Por Nossos Filhos - AyA

Capítulo 37

Anahi sentiu um pouco de vergonha quando Rodrigo abriu a porta e os viu naquela situação, mas se tinha alguém que os pegaria daquele jeito, Rodrigo era a melhor opção dentre as que tinha.

-Acho melhor a gente voltar para o jantar. -Dissera Rodrigo calmamente e isso fez Alfonso ficar confuso por um tempo, ele imaginou que o rapaz surtaria. Mas ao ver que não, ele entendeu rápido que só poderia ter um motivo: Rodrigo provavelmente sabia mais do que Alfonso imaginava sobre Anahi e ele.

Alfonso olhou para Anahi mais uma vez antes de se virar e sair do quarto.

-Foi uma despedida. -Ela explicou. -Não me julgue. -Pediu ao ex marido. -Já está sendo trágico o bastante.

-Eu não vou. -Ele suspirou, fechou a porta atrás de si e tirou um lenço do bolso para entregar a ela logo em seguida.

-Onrigada. -Ela dissera depois de pegar o lenço.

Anahi o usou para limpar o rosto e depois disso, o lenço não pode ser mais utilizado, então seu destino fora o lixo. Depois de retocar a maquiagem, Anahi estava outra vez do mesmo jeitinho que tinha chegado, ninguém poderia desconfiar do que aconteceu naquele quarto à pouco tempo e era melhor assim.

Rodrigo a acompanhou de volta para o jantar, e no caminho, não trocou nenhuma palavra sobre o que presenciou.

Alfonso estava de pé, em um canto da sala de jantar, com um copo cheio de um líquido que pela coloração, parecia whisky. Seu rosto também não tinha mais nenhum resquício de batom, mas se Anahi se esforçasse um pouco, poderia sentir os lábios dele ainda nos seus, lhe borrando a maquiagem.

-Está tudo bem, mamãe?. -Quis saber Manuela, a menina estava preocupada.

-Sua mãe teve um mal estar. Acho melhor a gente ir. -Respondeu Rodrigo. 

-Não querem nem ao menos saber a resposta que dei a Daniel?. -Ela perguntou.

Anahi olhou para Alfonso que virou na boca de uma vez só, a dose que tinha em sua mão, e só por isso, ela pôde imaginar a resposta.

-O que você disse?. -Perguntou Rodrigo.

-Ela aceitou. -Contou Daniel e Rodrigo soltou o ar pela boca.

-Vamos para casa!. -Pediu ele, autoritário.

-Mas nem serviram a sobremesa ainda. -A menina dissera, se sentindo contrariada.

-Por favor, filha, vamos embora!. -Rodrigo pediu novamente, com mais paciência.

-Eu acabei de aceitar um pedido de casamento, e vocês nem me deram os parabéns!. -Disse a menina, pronta para iniciar uma confusão.

-A gente pode conversar sobre isso depois.. -Sugeriu Anahi sabendo perfeitamente que já iam brigar e não queria que fosse na frente dos donos da casa.

-Eu não quero conversar depois, isso está acontecendo agora!. -Disse a menina. -Estão estranhos comigo faz dias, mas desde ontem ficaram ainda piores.

-Não vamos conversar sobre isso na frente de estranhos!. -Alertou Rodrigo.

-Não são estranhos, é o meu noivo e o pai dele!. -A menina esbravejou.

-Manuela, vamos embora!. -Anahi pediu firme.

-Uma única vez na vida, será que vocês poderiam pôr meus interesses na frente dos seus?!. -A menina pediu. -Estou cansada de me sentir deixada de lado, estou cansada de sempre parecer um peso para vocês....

-Não pode estar falando sério!. -Fora a vez de Rodrigo esbravejar, mal acreditada no que acabara de ouvir.

-Rodrigo... -Chamou Anahi, segurando em seu braço.

-Não, ela precisa ouvir umas verdades!. -Ele ameaçou.

-Quais verdades?. -Quis saber a menina.

-Gente, por favor!. -Pediu Anahi, em vão.

-Não pesa em nada em sua consequência que você está sendo uma menina mimada?. -Perguntou Rodrigo.

-Rodrigo... -Chamou Anahi mais uma vez com a respiração começando a ficar acelerada.

-Você não tem o direito de dizer que sua mãe e eu não fazemos suas vontades, quando na verdade, a gente se desdobra para fazer exatamente tudo o que você quer! E no minuto que alguma coisa não sai como você espera, você acha que tem o direito de dar chilique?. -Rodrigo estava irritado.

-Parem, por favor!. -Pediu Anahi com a voz falha.

-Como eu disse, eu sou um peso!. -Acusou Manuela soltando o ar pela boca.

-Não, você não é, mas está se comportando como se fosse! Sua mãe e eu saímos de casa e viemos até aqui para jantar com pessoas que a gente detesta! Quando você entrou nesse relacionamento, estava ciente de tudo o que viria junto a ele, e mesmo assim, você se achou adulta o bastante para assumir os riscos. Se quer se casar com ele, eu não vou mais me opôr, você sabe bem a minha opinião sobre isso e eu já estou cansado de falar. Agora, não espere também que eu aplauda ou ache bonitinho você estar vivendo uma aventura do tipo "o mundo contra nós" porque eu não acho!

A menina ficou calada durante todo o discurso do pai, mas não puderam esperar o mesmo de Daniel, que ao ver a cena, não se conteve e se sentiu na obrigação de defender a agora, noiva.

-Desculpa, mas eu vou ter que intervir. -Dissera o menino. -Nós não temos culpa alguma do passado de vocês, nós não começamos a guerra entre as famílias então não deveríamos carregar essa culpa!

-E o que você sabe sobre isso? São apenas dois garotos brincando de afrontar os pais! Eu duvido que se fôssemos de famílias padrão, vocês teriam alguma coisa, são completamente diferente um do outro e a única coisa que um atrai no outro é essa sensação de perigo, de adrenalina que trazem.

-Rodrigo, eu não estou me sentindo bem..-Interrompeu Anahi e antes que alguém pudesse entender, ela fora perdendo os sentidos lentamente até apagar por completo. A sua sorte foi que Rodrigo estava bem ao seu lado, então ele pôde evitar que ela caísse no chão, a pegando no colo.

-Mamãe!. -Dissera Manuela preocupada, o pranto logo começando a lhe molhar o rosto.

-Annie!. -Dissera Poncho que involuntariamente largou o copo no chão e fora imediatamente na direção de Rodrigo, que segurava Anahi no colo.

Por breves segundos, os olhares se voltaram para Alfonso, ninguém ali naquela sala tinha ouvido alguma vez ele a chamar pelo apelido e, pela maneira como ele correu na direção dela, Manuela e Daniel ficaram confusos ao perceber que talvez, ele se importasse mais com a loira do que eles poderiam imaginar.

"O que eu não  percebi ainda?" Se perguntavam.

Mas a principal preocupação naquele momento era Anahi.

-Põe ela aqui. -Pediu Alfonso afastando as coisas de cima da mesa com pressa, ele estava visivelmente preocupado e tudo deixava os outros ainda mais confusos, exceto por Rodrigo que sabia mais que os meninos.

Rodrigo posicionou Anahi sobre a mesa, mas ela estava muito pálida, deram leves batidas em seu rosto, mas nada dela recuperar os sentidos.

-Tem um hospital aqui perto. -Lembrou Alfonso. -Posso levar ela..

-Eu levo!. -Rodrigo o cortou depois de olhar para a filha e ver que ela encarava Alfonso de forma estranha e desconfiada.

Alfonso nem se dava conta, tudo o que importava para ele, naquele momento, era o bem estar de Anahi. Não importava tudo o que ele poderia pôr a perder com a maneira como ele lidava diante daquela situação. Ele nem se dava conta de suas atitudes.

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