Capítulo 08

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Faltava uma semana para o aniversário, Manuela estava cada vez mais eufórica com a chegada da data do que qualquer um.

Anahi estava apreensiva já que a menina admitiu que havia convidado o namorado e o pai dele, e Anahi não sabia o que esperar disso, mas tinha uma sensação ruim toda vez que pensava na possibilidade de ter Alfonso Herrera em sua casa outra vez. E sim, a festa seria em sua casa já que seria para amigos mais próximos da sua filha e poucos parentes da família -não incluindo o Enrique Puente já que ele e a filha não estavam na melhor fase da relação-. Mas Anahi ainda tinha um fio de esperança de que somente o filho apareceria, Alfonso talvez nem quisesse voltar a vê-los e ela se agarrava a essa pontinha de esperança.

-Erga mais os braços. -Pediu a costureira medindo com uma fita, o busto de Manuela. Era os últimos ajustes no vestido para o grande dia.

-O vestido ficará impecável, não é, Helena?. -Perguntou a menina com ansiedade.

-Do jeitinho que você pediu, cada detalhe. -Garantiu a costureira com um sorriso nos lábios. Anahi vez ou outra olhava para as duas, mas seu foco estava mesmo em uma revista de fofocas que folheava, sentada em uma poltrona.

-Tem certeza que não vai tirar mais medidas?. -Pergunta a menina para a mãe.

-Meu peso não mudou desde a última vez, eu me certifiquei de não engordar nem uma grama. Tenho feito meus exercícios. -Responde Anahi.

-Claro. -Diz Manuela. -Não reclame se o vestido não ficar como gostaria. 

-Eu não vou. -Garantiu Anahi.

Depois de ter passado na costureira, Anahi levou a filha para almoçar, foram ao shopping e fizeram mais algumas compras -a maioria, sem necessidade alguma-, só mesmo no fim da tarde fora que foram embora, e ao chegar no condomínio, notaram uma Lamborghini Urus na cor preta estacionada bem na entrada da casa, bloqueando a passagem para a garagem.

Anahi fora a primeira a descer de seu carro e ir até o dono do outro carro, pronta para xinga-lo por estacionar bem na entrada da sua garagem. Ela se aproximou e bateu no vidro, com Manuela vindo logo atrás dela, as duas tiveram o mesmo semblante de surpresa quando Rodrigo fora quem desceu do tal carro.

-Esse carro é seu?. -Perguntara Anahi enquanto Manuela dava uma volta pelo carro analisando maravilhada.

-Uau! Ele é lindo!. -Dissera a menina boquiaberta.

-Na verdade é de Manuela. -Esclareceu Rodrigo. E a cara que a menina fizera de contentamento e surpresa ao mesmo tempo fora impagável.

-Está brincando?. -Perguntou a menina tentando controlar suas emoções.

-Comprou um carro que vale mais de cinco milhões de pesos para ela?. -Anahi estava surpresa, é um carro caro e tanto.

-Se eu posso pagar, por que não poderia dar a ela? -Perguntou ele vendo a menina entrar no carro para ver por dentro.

-Sabe que não gosto quando a presenteia comprando coisas com o dinheiro que vem das coisas que você faz com Enrique -Diz Anahi cruzando os braços. Ela preferia não pronunciar as palavras "máfia" e "coisas ilegais".

-Se fôssemos seguir essa lógica, eu não daria nada a ela já que todo o meu dinheiro vem das coisas que eu faço com o seu pai!. -Respondera Rodrigo.

-Então seria bom fazer outra coisa para variar. -Pede Anahi.

-Está brincando?. -Anahi não gosta nem um pouco do tom da risada sem humor que Rodrigo solta. -E acha que eu deveria fazer o quê? Lavar pratos? Faça-me favor, Anahi. Nós sabemos que essa é a única coisa que eu sei fazer bem, e faço com maestria.

Anahi estava pronta para rebater, gostaria muito de tirar o sorriso vitorioso que Rodrigo lançou no fim de sua frase, mas fora interrompida por Manuela.

-Entrem, vamos dar uma volta!. -Pediu a menina com empolgação.

-Com prazer. -Dissera Rodrigo dando a volta e entrando no lado do banco do passageiro.

-Eu prefiro ficar, podem ir. -Dissera Anahi ainda digerindo que a filha acabara de ganhar um carro valiosíssimo com dinheiro "sujo".

-Tudo bem, volto antes do jantar. -Dissera a menina antes de arrancar com o carro, fazendo os cabelos de Anahi flutuar com a força do vento que causou.

-Com licença, Anahi. -Peter apareceu a tirando de seu transe.

-Sim?

-Precisa que eu suba com as compras?. -Perguntou o mordomo imaginando que no carro teria inúmeras sacolas como em muitas das vezes que Anahi saía.

-Na verdade eu preciso do meu banho de espumas, Peter. Por favor, prepare para mim. -Ela pediu. -Deixe que outra pessoa tire as compras do carro.

-Como preferir.

Os banhos na banheira era como um vício para Anahi, a água morna abraçando seu corpo nu, as narinas sendo invadidas pelo suave aroma de velas aromáticas misturado aos doces aromas dos fracos de líquidos que ela jogava na água para fazer espuma. Era como uma droga relaxante. Ali, ela era capaz de esquecer a maioria dos seus problemas e quando relaxava demais, acabava dormindo, como já aconteceu muitas vezes...

-Eu preciso que fique e lute por mim. -Ela pedia em meio a lágrimas.

-Eu não posso fazer isso, não com o sobrenome que você carrega, não com o pai que você tem. Não fomos destinados a ficar juntos, Annie, e eu sinto isso tanto quanto você. -Respondeu Alfonso.

-Eu pensei que me amava! Todas aquelas vezes que me jurou isso, eu acreditei. É o maior mentiroso que conheço, Alfonso, e eu nunca vou me esquecer disso!. -Seu choro era incontrolável, ela já soluçava em meio ao desespero.

Alfonso passou um tempo em silêncio, a encarando, tentando tomar coragem para dizer o "Adeus" mas quando abriu a boca, as palavras que saíram tinham a sonora diferente.

-Quando as coisas acalmarem, eu volto para te buscar. Assim que der, eu prometo que farei isso. -Prometeu ele sem controle algum de suas palavras, a verdade era que seu coração havia tomado as rédeas. -Eu sinto muito.

"Eu sinto muito" foram as suas últimas palavras direcionadas a ela antes dele partir e deixa-la para trás, abandonada, sozinha...

-Mamãe!. -Anahi ouviu bem baixo, distante.  -Mamãe!. -Ela ouvira de novo.

Lutando para se manter no sonho muito familiar ao passado, Anahi tentara não dar ouvidos a voz que a chamava para a realidade. Tanto a Anahi do passado quanto a do presente não tinham o Alfonso, mas a diferença entre as duas, era que a que tinha sido "chutada" parecia mais próxima a ele de alguma forma. A do presente parecia a milhares de quilômetros de distância, mesmo que fisicamente estivesse perto.

-Mamãe!. -Desta vez o chamado veio acompanhado de batidas na porta e Anahi não conseguiu não despertar. Ela precisou de um tempo até entender que estava na banheira e tinha acabado de sonhar com o seu passado.

-Oi?. -Respondeu Anahi se dando conta de que era Manuela quem lhe chamava do lado de fora do banheiro.

A água da banheira já estava fria e a cera das velas tinham derretido pelo menos até a metade, ela já estava lá dentro tinha um bom tempo.

-Peter pôs a mesa do jantar, pediu para eu chamar. -Avisou a menina. -Esta tudo bem?

-Esta sim. Pode ir, eu já desço. -Avisou Anahi saindo da banheira e se enrolando em um roupão. Ela ouviu os passos se afastarem, então deduziu que a menina tinha ido e ela estava sozinha outra vez, com seus pensamentos confusos.

Tinha muito tempo que Anahi não tinha sonhos com Alfonso, havia muitos anos que não o via pessoalmente também, e ter a lembrança de uma das últimas conversas, só a fez lembrar de que ela tinha confiado e esperado ele por um longo tempo, afinal, ele havia prometido que voltaria para busca-la.

Só que ele...
"É o maior mentiroso que conheço."

Ele não voltou...

Ela esperou e ele nem sequer  olhou para trás quando partiu...

...

Por Nossos Filhos - AyAOnde histórias criam vida. Descubra agora