Capítulo 11

299 28 9
                                    

-Tudo bem, então eu canto!. -Dissera Anahi por fim ao pegar o microfone e o sorriso que sua filha dera fora contagiante. -Eu nunca cantei essa música em voz alta, nem ensaiamos ela.... então não se importem se não soar agradável. -Ela dissera com um frio na barriga. -Então com vocês: Amnésia.

Depois que os aplausos e assobios pararam de soar, Manuela pegou seu violão e começou os primeiros acordes, Anahi foi se familiarizando com o som até que respirou fundo, fechou os olhos por um tempo e imaginou que estava sozinha ao invés de estar na presença daquelas pessoas. Que estava desabafando ao invés de cantar.

"Meu coração se desfaz
Meu pulso desacelera
Carrego um fardo pesado
Lembranças que contaminam

Sua ausência é uma tormenta
Que destrói minha alegria
Sou uma lágrima seca
Sou um galho caído

E o mais triste de tudo
É aceitar que meus lábios imploram por seus beijos
O mais triste de tudo
É que você não volta, não volta, você vai e me esquece..."

Alfonso que prestava atenção na letra, a sentia profundamente, como se ironicamente tivesse sido escrita pensando justamente nele. Anahi tinha o dom de conversar com as pessoas enquanto cantava e Alfonso sentia que ela estava dizendo tudo o que queria dizer a ele, enquanto cantava.

Cada estrofe daquela música vinha como um soco no estômago dele mas ainda assim, ele não podia ser presunçoso o bastante para imaginar que aquela música era para ele, mesmo que sentisse até os ossos que fosse...

"Como se houvesse me amado
E meu nome houvesse apagado
Como se uma vez me houvesse escrito
E sua caneta me houvesse riscado
Como se seu corpo tivesse
Toda memória vazia
Como se atravessasse a porta
E acabasse com a vida

Quem te curou de mim
E te embriagou de anestesia?
Como se tivesse amnésia

Amnésia

Penso em você nas sombras da noite
Sonho contigo durante o dia
Se me levando do chão
Sua voz retumba e me derruba de novo

E o mais triste de tudo
É aceitar que meus lábios imploram por seus beijos
O mais triste de tudo
É que você não volta, não volta, você vai e me esquece..."

A música chegava em sua parte final, e diferente do que Anahi temeu, a melodia que Manuela havia composto, combinava perfeitamente com a música. Combinava com sua voz, e se tivesse sido diferente, ela nem notaria. Estava dando tudo de si na música, entregando tudo de si em sua performance. Por breves segundos falhos, a loira cometeu o erro de procurar Alfonso na multidão, o encontrou em um dos cantos, os olhos fixados nela com um semblante que carregava um misto de admiração e dor, talvez um pouco de confusão fizesse parte, mas Anahi preferiu ficar na dúvida e desviar o olhar, ou melhor, fechar os olhos e se entregar ao que a música dizia pois era no fundo, tudo o que ela gostaria de ter coragem para gritar para o mundo... para ele.

"Como se houvesse me amado
E meu nome houvesse apagado
Como se uma vez me houvesse escrito
E sua caneta me houvesse riscado
Como se seu corpo tivesse
Toda memória vazia
Como se atravessasse a porta
E acabasse com a vida

Quem te curou de mim
E te embriagou de anestesia?
Como se tivesse amnésia

Amnésia"

Anahi finalizou a música, a vontade de chorar era gritante em forma de nó em sua garganta, mas ela se manteve forte. Respirou fundo algumas vezes e quando abriu os olhos outra vez, os convidados, os funcionários e Manuela batiam palmas, todos visivelmente satisfeitos com a apresentação. 

-Obrigada, vocês são o melhor público que eu já tive. -Dissera Anahi visivelmente contente. -Obrigada mesmo, espero que eu não tenha desapontado. Agora deixo vocês com Manuela que parece também ter muito talento na música. -Anahi falava com orgulho da filha que sorria encantada.

Mais uma vez aplausos foram soados e Anahi deixou o palco enquanto a filha cantava e tocava uma música de outra cantora que gostava.

Anahi passou como um furacão entre os convidados para evitar que a parassem para dar os parabéns. Ela foi direto para dentro da casa, onde quase não tinha convidados, pois a festa estava localizada no enorme jardim. Ela passou pela sala e foi direto para a cozinha sem nem notar que fora seguida.

Alfonso quase bateu de frente com o garçom que saía do cômodo, se o rapaz não tivesse talento, teria derrubado a bandeja com as taças que carregava. Quando Alfonso entrou, encontrou Anahi sozinha, virando o restante da bebida de uma taça que estava em sua mão, a cor do líquido indicava que poderia ser champanhe.

-Vai acabar embebedando. -Dissera ele e ela se assustou com o som repentino de sua voz, e não era a primeira vez na noite. -Vi você bebendo tequila, isso parece champanhe, como um bom apreciador de bebidas alcoólicas, eu devo dizer que não é uma boa combinação.

-Esta tomando conta de mim?. -Perguntou ela zombando.

-Você é a pessoa mais interessante dessa festa. -Ele dera de ombros e colocara as mãos nos bolsos da sua calça social.

-Não vem com esse papo para cima de mim, eu sou imune aos seus encantos. -Ela dissera depositando a taça vazia no balcão e se recostando no mesmo logo em seguida.

-Não estou tentando te encantar. -Ele dissera. -Mas também não disse nenhuma mentira.

-De qualquer forma, isso não importa. -Ela respirou fundo sentindo um pouco das babidas que tomou ao longo da noite, começarem a fazer efeito.

-Não vai me dizer mesmo o que está te chateando?. -Ele perguntou e se aproximou, ficando encostado no balcão, bem ao lado dela. Ele gostava do perfume que exalava dela, e ela, bem, ela teria se afastado por segurança temendo suas próprias atitudes mas como eu disse: as bebidas estavam fazendo efeito.

-Não importa, você não resolveria meu problema.  -Ela dissera.

-Só teremos certeza se você me disser qual é o problema. -Dissera ele sem nem ao menos se reconhecer. Ele nem queria ter ido na festa para começo de conversa, e agora torcia para ter o poder ajudar Anahi, só para que o seu semblante melhorasse.

-Tudo bem. -Ela se convenceu. -Como você deve ter notado, Rodrigo não está presente. -Começou ela.

-Não me diga. -A voz dele era carregada de uma ironia divertida. -Eu bem que estava achando tudo bom demais, mas nem me liguei que era pela falta da presença dele.

-Cala a boca. -Pediu ela dando um leve empurrão nele com o ombro, ela rira divertida e ele estava feliz por ter sido ele a arrancar um riso dela. -Já era para ele ter chegado, já mandei milhares de mensagens, liguei, mas parece que a terra engoliu ele. Enfim, era para Manuela dançar com ele. Era para ela ter dançado na festa de quinze anos e ele se atrasou. Esse ano ele prometeu que viria e até agora? Nada!. Eu não sei como eu vou resolver isso, não quero que Manuela fique com cara de boba outra vez na frente de todo mundo, foi muito difícil da outra vez. -Ela fora falando.

-Eu já dancei valsa umas duas vezes com primas minhas. -Ele dissera e ela o encarou sem acreditar.

-Você? Valsando? Eu nunca poderia imaginar. -Dissera incrédula.

-Passamos muitos anos afastados, eu não sou o melhor dançarino do mundo, mas adquiri alguns talentos. -Ele dissera e ela riu. -Qual a graça?. -Ele se sentia ofendido mas ao mesmo tempo, gostava do som da risada dela.

-Desculpa, Poncho, mas é difícil de te imaginar com toda a delicadeza de uma valsa. -Ela rira mas ele se manteve sério, os olhos com um misterioso brilho. -O que foi?

-Me chamou de Poncho.

...

Por Nossos Filhos - AyAOnde histórias criam vida. Descubra agora