A vida é um jogo

Capítulo 29

Madelyn,era uma lutadora,a garotinha era linda e cheia de vida.Jillian continuava sobrevivendo com uma intensidade que atordoava até os médicos. Um dia após o parto os aparelhos que lhe davam suporte foram desligados, Patrick ficou ao lado dela a espera de um possível despertar.Quatro dias já tinham se passado desde que Madelyn nascera e Jillian continuava respirando. Um exame minucioso revelara que era inútil ter esperanças de recuperação,a atividade cerebral era nula,porém algo continuava a mantê-la viva e por mais que aquela situação demorasse,ele ficara ao lado dela,lutando muitas vezes para manter os olhos abertos. Vivia no hospital enquanto Caterina fazia a viagem de ida e volta para o hotel todos os dias,quando ela estava no hospital passava bastante tempo com a sobrinha na UTI neonatal. Quando Madelyn estava com quinze dias,os médicos acataram o pedido de Patrick.
Com a pequena no colo ele se aproximou da cama,a respiração presa em sua garganta.

" Sei que você não pode ver, também não sei se sente algo. Mas essa é nossa filha,Jillian e se quiser descansar,pode ir,prometo que vou cuidar dela do mesmo jeito que você faria,amarei por nós dois"

Colocou a bebê bem próxima a Jillian,Madelyn se agitou,a mãozinha delicada tocou o rosto de Jillian,Patrick sentiu uma lágrima cair de seus olhos.

"Ela é tão linda"

Pegou a pequena no colo,trazendo para perto de seu corpo,nunca havia sentido esse tipo de sentimento antes,amava a filha que parecia que toda sua existência girasse em torno dela,olhava para a pequena e via o amor da sua vida naquela criança,e sabendo que ele e Jillian criaram aquele milagre,fez seu coração transbordar de agradecimento.

Depois de Madelyn deixar a UTI com 17 dias,ele continuava assustado demais para deixar Jillian. Mas Caterina insistiu que ele tinha que deixar o hospital.

" Você tem que agir de forma sensata e ir descansar,sei que dorme aqui mas não descansa o suficiente. Precisa descansar de verdade.

" Não estou mais cansado do que você"

" Eu insisto. Vou ficar aqui e te ligar se precisar"

Patrick suspirou. Sua irmã de aparência frágil era teimosa,nunca imaginara que ela fosse capaz de se doar tanto e tivesse uma firmeza tão resistente quanto aço. Caterina era o alicerce dele e de Madelyn naqueles últimos dias.

" Patrick"
Caterina o chamou,interrompendo os pensamentos dele.
" Vai descansar,não vai ajudar a Jillian em nada ficando aqui. Apenas por uma noite,por favor"

Acariciou o rosto dele da mesma forma que ele fazia com ela quando era criança,Patrick virou o rosto na direção da palma quente da mão da irmã.

Ele saiu do hospital. Mas somente o tempo o suficiente para tomar um banho e vestir um terno preto. Sua alma padecia com a perda que sofrera. Jillian estava em paz.
Horas depois o agente funerário com quem se encontrara garantira que todas as exigências seriam cumpridas de forma que
ela fosse enterrada ao lado de sua mãe que falecera anos atrás.
Foi uma despedida sem a presença de muitos.
Levando consigo uma última memória do rosto dela,os cabelos,o perfume, Patrick se
endireitou e rumou para a saída do cemitério sem olhar para trás.
Ele se sentia sufocado no momento,mas sabia que algum dia aquilo iria passar. Havia pensado que seu destino algum dia estava reservado para Jillian,agora sabia que estivera errado. Agora ele conseguia reconhecer isso,nunca estivera mais errado em toda a sua vida. Estava doendo,mas era de Ellen que ele sentia falta e aquilo lhe fazia se sentir um canalha.
Enquanto caminhava,sentia a brisa suave tocar em seus cabelos,assim que cruzou a árvore com flores secas da entrada,seu celular começou a tocar. Ele queria ignorar a chamada. Encontrar um pub com um barman compreensivo antes de voltar ao hotel,mas o celular continuou tocando insistentemente até que ele se perguntasse sobre quem estaria lhe telefonando.
Após alcançar o celular de dentro de um dos bolsos da calça,ele fitou o visor e ao ver o número,soltou um longo suspiro e tocou a tela para atender a ligação.