John despertou na manhã seguinte com as batidas insistentes na porta do seu quarto. Ele abriu os olhos e alcançou o relógio na mesinha de cabeceira para checar as horas e suspirou alto ao perceber que ainda faltavam 10 minutos para as sete da manhã.
— Sherlock só pode estar de brincadeira — resmungou ele enquanto caminhava descalço pelo quarto em direção à porta. — Tem ideia de que horas são? — perguntou sem abrir aporta por completo para não se expor no corredor com os trajes que usava.
— Eu disse que queria ir cedo para a mansão — respondeu Sherlock já pronto para sair e franzindo as sobrancelhas ao perceber que o amigo ainda estava de pijama.
— Preciso de uns 10 minutos — declarou ele.
— Vou chamar o táxi e te espero lá embaixo — informou o detetive se virando e seguindo pelo corredor.
John fechou a porta e voltou para dentro do quarto ciente que havia uma chance, mesmo que pequena, de que o amigo fosse sem ele caso o transporte chegasse antes dele estar pronto. Além disso, também já imaginava que ficaria sem o café da manhã. Lamentou não ter trazido nada comestível em sua bagagem.
Quando embarcou no veículo, 15 minutos mais tarde, o homem não escondia seu mau humor, no entanto, caso Sherlock conseguisse mesmo resolver aquele mistério antes do meio dia, ainda no Sábado descansaria em sua própria casa.
Não foi surpresa chegar à mansão de Genevive e perceber que tudo estava no mais completo silêncio. Uma névoa, que começava a se dissipar, envolvia o local em um frio que exigiu casacos fechados enquanto Sherlock e John caminhavam em direção ao local de repouso das aves.
A dupla refez o caminho em direção aos galpões, onde haviam passado as últimas horas da tarde anterior, e a poucos metros da construção, tomaram um desvio que seguia para a direita. O ar puro do campo que entrava pelas narinas dos dois aos poucos foi perdendo espaço para o cheiro característico de fezes e penas à medida que eles se aproximavam do destino.
— Não vai avisar para a Anissa que estamos aqui?
— Prefiro deixar para perturbar o descanso dela quando já estiver de posse da próxima chave — declarou o detetive com um sorriso no rosto.
— Quanta consideração... — disse John com o tom de voz carregado de ironia.
Sherlock se limitou apenas a olhar para o amigo e sorrir ignorando o descontentamento no rosto dele. No entanto, John não tentou conter o detetive ou convencê-lo a esperar, afinal, o local para onde estavam indo ficava tecnicamente do lado de fora da casa e os poucos funcionários que circulavam ocupados com seus afazeres matinais conheciam os dois.
Externamente o aviário se parecia com o celeiro de armazenagem dos grãos, mas por dentro, telas nas janelas, o chão de madeira coberto por feno e os caixotes que serviam de ninho deixavam claro onde eles estavam. Havia um homem recolhendo manualmente os ovos nos ninhos e Sherlock perguntou se ele havia encontrado algo fora do comum. A negativa que recebeu o desanimou o pouco, mas não o suficiente para desencorajar sua busca.
— Talvez Genevive tenha escondido com cuidado para que ninguém encontrasse antes da hora — disse o detetive enquanto afastava uma das aves e vasculhava, à procura da próxima pista.
— Interessante como essa mulher teve tempo de armar toda a caça ao tesouro — comentou John. — Fico imaginando do que ela morreu. Provavelmente uma doença que a incapacitou de forma lenta e gradativa.
— Ou talvez tenha recebido a ajuda de alguém — sugeriu Sherlock.
Concordando com ele, John também começou a busca dando preferência aos ninhos já vazios aproveitando que suas ocupantes haviam saído em busca de comida. Sherlock, no entanto, parecia demonstrar mais interesse nos ninhos que ainda estavam ocupados, como se alguma das galinhas fosse guardiã da próxima pista.
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YOLO - Só se vive uma vez
FanfictionDr. Watson disse certa vez que normal e bem são termos relativos quando se trata dos Holmes, e o mesmo parece valer para quem frequenta o 221B da Rua Baker. Rosie iniciou a vida escolar, ainda contando com sua babá, Audrey, que conseguiu um lugar pe...