Desde o primeiro ciclo menstrual que lembrava, Audrey estava tentando agendar uma consulta com a ginecologista como Molly havia recomendado, mas o segundo ciclo acabou estragando seus planos e adiando a data.
No entanto, antes que acontecesse pela terceira vez e ela sofresse com o excesso de dor sem um remédio adequado, a mulher retirou o pedido no GP do NHS onde estava cadastrada e agendou uma consulta para a primeira quinta-feira de agosto depois do final de seu expediente como babá.
Audrey aguardava ansiosa pelo retorno de John para ficar com a filha possibilitando que ela chegasse com tempo de sobra ao seu compromisso. Assim que o amigo abriu a porta ela deu um beijo na testa de Rosie, com quem brincava no chão da sala, e pegou a bolsa sobre a poltrona.
— Algum motivo para tanta pressa? — perguntou ele sorrindo sem fechar a porta.
— Tenho uma consulta daqui a meia hora — respondeu ela.
— Você está se sentindo mal? Algo que eu possa ajudar? — A aflição do homem estava estampada em seu rosto.
— Ginecologista, John. — Audrey pressionou os lábios um contra o outro enquanto sorria.
— Ah, sim. — O amigo riu um pouco sem graça por ter perguntando ao compreender a situação. — Espero que esteja tudo bem com você.
— Eu também — concordou ela caminhando em direção à porta.
Os dois preferiram não estender mais a conversa e Audrey saiu ouvindo John trancar a porta à medida que se afastava.
A médica recomendada por Molly atendia em uma clínica que ficava no caminho para Rua Baker. A mulher conseguiu chegar dez minutos antes do horário marcado e estava preenchendo uma ficha de cadastro.
A tarefa poderia ser simples para a maioria das pessoas, mas não para ela. Havia perguntas demais sobre sua saúde ao longo da vida e Audrey não fazia ideia do que responder.
— Calma, respira devagar — disse para si mesma sentada em uma das cadeiras das filas paralelas dispostas na recepção de frente para o balcão da enfermagem percebendo que estava prestes a entrar em pânico.
A médica iria acreditar na história do acidente de bicicleta e na amnésia dela. Forneceria a maior quantidade de dados que tinha disponível e explicaria da maneira como haviam combinado. Sherlock havia inclusive dado permissão para que seu nome fosse citado caso necessário. Ele era um detetive consultor bastante conhecido na cidade. Iria funcionar.
Enquanto preenchia seus dados, Audrey percebeu que não havia passado mais do que uma semana da data que Mycroft escolhera para ser seu aniversário. Ficou grata por ninguém ter se lembrado. Não queria lidar com as memórias que aquilo iria trazer, pois foi em um evento daquela natureza o dia escolhido por seus pais para se livrar da filha.
— Audrey Morgan — chamou a enfermeira com uma prancheta na mão. — Dra. Lara Klein vai te atender.
Havia chegado a hora de descobrir mais alguns detalhes que sua memória omitia. A mulher levantou e caminhou até o consultório da médica sorrindo timidamente para a enfermeira ao passar por ela.
— Boa noite — disse a ginecologista sentada de frente para uma mesa com um sorriso acolhedor no rosto.
— Boa noite — respondeu Audrey tentando transparecer tranquilidade.
— Sente-se, por favor — ela indicou uma cadeira do lado oposto de onde estava.
A mulher aceitou a oferta, mas seu corpo continuava pedindo desesperadamente para que ela fosse embora.
— Fique tranquila, — aconselhou a médica sensível ao estado dela. — É sua primeira consulta?
— É sim. — Infelizmente o pedido da profissional não serviu para muita coisa e ela continuava nervosa.
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YOLO - Só se vive uma vez
Fiksi PenggemarDr. Watson disse certa vez que normal e bem são termos relativos quando se trata dos Holmes, e o mesmo parece valer para quem frequenta o 221B da Rua Baker. Rosie iniciou a vida escolar, ainda contando com sua babá, Audrey, que conseguiu um lugar pe...