Capítulo 35 - Mais memórias boas

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— Me desculpe... — Foi a primeira coisa que John disse assim que conseguiu controlar as lágrimas e se afastou um pouco de Audrey.

— Não precisa se desculpar por demonstrar seus sentimentos, John — disse a mulher limpando o rosto do amigo com carinho usando os polegares.

— Essa mensagem que ela deixou... — O homem sentiu um nó na garganta e antes que começasse a chorar novamente alcançou sua taça de vinho sobre a mesinha de centro e bebeu um gole generoso. — Quando a Rosie for mais velha...

— Nós vamos estar aqui para ajudar você — afirmou Audrey. — Não sofra se preocupando com isso — pediu a mulher com o tom de voz mais suave que conseguiu.

Ela pegou sua taça de vinho e também bebeu antes de continuar.

— E tem também sobre o que a Mary falou de você encontrar alguém... — A mulher deu mais um gole na bebida. — Não perca as esperanças. — Ela pegou alguns dos mini pretzels salpicados de sal na bandeja sobre a mesa de centro.

— Já faz tempo que eu não me apaixono por ninguém, acho que isso não vai mais acontecer.

— Não pense assim, — ela bebeu mais um gole antes de pegar quatro cubinhos de queijo. — Talvez na escola da Rosie tenha alguma mãe solteira que conquiste sua atenção. Certamente ela não vai se importar com o fato de você ser pai.

— Aposto que ela vai querer alguém mais jovem e bonito...

— Mas você é bonito! Eu já te disse isso!

— Achei que fosse só quando eu tô usando o jaleco. — John estava se sentindo confortável o suficiente para se divertir com a situação.

— Sem ele também — afirmou Audrey terminando de esvaziar a taça a mantendo na frente do rosto.

Ela percebeu quando os olhos do amigo focaram o recipiente vazio em suas mãos e começou a rir.

— Eu não tô dizendo isso porque tô bêbada, — declarou ela em meio as risadinhas. — Eu não tô bêbada... — A mulher fez um biquinho com os lábios. — Talvez um pouquinho alterada... — concluiu ela olhando da taça para a garrafa com o líquido para baixo da metade sobre a mesinha.

— Eu não devia ter deixado você beber tão rápido — declarou John pegando a taça na mão dela e colocando ao lado da garrafa. — Você ainda está aprendendo seu limite.

— Da outra vez tinha mais gente pra dividir — sugeriu ela.

— Tinha sim — admitiu ele.

— Mas eu não retiro o que disse. Você é muito bonito, John Watson! — afirmou Audrey com convicção.

— Obrigado. — O homem agradeceu com um sorriso. — Digo o mesmo sobre você — continuou ele.

— Obrigada. — A mulher sorriu antes de pegar mais uns petiscos da bandeja.

— Imagino que logo vai aparece um homem que se apaixone por você. — John resolveu se arriscar. Não tinha a menor intenção de revelar para Audrey o que havia confidenciado para Sherlock, mas queria especular quais chances teria caso estivesse realmente se apaixonando pela amiga.

— Espero sinceramente que não, — ela respondeu da mesma forma que havia feito para Molly. — Eu não quero me envolver com ninguém, não posso revelar meu passado, e não seria justo fazer isso mentindo...

John refletiu que aquilo não seria um empecilho para ele que sabia tudo sobre a história da amiga, mas o que ela declarou na sequência o desencorajou.

— De qualquer forma, acho que eu não sou capaz de me apaixonar por ninguém. Por sorte parece que o TEPT está bloqueando essa capacidade em mim. Antes daquela crise eu até achei que não estivesse mais me afetando, mas agora acho que é a melhor forma que eu tenho para me blindar.

YOLO - Só se vive uma vezOnde histórias criam vida. Descubra agora