Capítulo 10 - Coragem por ela

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Depois de encontrar uma vaga e estacionar o carro, John desafivelou o cinto de segurança e desceu do veículo. Audrey copiou os movimentos dele ainda em silêncio.

Apenas nesse momento o homem percebeu o desconforto que estava causando na amiga que se sentia intimidada por pessoas irritadas. Ele sorriu se dando conta do quanto vinha se controlando para não demonstrar sua raiva perto dela, algo que só fazia com a filha.

— Hey, — disse ele se aproximando da amiga quando ambos estavam sobre a calçada. — Eu... acho que estou um pouquinho nervoso com tudo o que está acontecendo. — John sorriu e segurou o cotovelo esquerdo de Audrey. — Vou tentar me controlar, tá — garantiu ele.

— Não estou com medo de você. — A mulher sorriu para o amigo antes de olhar para a fachada da creche.

— Fica tranquila, vai terminar tudo bem.

John acenou com a cabeça enquanto exibia um sorriso doce que a amiga retribuiu da mesma forma.

A dupla entrou no prédio e o homem anunciou que tinha agendado uma reunião com a diretora. Depois de confirmada a informação, ambos seguiram na direção indicada até o gabinete da mulher no andar superior da edificação.

Assim que ouviu as batidas à porta e já esperando pelo pai da aluna, Gioconda Wiley, uma mulher esguia de meia idade, cabelos louros presos em um coque impecável e óculos de leitura tipo caneta, levantou e abriu a porta.

O sorriso em seu rosto, no entanto, desapareceu completamente ao perceber que John não estava sozinho e tinha os dedos da mão direita firmemente entrelaçados aos da mão esquerda da mulher que, de acordo com sua declaração, havia causado aquela situação desagradável.

— Bom dia, — cumprimentou John percebendo a animosidade. — Nos falamos um pouco mais cedo ao telefone, mas eu gostaria de ouvir pessoalmente toda a história antes de tirar minhas conclusões.

— Bom dia, — respondeu a mulher a contragosto. — Por favor, sentem-se — disse ela indicando duas cadeiras de frente para a sua mesa opostas a outra onde ela se acomodou.

— Bom dia, — disse Audrey timidamente depois de se sentar.

John aumentou a força com que segurava a mão da amiga por alguns instantes antes de soltá-la e o gesto não passou despercebido pela diretora que suspirou com desdém já imaginando a relação dos dois. A babá seduzindo o viúvo, muito clichê.

A falta de cores no cômodo, com o mobiliário todo cinza, contrastava com a decoração do restante da creche. A mesa da diretora ficava no centro da pequena sala retangular e a mulher tinha à sua direita uma janela, naquele dia com as persianas levantadas por conta do céu nublado, e à esquerda um gaveteiro sobre o qual uma garrafa térmica, três xícara e um açucareiro aguardavam para serem utilizados.

O armário de escritório com duas portas na parede oposta à porta quase chegava ao teto e dividia espaço com uma estante repleta de livros.

— Bom, senhora Wiley, — disse o homem inclinando a cabeça ao ler a placa com o nome dela sobre a mesa. — Poderia repetir o que me disse ao telefone essa manhã?

— Com prazer, senhor Watson — afirmou a mulher. — A senhorita Morgan, adentrou nossas dependências ontem ao final da tarde e quando foi barrada por nossa funcionária e avisada sobre as regras do estabelecimento, com as quais o senhor estava de acordo, ignorou a ordem de esperar por Rosamund Watson na área reservada aos pais e responsáveis. Ela não só entrou no pátio exclusivo para as crianças como agiu com extrema violência contra nossa funcionária após ser advertida.

— A senhora está mentindo — retrucou Audrey quase sussurrando.

— Evidente que você jamais admitiria sua culpa na frente do seu patrão, mas fui eu que socorri nossa funcionária machucada e extremamente abalada com o que aconteceu. Nunca, em mais de 20 anos trabalhando conosco, aconteceu algo assim.

YOLO - Só se vive uma vezOnde histórias criam vida. Descubra agora