Capítulo 56 - O Manipulador

9 3 12
                                    

Molly voltou correndo desesperada na direção do barulho abafado que ouviu não muito longe de onde havia estacionado seu carro e ficou em choque ao encontrar Audrey caída no chão. Ela se aproximou com muito medo de que a amiga estivesse morta por conta da quantidade de sangue no chão perto da cabeça dela, mas ao vê-la se mexer, respirou aliviada.

— Calma, devagar, — pediu agachada ao lado da amiga a ajudando a se levantar. — Senta primeiro, senão você vai ficar tonta.

Audrey abriu os olhos e sentiu sua cabeça latejando de dor com a claridade. Ainda sem entender o que estava acontecendo, ela ficou feliz em ver a amiga.

— Ainda bem que eu te encontrei, — continuou Molly. — Precisamos sair daqui! Acho que não estamos sozinhas.

— Onde é aqui? — perguntou Audrey muito confusa sem saber qual parte do seu corpo estava doendo mais. Tinha acontecido mais alguma coisa depois dos cortes na perna e no braço.

— Você não se lembra? — A patologista conferia os reflexos da amiga para se certificar de que os ferimentos eram apenas superficiais conforme pareciam.

— Isso não deveria ser motivo de surpresa quando se refere a mim — brincou a mulher.

Molly sorriu antes de contar o que havia acontecido até encontrá-la.

— Eu te liguei por videochamada no meu intervalo e você disse que estava indo buscar a Rosie na casa do Charlie, só que o caminho que estava fazendo ia te levar para o lado oposto aonde você deveria ir. Perguntei o nome da rua para confirmar e sua resposta não mudou.

Enquanto falava, Molly ajudava Audrey a ficar de pé.

— Como eu tinha alguma ideia de onde ficava a rua por onde você estava andando, saí do hospital e segui pra cá de carro. Pensei em ligar para o Sherlock, mas não achei que fosse nada além de uma confusão por conta da sua amnésia. Isso até te ver entrar no terreno dessa mansão abandonada.

Audrey tentava se lembrar de alguma coisa do que a amiga contava, mas nada lhe ocorria.

— Quando eu parei o carro você já tinha escalado pelos galhos secos grudados nas paredes e estava subindo no telhado. Eu pensei em fazer a mesma coisa, mas quando ouvi um barulho tive a certeza que você tinha caído e tentei subir por dentro da casa, mas tá tudo obstruído. Acho que foi assim que você conseguiu esses cortes...

— O da perna talvez, mas esse do braço eu cortei no vidro que caiu da porta. — Aquilo a fez lembrar que não estava sozinha dentro da casa. — Aí alguém bateu na minha cabeça. — Audrey engoliu em seco.

— Achei que você tinha se machucado quando caiu. — Molly apontou para o alto.

Com uma expressão de surpresa no rosto, Audrey finalmente percebeu que a sacada estava há alguns metros acima dela e entendeu que o golpe na cabeça não havia sido apenas para deixá-la inconsciente, mas uma tentativa evidente de tirar sua vida.

O medo de que seu passado estivesse voltando para acertar as contas, mesmo com a garantia de John e Sherlock que não havia mais motivo para esse receio, fez com que os primeiros sintomas de uma crise de pânico aparecessem.

Quando o barulho de passos se aproximando foi ouvido pelas amigas, elas trocaram um olhar assustado e correram em direção ao carro de Molly para sair dali o mais rápido possível. Por trás das sombras um homem observava as mulheres lamentando ter hesitado quando a ideia de matar as duas lhe ocorreu.

Não estava no seu plano inicial, mas achou que seria uma mudança muito bem-vinda. Por sorte havia conseguido se esconder delas e poderia continuar com seu trabalho mesmo com a pequena interrupção. Ele anotou mentalmente a placa do carro amarelo e voltou para dentro da casa através da única entrada desbloqueada no porão.

YOLO - Só se vive uma vezOnde histórias criam vida. Descubra agora