Capítulo 22 - John e os feijões

16 2 18
                                    

O que era para ser apenas mais uma etapa desvendada do mistério, acabou sendo um revés inesperado.

Sherlock estava certo sobre o mecanismo destrancar apenas usando as chaves de forma simultânea, mas o que ele não esperava, e talvez nem Genevive ao guardar o objeto ali, era que as dobradiças de metal estavam velhas demais para continuar suportando o peso da porta.

Assim que foi destrancada, ela se desprendeu do teto e caiu sobre John que só teve tempo de dobrar o corpo para frente e proteger a cabeça da pesada peça de madeira.

— John! — gritou Sherlock desesperado.

Sem se importar com qualquer outra coisa além do amigo, ele se abaixou e retirou a placa de madeira de cima do homem que gemia de dor.

— Tudo bem, eu estou bem, — disse ele aliviado e agradecido por estar livre do peso, sentando no chão, mas sem se recostar contra a parede.

— Tem certeza? — Sherlock ainda tinha os olhos arregalados por conta do susto.

— Sim, — John sorriu para tentar passar certeza no que dizia.

— Eu sinto muito, doutor Watson — disse Anissa quase tão assustada quanto o detetive.

Ninguém ali estava esperando por algo assim.

— Tudo bem, não se preocupem — pediu ele ainda com o sorriso no rosto. — Vamos continuar. — John apontou com a mão direita para a caixa que estava na prateleira mais alta da dispensa, antes oculta pela porta.

Sherlock pegou o objeto, mas não deu muita importância a ele entregando para Anissa que se afastou da porta para que o detetive passasse com o amigo que ele havia acabado de ajudar a se levantar do chão.

— John, — chamou Arthur oferecendo a ele um copo d'água gelado.

— Obrigado — agradeceu o homem enquanto tomava o líquido. — Não foi nada demais, podem ficar tranquilos. É preciso mais que uma porta de madeira para me derrubar — continuou com uma risada forçada.

Por mais que tentasse acalmar a todos quanto à seriedade do que havia acontecido, John sabia que se não fosse seu reflexo rápido, a porta o teria atingido na cabeça e, nesse caso, sairia dali inconsciente e talvez correndo risco de morrer. Mas não queria pensar no pior. Estava feliz por ter sobrevivido com apenas uma contusão nas costas.

— Sherlock, — o tabelião fez a mesma oferta para o detetive que também aceitou a bebida.

Arthur e Anissa também resolveram tomar um copo de água na tentativa de se acalmarem.

Querendo passar a impressão de que estava bem e dissipar o clima tenso, John alcançou a caixa que Anissa havia largado sobre o balcão, que dividia a sala de jantar da cozinha, respirando fundo para esconder a pontada de dor por conta do movimento brusco.

Não tinha nada além de um papel já amarelado com uma frase escrita em letra cursiva que o homem leu em voz alta.

— "Da pequena semente à pequena fortuna".

Sherlock não estava acreditando nas palavras do amigo sobre o ferimento não ser grave e a preocupação o impedia de raciocinar direito, de forma que o silêncio continuou enquanto o grupo esperava pela sua dedução.

John não só havia percebido, como compreendia o que ele estava sentindo. Os dois já haviam passado por traumas suficientes na vida para algo assim os afetar mais do que a maioria das pessoas. Justificava inclusive as reações de ambos, apontadas por muitos como exageradas, e várias vezes interpretadas de maneira errada.

— Sua avó tinha algum tipo de plantação, algo que rendesse lucro para a família? — John se manifestou para que Sherlock tivesse mais um tempo para se recuperar do susto.

YOLO - Só se vive uma vezOnde histórias criam vida. Descubra agora