Capítulo 51

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-Quando chegar no inferno, diga se valeu a pena todo esse seu plano de merda! -Pediu Enrique por fim.

E então o mundo pareceu ficar em câmera lenta. Anahi podia sentir o coração batendo descompassado no peito quando ela ouviu o único disparo. Não foi alto, mas ainda assim,  a sensação de ouvi-lo fora um estranho desconforto no estômago.

Apesar de tudo parecer se mover em câmera lenta para Anahi naquele momento, Rodrigo agiu rápido. Assim que viu que o plano havia finalmente chegado em seu ponto mais alto, ele fez o que tinha que fazer.

Enrique derrubou a arma quando sentiu a queimação que é ter uma bala atravessando a sua mão, então quando ele virou o rosto e percebeu que sua própria filha era quem havia atirado nele, seu choque fora imenso. Ele nunca imaginou que Anahi pudesse realizar tal feito. Ele sempre a subestimou.

-Que porra.... -Ele balbuciou e gemeu de dor, ainda sem acreditar.

-Eu só não atirei na sua cabeça porque eu quero deixar Rodrigo ganhar essa aposta! -Ela dissera, com os olhos queimando em um misto de raiva, adrenalina e uma pitada de sabor da vitória. Anahi se sentia gigante! Ela ainda mirava em seu pai, enquanto Alfonso olhava a cena boqueiaberto.

Enrique avançou para pegar a arma que tinha deixado cair, mas ela não estava mais lá. Estava agora nas mãos de Rodrigo, que tinha um sorriso vitorioso nos lábios e apontava a arma para a cabeça do ex-sogro que, estava ajoelhado diante dele.

-Rodrigo, não faça nenhuma estupidez!. -Pediu Enrique odiando estar naquela posição, era extremamente humilhante para ele.

-Como foi mesmo que você disse? "Quando chegar no inferno, diga se valeu a pena todo esse seu plano de merda"? Bom, você vai chegar lá primeiro, então vá arrumando as coisas lá pra mim, está bem?. -Pediu Rodrigo, sem deixar de sorrir.

-Vocês todos são uns merdas e merecem a desgraça de vida que tem! Espero que os dias de vocês sejam os piores...

E a frase morreu nos lábios quando finalmente Rodrigo puxou o gatilho.

Enrique morreu como deveria, de joelhos e sendo mesquinho até a última batida do seu coração. Alfonso ainda estava chocado com tudo, Rodrigo parecia aliviado em não ser o corpo dele esticado naquele carpete, sangrando no chão, com um furo na mão e outro na cabeça! E Anahi, apesar de estar ali, vendo o corpo do próprio pai, não conseguia se sentir triste.

-Como você está?. -Ela ouviu a voz de Alfonso perguntar. Ele parecia preocupado.

-Eu seria uma pessoa ruim se dissesse que estou aliviada?. -Ela questionou. -Também estou feliz que esse carpete que ele está manchando não seja meu!

-Dá pra entender você perfeitamente. -Dissera Rodrigo se intrometendo. -Vou resolver como vou tirar esse corpo daqui. -Dissera Rodrigo guardando a arma, ajeitando sua gravata e saindo do quarto logo após. Deixando Anahi e Alfonso sozinhos.

-Pode me desamarrar?. -Pediu Alfonso, ansiando por ter o controle das mãos logo.

Anahi finalmente deixou de encarar o pai morto no chão, guardou sua arma de volta na cinta liga e fora desamarrar Alfonso.

-Desde quando você e Rodrigo tinham um plano?. -Ele questionou curioso, foi tudo tão rápido que ele ainda estava meio perdido.

-Desde quando ele me buscou no parapeito! Rodrigo sussurrou para mim que ia deixar as amarras frouxas, e e era para eu atirar na hora certa. -Ela contou desfazendo os nós na corda que prendia as mãos dele.

-Mas ele entregou a sua arma para o Enrique, eu vi! -Lembrou Alfonso se levantando quando fora liberto das cordas.

-Não. Ele derrubou o segurança novato lá fora e, subornou o outro. A arma que ele deu, para Enrique, não era a minha, era a do novato! -Ela explicou os detalhes.

-Foi um plano inteligente! -Admitiu Alfonso. -Acho que essa é a hora em que eu agradeço por terem salvado a minha vida...

-Não. -Interrompeu Anahi. -Essa é a hora que você se arrepende por mentir para mim de novo, porque agora sim, eu vou te matar! -Ela dissera tudo calmamente, mas no segundo seguinte uma de suas mãos estava no pescoço de Alfonso, apertando, enquanto ele cambaleava algumas vezes para trás, antes de chocar as costas contra a parede do quarto.

-Calma! -Ele tentou pedir, mas a voz saiu falha com tão pouco ar que ele tinha entrando nos pulmões.

-CALMA UM CARALHO! -Ela xingou levando a outra mão para o pescoço dele, ele nem tentava se desvencilhar. -Você é um idiota, Herrera! E você não sabe a vontade que está me dando de apertar seu pescoço até que você deixe de respirar. -Ela ia dizendo enquanto via os olhos dele escurecendo, mas não parecia somente medo ali, e na hora em que percebeu que ele estava balbuciando um meio sorriso, ela olhou para baixo, e pode ver o volume em sua calça crescer.

Fora então que ela se afastou boquiaberta.

-Foi mal. -Ele disse tossindo um pouco.

-Eu estava literalmente te estrangulando enquanto te ameaçava de morte e você ficou excitado?! -Ela perguntou espantada.

-Desculpa, mas você é muito gostosa!. -Ele se defendeu fazendo ela revirar os olhos, apesar do elogio. -Seu vestido rasgado ficou muito sexy! Você estava pendurada num parapeito para me salvar e estava de salto alto!. -Ele ia dizendo enquanto massageava o pescoço que ainda doía. -Eu vi você tirar uma arma da cinta liga e depois você atirou em alguém com ela! Olha, me desculpa, mas isso me deu muito tesão sim, eu não sou de ferro!

-Eu tô com tanta vontade de socar a sua cara!. -Ela dissera voltando a se aproximar. Os dois frente a frente, respirando o hálito um do outro quando Alfonso não resistiu mais e a puxou sem gentileza alguma, para um beijo.

Apesar de furiosa, ela não poderia negar aquele beijo, beijar Alfonso era uma coisa que ela nunca poderia se negar a fazer. Então ela aproveitou para descontar parte de sua raiva ali. Ela mordiscou o lábio interior dele na medida certa entre dor e prazer, e ouvir ele arfar na sua boca como resposta fora uma perdição. 

-Eu odeio você!. -Ela dissera entre os beijos. Agarrando e arranhando a nuca dele. Ela retribuía aquele beijo com fúria.

-Odeia nada. -Ele dissera fazendo ela o empurrar na parede de forma brusca, mas ainda assim, não afastaram os lábios.

Só o fizeram quando o ar lhes faltou e fora realmente necessário se afastarem.

-Se me matar, quem é que vai te beijar assim?. -Ele perguntou com um sorriso nos lábios que estavam levemente avermelhados, enquanto voltava a recuperar o folego.

-Se continuar com as piadinhas, eu volto a te enforcar e dessa vez, eu não paro até que o seu coração pare!. -Ela ameaçou, mas os dois sabiam que ela não teria coragem.

Rodrigo então voltou a abrir a porta e os dois o olharam em expectativa.

-Dei um jeito. -Ele dissera.

-Que jeito?. -Perguntou Anahi.

-Vamos armar um pequeno incêndio que logo vai se espalhar, e vai começar daqui de cima! Estou me certificando de que não vai ter ninguém por aqui, então ...vamos embora!. -Chamou Rodrigo.

-Sabe onde está meu filho?. -Questionou Alfonso.

-Em segurança, com Miguel e Manuela. Vamos logo. -Ele voltou a chamar e então os dois saíram do quarto junto a Rodrigo.

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Por Nossos Filhos - AyAOnde histórias criam vida. Descubra agora