Capítulo 8 - Pequeno infortúnio

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John estava com os braços cruzados observando Sherlock analisar aquelas manchas estranhas que, segundo Lottie Bailey, era realmente sangue e pertencia ao seu falecido tio, Eugene Barton. Greg comprovou a alegação da jovem afirmando que ele mesmo havia visto o resultado das análises de laboratório.

O detetive consultor estava de joelhos no chão, avaliando a pequena poça vermelha perto da lareira da sala, no térreo da mansão, com sua lupa de bolso quando o celular de John vibrou no bolso do casaco azul marinho avisando sobre a chegada de uma mensagem de Audrey.

"Já estamos em casa - AM"

"Demoraram" — respondeu ele que já esperava por notícias das duas há algum tempo.

"Tivemos contratempos. A história é longa. Conto quando você chegar".

O pai achou aquilo estranho, mas confiava o suficiente na amiga para esperar até chegar em casa e descobrir o que havia acontecido. Mesmo assim, John sentiu um aperto no peito tentando adivinhar o que poderia ser. Era o primeiro dia de aula de Rosie e ele queria que tudo tivesse ocorrido de maneira feliz e tranquila, sem contratempos.

Satisfeito com sua conclusão através da análise da mancha de sangue que segundo Ralph Evans, primo de Lottie e também herdeiro de Eugene, surgiu inexplicavelmente na noite anterior enquanto a mansão estava vazia, Sherlock pediu para ir até o andar de cima. O detetive queria ir ao quarto onde o dono da casa passou seus últimos momentos, pois sabia que estava próximo de confirmar sua teoria.

Havia evidências suficientes em Ralph, que acompanhava a investigação com certo desdém, para o detetive fazer sua acusação, mas o comportamento presunçoso do homem estava inspirando Sherlock e o deixando muito empolgado a ponto de querer mais provas antes de fazer a revelação.

Aquela postura indicava para o detetive que a seringa usada para criar a pequena poça ainda estava por perto, assim como o resto do sangue junto com as digitais da pessoa que havia arquitetado o esquema.

John percebeu a empolgação do amigo ao explorar o quarto, comparável a de Rosie ao procurar ovos de páscoa escondidos com a certeza de encontrar, e sorriu para Lottie dando a ela e seu advogado a tranquilidade de que tudo estava correndo conforme o esperado.

Apesar de não achar nada dentro, embaixo ou atrás dos móveis, o detetive não se abalou, pois sabia que estava perto pela maneira impaciente que Ralph o encarava.

— Se estou ter atrasando para algum compromisso... — disse o detetive para provocar.

— Deixei a agenda vazia, mas acho um absurdo o que estão fazendo. Essa acusação é ultrajante e vai te custar caro! — Ele apontou o indicador direito para a prima.

Sherlock não disfarçou o sorriso e saiu do quarto parando embaixo de uma pequena porta no teto do corredor. Ao levantar o braço, o homem deu a ele mais uma pista, pois os fragmentos de tecido que viu caído em um canto no trajeto até o aposento, não só eram do mesmo tom do paletó que ele usava, como também compatíveis com o pequeno rasgo próximo ao pulso.

Agora a porta no teto fazia sentido e era parte importante do esquema. O detetive poderia apostar que lá em cima, no sótão, haveria pegadas do homem e uma caixa térmica com o que estava procurando cheia de digitais dele.

No entanto, antes que ele anunciasse suas descobertas, o celular de John vibrou mais uma vez. Já fazia meia hora da primeira troca de mensagens e ele estava cada vez mais angustiado querendo saber o que havia acontecido com a filha.

O gesto dele ao tirar o aparelho do bolso fez Sherlock hesitar por alguns instantes e esperar para começar a falar.

"Rosie caiu na creche, está com um corte pequeno no lábio e precisa de alguma coisa para a dor".

YOLO - Só se vive uma vezOnde histórias criam vida. Descubra agora