar assim, — declarou ele. — As pessoas costumam usar adjetivos bem piores para me descrever.

— São pessoas superficiais que não enxergam o que você traz no coração.

Sherlock virou a palma da mão direita aberta para cima e, entendendo a mensagem, Molly pousou a mão esquerda sobre a dele. Os dedos do homem se fecharam sobre o dorso da dela que retribuiu gentilmente imitando o gesto.

— Mas você não acertou a resposta da pergunta que eu fiz — provocou ele. — Por que, mesmo depois de ter passado a ver você como minha amiga, ainda assim eu não cortei de vez a possibilidade de um relacionamento romântico como costumo fazer?

— Eu não sei, Sherlock. — Os olhos de Molly brilhavam enquanto o encarava.

Ele sorriu formando pequenas rugas ao lado dos olhos.

— Por que, Molly Hooper, — Sherlock gostava de dizer o nome dela. — Perceber o que você sentia por mim primeiro me deixou lisonjeado. Não foi a primeira vez que uma mulher me olhou com desejo. — Molly sentiu as bochechas ardendo, mas aceitou que ele estava certo. — Mas foi a primeira que parecia olhar além do que eu sou por fora. Sem medo. Na verdade, arrisco dizer que minha excentricidade te atraiu.

Ela nem precisou dizer em voz alta que concordava com afirmativa. Era encantador ver como o cérebro do amigo trabalhava e ambos podiam se perder em uma conversa por horas, ou apenas apreciar a companhia um do outro no mais completo silêncio entretido em seus afazeres.

— Em seguida, sua disposição para cuidar de mim — continuou o homem. — Enquanto todo mundo prefere me conter e esperar a crise passar, você sempre está lá para segurar a minha mão, me acalmar e garantir que tudo vai ficar bem. Mesmo entorpecido pelas drogas ou fraco demais para interagir, conseguia sentir seu carinho. — Ele lembrou quando a amiga havia batido nele e levou a mão livre ao rosto fingindo ainda estar com dor.

— Mais uma vez, me perdoa por ter sido tão rude com você. Eu estava desesperada. — Ela colocou a mão direita sobre a esquerda dele a afastando de seu rosto e segurando da mesma forma como estavam fazendo com outra. — E com muito medo de perder você.

— Peço perdão pelo quanto minhas atitudes te fizeram sofrer, — acrescentou ele. — Em terceiro lugar, você consegue me entender, quando eu mesmo não consigo. Sua presença me traz a certeza de que eu jamais ficarei perdido e sempre terei alguém para me explicar, com paciência, coisas simples para os outros, mas, graças aos anos que passei tentando ser igual ao meu irmão, complicadas demais para mim.

YOLO - Só se vive uma vezOnde histórias criam vida. Descubra agora