Capítulo 64 - A grande surpresa

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Imerso na investigação sem conseguir avançar mais com o trabalho de pesquisa exterior, Sherlock resolveu recorrer ao seu palácio mental para analisar toda informação que tivesse a respeito de Phil. Desde suas atividades em público, o que sabia sobre família dele, empregados da mansão e suas 6 vítimas, duas do desafio mortal, outros dois sem relação e os próprios pais, além de informações sobre os colégios que frequentou quando mais jovem e locais que costumava frequentar.

A capacidade que o homem tinha de parecer invisível, mesmo se expondo na internet, somada ao fato de ele ter rejeitado investigar algo tão interessante estava irritando o detetive consultor. Audrey nunca havia visto o amigo tão concentrado e estava começando a ficar desassossegada por conta do tempo que ele passava sentado na poltrona alheio ao mundo em sua volta. A mulher comentou o fato com John e Molly, mas nenhum dos dois parecia muito preocupado com aquilo. Ambos garantiram que uma hora ele voltaria a se tornar responsivo.

— Mas amanhã completa 2 dias inteiros que ele está assim! — comentou ela com Molly que havia vindo fazer uma visita durante sua folga. — Se ele se mexeu foi durante a noite, porque enquanto eu estava acordada não vi.

— Fica tranquila, — recomendou a mulher sorrindo. — Ele é assim mesmo.

Mas Audrey não se deu por vencida e estava com Rosie na mesa da cozinha montando um quebra-cabeça quando desistiu de esperar. Já havia visto Sherlock quieto daquele jeito uma vez, mas não tão exageradamente parecido com uma estátua. Estava com medo de ele em breve começar a criar raízes.

— Audrey, — chamou Rosie. — O papai falou pra gente não mexer com o padrinho.

Ignorando o apelo da menina, a mulher pegou a bengala e caminhou, sem apoiar a perna operada no chão com muita força, até a sala parando ao lado da poltrona do amigo. Ela se abaixou e o olhou de perto para checar sua respiração, ou se talvez ele estivesse dormindo. O homem estava tão quieto que parecia em estado de coma.

Com medo, Audrey engoliu em seco pensando se deveria ou não interromper o processo, pois não sabia se havia possibilidade do amigo ficar bravo. De qualquer forma, ela sabia que ele não descontaria a raiva nela. Rosie também havia abandonado o brinquedo e estava parada no portal entre a cozinha e a sala.

— Nunca leu nada sobre monges e meditação? — proferiu o tom barítono.

A pergunta súbita assustou a mulher e a criança.

— Você está meditando?

Sherlock deu um pequeno sorriso.

— Não, — ele abriu os olhos. — Mas as técnicas para ignorar o mundo em volta são semelhantes.

— Tava preocupada — admitiu Audrey enquanto Rosie chegava mais perto dos dois.

— Consegui perceber. — O homem respirou muito devagar quase como se precisasse de uma dose extra de oxigênio.

— Desculpa ter interrompido — pediu ela.

— Tudo bem, — ele esticou os braços e as pernas. — Consegui ver tudo o que eu precisava.

— Achei que a Molly ia conseguir te tirar daí ontem.

— Ela esteve aqui?

— Foi o dia de folga dela, e como você não tem aparecido no hospital, ela veio ver pessoalmente o que estava acontecendo.

Sherlock lamentou profundamente ter aceitado a ideia de ter um relacionamento romântico com a amiga.

Que tipo de namorado fazia aquilo? — pensou ele.

Não queria mudar seus hábitos, mas também não queria deixa a Molly triste. Ele abaixou a cabeça e cobriu o rosto com a mão. Audrey notou que algo não estava bem.

YOLO - Só se vive uma vezOnde histórias criam vida. Descubra agora