Capítulo 67 - Questão pessoal

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Audrey sentiu tudo de uma vez. O coração acelerando, o suor começando a escorrer por várias regiões de seu corpo, uma pontada de dor no estômago, tremores generalizados e seu cérebro implorando para ela puxar o freio de mão do carro e sair dali.

Enquanto tentava controlar o que parecia ser uma crise de pânico, a mulher não percebeu o movimento rápido de Phil que soltou a mão esquerda do volante e avançou sobre ela tomando posse de sua arma. Um golpe que ele vinha calculando desde que visualizara o objeto.

— Sua amiga está viva — disse ele pressionando o cano da pistola contra as costelas dela pela lateral direita do tronco. — Se vai continuar, só depende de você.

Audrey sentiu o calor abandonar seu corpo e por pouco não desmaiou. De novo um revés estando de porte daquela arma. Ela bem que avisou para John. As lágrimas molharam suas bochechas em um choro silencioso pela decisão que havia tomado e a antecipação da dor que causaria aos amigos.

Phil, por outro lado, estava completamente satisfeito com as reviravoltas. Estava sem saber como faria com Molly, já que não conseguia hipnotizá-la, e a arma seria uma boa forma de convencimento. Quase colocou tudo a perder por conta de sua arrogância, achando que conseguiria manipular as duas com facilidade, contudo, o destino parecia estar finalmente em seu favor.

— Cabeça dura a da sua amiga, sabia? — contente com o desenrolar dos eventos, agora era ele que queria conversar. — Eu tentei sequestrar ela uns dias atrás quando o homem de casacão parou de acompanhar ela pela rua. Mas ela não é fácil de levar na conversa igual você.

O homem continuava segurando a arma virada na direção de Audrey enquanto falava. 

— Obviamente que estava usando um disfarce e comecei conversando trivialidades como sempre faço e testando até onde eu poderia ir manipulando as respostas dela para as perguntas que eu fazia. Nada tirou o raciocínio da linha. Nenhuma sugestãozinha.

Audrey não olhava mais para Phil. Seus olhos estavam concentrados no asfalto na frente dos dois.

— Precisei simular que eu era um cadáver pra pegar ela, acredita? — O homem suspirou. — E ela ainda tentou lutar comigo. E depois fugir! O bom é que talvez a pedrada tenha aberto a cabeça dela para novos horizontes. — Ele sorriu com malícia. — A idiota achou que conseguiria escapar sem saber como sou bom em arremesso. Está me ouvindo, Audrey?

A mulher virou a cabeça devagar, como se o mundo estivesse em câmera lenta, e encarou o homem enquanto as lágrimas escorriam pelo seu rosto. Ele havia acabado de confirmar que Molly tinha um ferimento na cabeça pouco depois de contar que ela estava inconsciente. Só restava rezar para que a amiga fosse forte o suficiente para resistir até Sherlock encontrar as duas.

Na sala de controle do departamento de trânsito, tudo o que conseguiram confirmar foi a capacidade de Phil de se manter oculto. Não havia imagens dele entrando ou saindo do hospital, muito menos transportando um corpo nas proximidades. Claramente sua habilidade em manipular as pessoas era grande estava ajudando muito.

Rastrear o celular de Molly acendeu um pouco a esperança neles quando o aparelho parecia estar em deslocamento, mas o que os policiais descobriram ao interceptar a mulher em frente ao Palácio de Buckingham com o aparelho era que se tratava de mais uma vítima de Phil.

Segundo ela, as ordens eram: "levar o telefone para a Rainha a mando de Sherlock Holmes". Assustada, não houve qualquer informação por parte dela que ajudasse a desvendar o mistério. O detetive lutava para não perder o controle contando com o apoio dos amigos.

Caminhando de volta para a Rua Baker, onde pretendiam continuar analisando as pistas que tinham, John recebeu uma ligação. A princípio pensou em ignorar. Se fosse Audrey querendo notícias, logo se encontraria com ela para contar. No entanto, um aperto no peito o motivou a atender.

YOLO - Só se vive uma vezOnde histórias criam vida. Descubra agora