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𝐒/𝐍'𝐒 𝐏𝐎𝐕
pela vigésima quarta vez na noite eu olhava para a tela do meu celular, em busca do horário, e de alguma notificação do meu marido ou de algum companheiro de time seu.
resumidamente, eu sou casada há 2 anos com o Eduardo, ou melhor, Dudu, ponta-direita do Palmeiras. hoje, ele e os demais jogadores estavam em um churrasco na casa do Luan, que foi feito por conta de umas das apostas que os garotos fazem. Pedro e Cauê, os seus filhos, estavam passando o final de semana com a mãe, e eu estava sozinha em casa, esperando o bendito do Eduardo chegar.
já se passavam dás três da manhã, quase quatro, eu já havia ligado para ele milhares de vezes, e para alguns dos jogadores que eu sou mais próxima, mas ninguém atendia. o problema não era o Eduardo sair com os amigos, eu nem me importava, mas ele saiu de casa às onze da manhã, dizendo que chegava as oito, e são quase quatro horas da manhã! e pra piorar, o Veiga, o mais novo solteiro do clube, postou um vídeo no seus melhores amigos, e o desgraçado do meu marido estava no fundo, dançando forró, com uma morena gostosa, que era o dobro da sua altura!
tentava a minha última ligação para o Raphael, antes de pegar a chave do meu carro e ir até onde eles estavam para trazer o meu esposo amarrado, quando ele resolveu atender.
— ah, o bonito resolveu atender?
— oi s/a, o que que foi? — ele fala, com uma voz embriagada e um som ensurdecedor de fundo.
— o que que foi? o que que foi é que já são quatro horas da manhã e meu marido ainda não está em casa! você 'tá pensando o que Raphael? que só porque 'tá solteiro, vai puxar meu marido pra 'cachorrada? pode mandar o Eduardo vir embora agora, se não ele não entra mais nessa casa!
— não, o Dudu? 'xi, o Dudu já foi embora já, já deve 'tá chegando aí. — ele fala. — ou, fala pro Dudu ir embora agora, a mulher dele 'tá enlouquecendo. — o meio campista fala na intenção de que eu não escutasse.
— você é um cínico, safado, né? quando seu amigo chegar aqui, ele vai ver, e você Raphael, pode se preparar que depois a gente vai ter uma conversinha.
— a ligação 'tá falhando, alô? tchau s/a, beijos, te amo. — ele desliga.
coloco meu celular sobre a mesinha de centro da sala, e me sento no sofá, com meus braços cruzados, olhando fixamente para a tela da televisão que estava desligada. não demorou muito até que eu escutasse o carro estacionando na garagem da nossa casa, e o barulho da chave que estava há alguns segundos tentando ser encaixada na porta. "caralho", escutei meu marido resmungar, antes que conseguisse abrir.
