Capítulo 31

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Ellen queria resistir,queria virar as costas e fugir,mas algo a impedia de ir embora. Talvez fosse a sinceridade no olhar e na
voz de Patrick, ou talvez fosse outra coisa.
Sentindo que ela estava começando a entrar em um estado de ressaca, ele desceu até a cozinha e pegou uma aspirina para ela,algo que ela não fazia muito tempo era ter uma ressaca e sua cabeça começava a latejar,um indício que iria doer muito.

- Toma,que você vai se sentir melhor. - ele disse entregando um copo para ela,a voz suave

Enquanto pegava o copo,o olhar de Ellen percorreu o rosto dele,notando a expressão de cansaço nos olhos,a fadiga lhe delineava as feições e as maçãs do rosto. Sua barba estava crescida,como se não tivesse tido tempo para se barbear,a aparência estava bem longe da elegância masculina de sempre.

- Como você está?

Ele perguntou,não era uma pergunta se o remédio fazia efeito,era uma indagação por todo o tempo em que estiveram afastados. Sua voz estava impregnada de saudade.
Mesmo assim Ellen ainda pensava que ele não tinha o direito de saber de nada,só queria caminhar. Caminhar até que estivessem de volta ao passado,lugar ao qual pertenciam os erros. Mas havia algo naquela súplica dele por uma resposta que a atingia em cheio.

- Estou bem. - ela respondeu,eram apenas duas palavras,mas por traz delas,no fundo,
havia um coração despedaçado.

- Porque não atendeu minhas ligações? - ele perguntou.

Pergunta errada,na hora errada.

- E eu deveria? Você acha que foi tudo simples,que era só ligar,eu ia atender e estava tudo bem? VOCÊ REALMENTE ACHA ISSO?

Por fim,Ellen admitiu a dor que
mantivera sufocada no último mês, permitindo que ganhasse vida e se
transformasse em palavras conforme se expandia em seu coração e mente com
uma precisão cortante. A voz tremia conforme dava vazão a própria
angústia.

- Pare! Não é isso. Fui um idiota em deixar você,mas eu precisava,sei que os danos são irreparáveis mas estou tentando,Ellen.

Quando Patrick a tocou em uma das mãos, Ellen se encolheu e se afastou para evitar o contato.

- Não me toque.  - pediu, não estava assim tão forte a ponto de suportar o toque
dele, aquele toque vinha junto da lembrança do prazer que ele lhe dava,e o desgosto de ter sido deixada de lado.

- Eu quero o seu perdão.Preciso da chance de reparar o mal que lhe fiz,de acertar as coisas entre nós de novo.

- Não podemos acertar o que nunca foi certo,há muita coisa entre nós nos
separando. Sempre haverá.

- Eu quero te contar tudo.

- Agora eu não quero mais saber de nada. Por duas vezes na minha vida eu fui tratada com desprezo pelos homens do qual eu amei,primeiro foi meu pai e depois você,não vou permitir ser magoada de novo. Você vai falar e eu sei que vai me machucar de novo,e eu quero evitar isso,me deixe sair com a minha sanidade intacta,Patrick,por favor.

Os olhos de Ellen se encheram de lágrimas, e ela piscou para tentar contê-las.

- Me desculpe,nunca quis te causar dor.

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