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nunca imaginei que estar no meio da mídia esportiva poderia gerar tanto transtorno em minha vida, até por quê eu sou apenas a mulher de um treinador, totalmente anônima, certo? errado!
esses últimos meses, eu e Abel temos passado por uma fase bem difícil no nosso relacionamento, que por algum milagre divino ainda estávamos juntos. alguns torcedores, rivais e jornalistas comentavam e criticavam bastante a nossa diferença de idade, de dezesseis anos. no começo não ligamos, sempre teria alguém para criticar, e para nós só seria mais um idiota que não está de bem com a vida, mas as coisas se descontrolaram.
o Palmeiras têm vindo de uma série de derrotas e empates, até mesmo depois dos reforços que a torcida pedia chegarem. a torcida caiu em cima do Abel, sempre endeusavam ele e o tratavam feito divindade, mas depois dessa péssima fase do time, as críticas e xingamentos foram constantes.
no último jogo, no Allianz Parque, o Palmeiras perdeu de 2 a 0 pro América-MG, sim, o coelho, que está desde a primeira rodada no Z4. claro que muitos torcedores não engoliram a derrota e se revoltaram, subindo # e xingando muito o meu marido nas redes sociais. entretanto, os esportivos eram obrigados a escutar e ler certo tipo de coisa, mesmo não querendo, era algo normal, mas o quê havia mexido comigo e com meu esposo, foi o fato de me envolverem nesse meio.
estavam chamando Abel de pedófilo, dizendo que ele tinha outro tipo de preocupação em casa, que no caso era eu, que era interesseira e só queria saber do dinheiro disso. conseguiram chegar no meu número de telefone, descobriram meu instagram e desde então só depositavam ódio.
— é sério, Abel, eu não aguento mais. — me jogo na cama, exausta.
— eu sei, meu amor, está difícil pra mim também. — ele diz cansado, com seu sotaque carregado.
— você não tem noção. chegaram no meu número, todos os comentários das minhas fotos são me xingando de 'puta, 'vadia, interesseira e não sei o quê. — esbravejo.
— meu amor, se acalma, eu já estou tomando conta disso. — ele diz numa calmaria, me deixando irritada.
— já faz duas semanas que você fala isso, Abel, duas semanas! e sabe o quê mudou? 'porra nenhuma, os comentários apenas aumentaram. — ele me olha. — sabe como isso vai acabar? com você deixando de ser incompetente e fazendo esse time voltar a vencer.
— eu sou treinador, não Deus, não faço milagres, mas tento fazer o meu melhor, agora não jogue toda a culpa em cima de mim. — se vitimiza.
— então a culpada sou eu? porque eu não tenho nada a ver com isso e estão descontando a raiva que têm de você em cima de mim. — me sento na cama.
