John lavou as mãos e começou a juntar os utensílios e ingredientes para preparar um mingau para Rosie. Audrey se apoiou na bancada perto do fogão e ficou de frente para o amigo enquanto esperava ele ficar parado para poder prestar atenção nela.
— Obrigado pela ajuda, — agradeceu o pai enquanto despejava um pouco de leite na panela. — A Rosie não gosta muito quando eu personifico o médico. — John deu um meio sorriso.
— Normal como qualquer criança — declarou Audrey. — E algumas mulheres que perderam a memória. — Ela cruzou os braços na frente do corpo.
— Mas você nunca se incomodou comigo cuidando de você — retrucou ele.
— Não, com você nunca tive esse problema — admitiu ela.
John pegou uma colher e retirou de dentro da embalagem de papelão cor de rosa estampada com uma tigela cheia de mingau decorada com frutas imitando o rosto de um porquinho, duas porções para acrescentar ao leite levemente aquecido. Audrey observou as informações estampadas na caixa e, além do sabor morango com banana, outro fato chamou a atenção dela.
— Isso é meio fora do padrão das coisas que você oferece para a Rosie comer — comentou por conta do excesso de zelo com que o amigo cuidava da alimentação da filha. — Um alimento industrializado cheio de açúcar certamente não deveria estar na lista.
— Ser pai é assim, — John sorriu antes de adicionar mais uma colher do cereal à mistura já borbulhante dentro da panela. — Você faz um roteiro, e no final os filhos alteram tudo. Ou quase tudo, — continuou ele. — A Rosie já deveria ter parado de comer isso inclusive, mas nem sempre consigo recusar quando ela me pede, então eu tento escolher as marcas mais saudáveis e com menor teor de açúcar. — O pai indicou o selo na embalagem com a mensagem: "Orgânico, sem cores ou sabores artificiais e sem adição de sal ou açúcar".
Audrey sorriu um pouco sem graça por ter feito seu julgamento de maneira apressada imaginando que o amigo poderia estar sendo displicente com a alimentação da filha, enquanto pregava o oposto. Ela se afastou e pegou na gaveta uma colher e depois, no armário, uma tigelinha onde Rosie poderia comer o mingau.
— Às vezes complemento com frutas, mas hoje acho que ela não vai conseguir mastigar direito — disse ele quando a amiga se aproximou novamente.
— Isso me lembra de uma coisa, — a mulher retirou o celular do bolso do casaco. — Acho que o jantar que a gente ia preparar vai ter que ser adiado, não é?
John apenas suspirou e acenou com a cabeça em positivo enquanto via Audrey digitar uma mensagem.
— Vou avisar para Molly — anunciou ela assim que pressionou o botão enviar.
— Bem lembrado — concordou John desligando o fogo.
O mingau estava pronto, agora precisava esperar esfriar um pouco. A mulher ainda estava de cabeça baixa olhando para o celular conversando com a amiga quando John se afastou do fogão com a intenção de deixar o cômodo.
— Preciso falar com você. — Audrey pediu gentilmente segurando o braço dele.
O homem esperou paciente enquanto a conversa virtual terminava e estava sorrindo quando ela finalmente guardou o aparelho. A babá sorriu para o amigo e respirou fundo antes de começar.
— Eu preciso te pedir desculpa pelo que eu fiz...
— Audrey, você não está se culpando pelo que aconteceu com a Rosie, está? Porque você não tem culpa nenhuma...
— Espera. — Ela levantou a mão direita para impedi-lo de continuar. — Apesar de ter influenciado a reação dela, eu sei que não tive culpa, mas não é por isso que eu quero me desculpar. Eu agi mal na creche e talvez o que eu fiz possa trazer problemas para você.
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YOLO - Só se vive uma vez
FanfictionDr. Watson disse certa vez que normal e bem são termos relativos quando se trata dos Holmes, e o mesmo parece valer para quem frequenta o 221B da Rua Baker. Rosie iniciou a vida escolar, ainda contando com sua babá, Audrey, que conseguiu um lugar pe...