Capítulo 136

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Já estamos no quarto onde preparamos tudo para acontecer o parto. A luz está ambiente, nem tão escuro, nem tão claro.

Estou sentada dentro da banheira com água morna e a água cobre até abaixo dos meus seios. Eu uso apenas a parte de cima de um biquíni e Alfonso fala ao telefone com Angelique. Os gatos também estão presentes no quarto, sentados no tapete, eles me observam de longe, parecem calmos e isso até me traz um certo conforto.

- Ela está dobrando a esquina. - Me conta Alfonso empolgado depois de encerrar a chamada.

- Ótimo, porque a próxima contração está vindo. - Digo e só tenho tempo de terminar a frase antes de começar outra contração.

Eu resmungo de dor e agarro o pé da minha barriga onde a concentração da dor é maior. É verdade que a água morna da banheira diminui a intensidade das dores, mas não anulam.
 
- As contrações estão vindo em intervalos menores. - Ele observa. - Nossos bebês estão chegando. – Ele dá pulos empolgado e eu acabo rindo quando a dor passa. Ouvimos barulho de buzina e ele vai correndo atender a porta.

Demora pouco tempo até Alfonso voltar com Angelique e eu nunca estive tão feliz e aliviada em vê-la. Tê-la presente nesse momento é cruciail para eu tentar manter a calma e a confiança de que tudo correrá bem.

- Você é maluca, sabia? - Ela diz mas não parece nem um pouco surpresa.

- Sabia. - Respondo irônica. - E aí, pronta para trazer meus gêmeos ao mundo? - Eu sorrio ansiosa.

- Me diz você. Pronta?

- Pronta! – Digo confiante e Alfonso sorri.

- Ok. Mas antes de começar... Por que tem dois gatos no quarto? – Questiona Angelique e os gatos a observam enquanto ela olha para eles.

- Longa história... mas resumindo, são nossos amuletos.... Talvez só dos gêmeos.  - Simplifico a história e ela faz careta.

- Ok. Toda ajuda é bem vinda, eu nem vou discutir. Mas para a segurança dos bebês e da sua, é melhor que não ultrapassam do tapete até o parto terminar. - Ela diz por fim antes de rumar com uma bolsa para o banheiro.

Olho para meu marido e ele sorri. Eu sorrio de volta, mas com um pouco de medo. As próximas horas vão ser cruciais e tudo depende do meu desempenho. Não sei se vai dar tudo certo e não sei se serei forte o bastante. Sei que preciso ter ao menos um pouco de confiança, mas é inevitável que eu me questione e questione minha capacidade quando duas vidas estão dependendo de mim.

- Eu não sei com toda certeza do mundo o que está passando na sua cabeça agora, mas pela sua carinha eu faço uma ideia. - Alfonso se aproxima de mim e segura a minha mão. - É a pessoa mais forte que conheço e eu não poderia ter escolhido uma mãe melhor para os meus filhos. Você vai conseguir, amor. Sei que está com medo agora, mas eu estou aqui com você e não vou sair do seu lado, vou estar segurando sua mão e vou permanecer assim até o final. - Ele diz e tem o poder de me acalmar. Alfonso é assim. É o único que pode me acalmar em momentos difíceis e sabe bem como fazer sempre.

- Está bem. Eu vou conseguir. - Respiro fundo e esboço um sorriso. - Te amo.

- Te amo. - Ele me dá um selinho. - Vou me higienizar e quando eu voltar, prometo que não vou sair do seu lado.

- Está bem. - Digo antes dele sair do quarto.

Eu ainda estou sozinha quando a próxima contração começa e ela vem mais forte que todas as outras. Eu agarro a borda da banheira enquanto eu grito de dor e isso faz os gatos se alertarem, mas ainda assim, eles não ultrapassam, continuam me observando de longe.

Por Nossos Filhos - AyAOnde histórias criam vida. Descubra agora