Capítulo 128

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Alfonso se remexeu na cama e virou para o lado oposto em que estava deitado, lado onde Anahi costuma ficar. Como de costume também, ele tateia uma das mãos na cama, procurando pela noiva, mas não a encontra. Ele então abre os olhos e se lembra da discussão mais cedo. Sua cabeça dói por todas as bebidas que misturou na noite anterior, mas o que mais te incomoda é que não há sinal de Anahi no quarto. A porta do banheiro também está aberta e isso é mais um indicativo de que ele está sozinho ali.

Ele suspira e se senta na cama, pegando o celular sobre a mesinha de canto afim de ligar para saber onde a loira está, mas nem fora preciso, já que havia mensagens dela.

"Alfonso, precisamos conversar sério. Me encontre na beira da praia, ao lado daquele quiosque de ontem."

Alfonso não pôde conter o frio na espinha ao ler aquela mensagem, ela parecia irritada e ele reconhecia que ela tinha um pouco de razão. Ele também não pôde deixar de pensar que a ideia da separação talvez tivesse passado pela cabeça dela e isso o fez literalmente tremer, mesmo que também tivesse consciência de que não estava cem por cento errado na sua atitude de ontem.

Mas ele não podia adiar ainda mais aquela conversa, haviam pontos importantes a serem tratados com ela. Então ele se levantou, escovou os dentes e trocou de roupas, não teria tempo e nem fome para um café da manhã, então apenas saiu às pressas do quarto.

Ele releu a mensagem e percebeu que tinha sido enviada há mais de uma hora, então passou a apressar ainda mais seu passo e encontrou o restante da família no hall do hotel.

-Boa tarde! Olha quem acordou. -Zombou Daniel.

-Viram a Anahi? -Perguntou Alfonso, afoito.

-Primeiramente, boa tarde. -Repreendeu Rodrigo.

-Não começa. Viram ou não a Anahi? -Ele voltou a perguntar, cheio de impaciência em seu tom de voz.

-Ela saiu tem um bom tempo... Tipo umas duas horas. -Respondeu Manuela.

-Obrigado. -Fora tudo o que ele dissera antes de deixá-los ali e sair com ainda mais pressa para fora do hotel.

Alfonso tinha a visão meio turva, seu coração batia descompassado no peito, ele sabia que Anahi detestava esperar, não tinha paciência alguma pelo feito e isso a deixava irritada. Tudo o que ele menos queria agora era deixá-la irritada.

Enfim, ele chegou ao quiosque, mas não tinha nem sinal de Anahi ali também.

-Com licença. -Ele chamou a atenção do rapaz que trabalha ali e quando a conseguiu, continuou. -Não viu por acaso, uma mulher loira por aqui? Olhos azuis, um pouco mais baixa que eu... -Ele tentou, mesmo sabendo que sua descrição era vaga e o rapaz pudesse ter visto dezenas de loiras com olhos azuis por ali.

-Ela está grávida? -Perguntou o rapaz.

-Sim, ela está. -Respondeu Alfonso com esperanças.

-Ela esteve aqui por um bom tempo, saiu acompanhada. -Contou o rapaz vendo o brilho nos olhos de Alfonso se transformando em um tom mais sombrio.

-Acompanhada? De quem? -Ele ergueu as sobrancelhas, curioso.

-Um homem boa pinta, cabelos castanhos, um pouco grisalhos e olhos azuis também. -Descreveu o rapaz e Alfonso sentiu toda a sua raiva de mais cedo voltar, visto que o rapaz do quiosque havia descrito o mesmo homem com quem encontrou a noiva bebendo no bar do hotel.

-Está falando sério? -Ele perguntou, torcendo para que a resposta fosse uma negativa.

-Estou... Mas olha, ouvi um pouco da conversa e ele a convidou para um passeio de lancha, alugam lanchas aqui perto. -Informou o rapaz.

-Mesmo? Onde exatamente? -Perguntou Alfonso curioso.

-É aqui perto, uns quinze minutos andando para aquele lado. -Ele apontou. -É só seguir a orla da praia, não tem erro.

-Certo. Agradeço muito, muitíssimo obrigado. -Agradeceu Alfonso seguindo na direção indicada, já podia sentir um resquício de raiva começar a percorrer suas veias, mas o sentimento predominante ainda era o ciúme.

Enquanto caminhava, Alfonso tinha o
pensamento longe, sua imaginação vagava e era bastante traiçoeira quanto a lhe machucar com cenários que talvez nem estivesse acontecendo. Em um deles, sua imaginação criava o cenário de Anahi rindo e se divertindo com o tal sujeito, entregando a ele suas melhores risadas e isso lhe causava raiva, principalmente por saber que seu nível de ciúme é elevado e talvez estivesse exagerando, ainda assim, o sentimento estava lá e não tinha o que fazer.

Alfonso não conseguia não sentir ciúme de Anahi, ela é uma das pessoas mais importantes da vida dele, a mulher que amou por tanto tempo e que ainda continua amando. Passaram tanto tempo longe um do outro por intromissão de terceiros, que a qualquer nova ameaça, lhe corroía até os ossos, era praticamente impossível não sentir ciúme nessa situação.

Alfonso já podia ver alguns metros à sua frente, algumas lanchas. O moreno sentia um pouco de falta de ar, mas não sabia ao certo se por conta da caminhada sob o sol escaldante da Bahia ou pelas imaginações criadas por seu cérebro afim de sabotá-lo.

-Com licença. -Pediu Alfonso, chamando a atenção de um dos responsáveis ali.

-Oi, pode falar. -Dissera o rapaz solícito.

-Passou uma loira, grávida e de olhos azuis por aqui? -Quis saber o moreno, o coração disparado no peito.

-Acompanhada de um rapaz de cabelos pouco grisalhos e olhos também azuis? Passou. -Contou o rapaz para o desespero de Alfonso. -Pegaram uma lancha há uns vinte minutos.

-Quanto custa? -Perguntou Alfonso afoito, tirando a carteira do bolso.

-Ela é sua namorada? -Perguntou o homem curioso quando notou a aliança no dedo anelar do rapaz.

-Noiva. -Corrigiu Alfonso.

-Nossa, que barra! Pode pegar, se me trouxer ela inteira eu não cobrarei. Você deve estar tendo um dia difícil. -Deduziu o homem e Alfonso podia até notar a compaixão em seus olhos.

-É, eu estou. -Alfonso guardou a carteira outra vez.

-Aquela já está pronta para sair, pega ela. -Dissera o homem apontando para uma das embarcações.

Alfonso não esperou um segundo convite, entrou logo na lancha indicada. Mas nela estranhamente, havia resquícios do perfume de Anahi e isso o deixou um pouco desnorteado.

-Oi.

Ele se virou de forma brusca para atrás de si e se deparou com Anahi saindo do interior da lancha que era bem espaçoso. Ela usava a parte de cima de um biquini azul, a parte de baixo também era da mesma cor e ele pôde notar isso pela saída de praia branca e quase transparente amarrada na cintura da loira. Sua barriga arredondada estava toda descoberta e isso fizera o coração dele dar saltos. Ela também tinha os cabelos soltos e eles flutuavam com o vento. A loira estava maravilhosamente linda e Alfonso reconhecia isso.

-Precisamos conversar, Alfonso.

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Por Nossos Filhos - AyAOnde histórias criam vida. Descubra agora