Capítulo 44

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Oi, filho. Há quanto tempo está aí?. -Perguntou Alfonso preocupado com o tanto que o garoto poderia ter ouvido.

-Tempo suficiente para ouvir sua última frase. Como assim você ficaria com a Annie outra vez? Vocês já tiveram um caso?. -Perguntou o menino confuso enquanto fechava a porta atrás de si.

Manuela e Alfonso trocaram olhares sem saber o que dizer, nenhum dos dois havia planejado aquilo daquela forma.

-E então? Vão ficar mudos?. -O menino voltou a questionar enquanto olhava para a namorada e para o pai.

-Conversa com ele primeiro, eu converso depois. -Sugeriu Manuela olhando para o então sogro -Quando terminarem, eu te espero no seu quarto, Dani! -Avisou a menina antes de subir as escadas, deixando pai e filho sozinhos.

-Você e a Annie?. -O menino perguntou olhando para o pai com o semblante confuso.

Alfonso suspirou pesadamente antes de pegar uma de suas garrafas de whisky no pequeno bar ali da sua enorme sala, e despejar um pouco do líquido em um copo, para logo em seguida tomar a dose em uma única golada.

-Não queria que tivesse descoberto assim... -Dissera Alfonso antes de servir outra dose para beber outra vez.

-Vai me explicar ou só ficar bebendo?. -Perguntou o menino. O pai então levanto o indicador fazendo menção para o menino esperar enquanto ele bebia a segunda dose.

-Vou precisar de um pouco de álcool para finalmente te contar sobre isso. -Ele avisou sentindo sua garganta queimar.

Alfonso suspirou mais uma vez e então começou.

-A mãe da sua namorada e eu, fomos namorados no passado, na nossa adolescência. -Ele dissera.

-Eu pensei que se odiavam desde sempre!. -Contou o menino incrédulo.

-Nunca nos odiamos, nós fingimos o tempo todo! Até porque as coisas são menos piores quando não estamos juntos!. -Dissera Alfonso enquanto o menino o olhava boquiaberto. -Sei que parece estranho, mas tudo o que está vivendo com a Manuela, a mãe dela e eu vivemos igual!

-Não consigo acreditar. -Contou o menino se sentando no sofá, o mundo parecia ter deixado de fazer sentido para ele de uma hora para a outra.

-Eu sei que é tudo muito confuso! -Alfonso dissera, entendendo perfeitamente o lado do filho. -Vou te contar tudo desde o início, quer me acompanhar até meu escritório? Não quero que mais ninguém ouça. -Dissera ele se sentindo desconfortável com aquela história, era o que acontecia toda vez que ele tinha que relembrar do passado com Anahi e com toda a sua família.

-Claro. -Concordou o menino se levantando e indo com o pai para o escritório, seria una conversa longa, porém, esclarecedora.

Manuela ficou deitada na cama do até então namorado, por um longo tempo. Foram incontáveis os minutos em que ela ficou fitando o teto enquanto esperava para dar um fora no noivo.

Ela achou que estava pronta para fazer o que tinha ido até ali fazer, mas quando ele passou pela porta do quarto e a olhou com uma cara de choque, ela percebeu que talvez ainda não tivesse pronta. Aquela noite seria difícil para o menino que acaba de descobrir segredos sobre o seu pai e sua sogra viverem juntos um romance, enquanto ele jurava se fosse preciso que, ambos se odiavam. Para piorar a noite, ele esta prestes a ser "chutado".

-Desde quando você sabia?. -Ele perguntou se sentando na cama, enquanto ela também se ajeitava para ficar sentada, ao lado dele.

-Mamãe me contou no dia que estivemos aqui para o jantar. -Contou a menina.

-Por isso o meu pai a chamou pelo apelido naquela noite. -Ele lembrou, enquanto se perguntava como não tinha percebido os sinais. -Por isso está estranha comigo desde então?

-É sobre isso que eu queria falar. -Informou ela. -Dani, eu percebi que estamos prestes a cometer uma loucura!

-Por que diz isso?. -Questionou o menino.

-Não devemos nos casar, na verdade, não deveríamos ter ido em frente com esse relacionamento!. -Ela completou.

-Até antes de ficarmos sabendo sobre os nossos pais, estava tudo bem! -Ele lembrou.

-Isso porque só tinha graça quando nós pensávamos que estávamos "irritando" eles. -Ela fez aspas com as mãos. -Eu percebi que estávamos nos equivocando, brincando de "nós contra o mundo".

-Não gosta de mim?. -O menino fora direto.

-Gosto. Esse é problema, a gente só deve se casar com quem amamos. -Ela explicou.

-Mas eu amo você!. -Ele dissera.

-Ama mesmo? Ou queria apenas dar um jeito de chamar a atenção do seu pai?. -Ela questionou. -Esse tempo todo você estava me usando e eu usando você. Você queria a atenção que não recebia do seu pai, e eu queria dar um jeito de chamar tanta atenção dos meus, que com isso, eles se enchessem de mim e me deixassem em paz um pouco.

Daniel desviou o olhar do dela e fitou o carpete do seu quarto enquanto pensava na análise dela e de fato, fazia sentido.

-Eu sei que faz sentido para você também, a minha cabeça quase explodiu quando eu me dei conta, mas a boa notícia, é que percebemos antes de ser tarde. -Disse a menina.

Daniel soltou o ar pelo nariz.

-Que bom que não marcamos uma data, dizem que essas coisas são horríveis para cancelar. -Contou ele fazendo ela sorrir fraco.

-É uma pessoa incrível, Daniel. Amei cada segundo que passamos juntos porque fez eu me sentir bem, mas eu não amo você. -Ela dissera.

-Certo. -Ele suspirou. -Esse casamento não era mesmo uma boa idéia porque eu percebi agora que eu me sinto aliviado por ele não acontecer. -Contou.

-É um sinal de que você também não me ama. Pode gostar de mim, da minha companhia mas.... eu sei que não me quer como sua esposa. -Ela dissera.

-Acho que não quero ninguém como esposa tão cedo. -Ele concordou e ela riu.

-Amigos então?. -Ela perguntou esperançosa, apesar de esse ser o fim do jovem casal, ela ainda gostaria de ter a amizade dele.

-Amigos. -Ele ofereceu um sorriso a ela antes de puxá-la para um abraço. -Obrigado por ter salvado a gente de um casamento ruim. -Dissera ele e depois a ouviu rir.

-Não há de quê! -Ela dissera. -Você é uma pessoa incrível! Sinto muito que a sua relação com o seu pai não seja das melhores, mas eu vou torcer para que ele perceba logo o quanto você vale.

-Obrigada. Vou torcer para os seus pais te deixarem em paz. -Ele disse a fazendo rir novamente.

O abraço fora desfeito, e então ambos suspiraram.

-Eu pensei em devolver a aliança, mas posso ficar com ela de recordação? Quero me lembrar do melhor amigo que tive. -Ela pediu.

-Teve? Ainda tem! -Ele corrigiu. -Vou continuar sendo seu melhor amigo. -Ele prometeu a fazendo sorrir.

-Obrigada por tudo!. -Ela agradeceu mais uma vez.

-Eu que agradeço! -Fora a vez dele sorrir.

-Tenho que ir, minha mãe deve estar louca me esperando em casa. -Ela dissera.

-Tudo bem, te acompanho até a porta. -Ele dissera e os dois seguiram para o andar de baixo.

A sala estava vazia, quando a conversa entre Daniel e Alfonso terminou, o menino deixou o pai bebendo mais doses de whisky em seu escritório, o menino sabia que ele precisava daquele momento sozinho e não iria atrapalhar, já que ele percebeu o quanto era difícil para o pai mexer no passado.

Após ver Manuela entrar em seu carro o menino acenou.

-Te vejo na formatura!. -Dissera ele.

-Se cuida! Te vejo na formatura. -Ela dissera antes de acenar e dar a partida no carro, deixando um Daniel que teria muito o que pensar antes de se deixar vencer pelo cansaço e dormir.

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Por Nossos Filhos - AyAOnde histórias criam vida. Descubra agora